A quem interessaria enfraquecer ou silenciar a voz dos que se somam ao movimento “Somos Todos Beatriz?”

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A Via Crucis de Sandro e Lucinha Mota tem sido dolorosa demais. Um caminho de espinhos, armadilhas, perseguições, provações e artimanhas de forças ocultas e visíveis que atuam sem piedade. Os pais da menina Beatriz Angélica Mota, cruelmente assassinada dentro do colégio das freiras de Petrolina(PE), no dia dez de dezembro de 2015, durante uma festa para quase 3.000 pessoas sem segurança especializada, sem câmaras de segurança suficientes no circuito, sem senhas de acesso à festa, sem testemunhas, sem vestígio algum, sofrem com a impunidade e com a incompetência flagrante do ESTADO. Mas eles resistem! E a cada dia, mais fortes e corajosos, juntam provas, denunciam a negligência, o descaso, a inoperância e pedem por justiça.

Em entrevista a repórter Sibelle Fonseca do Portal Preto no Branco, na manhã desta quinta-feira (23), os pais de Beatriz apresentaram documentos que estão anexados ao inquérito da polícia desde fevereiro de 2016, dois meses após o crime, e fizeram algumas revelações.

Lucinha Mota afirma que a responsabilização do Colégio Maria Auxiliadora está na negligência de ter realizado uma festa para cerca de 3000 pessoas sem senhas de acesso, sem contratar uma empresa de segurança e improvisar o serviço com “piscineiros” sem qualificação para garantir a segurança do evento. Ela, também, denuncia a falta de câmeras no circuito da festa e o pior: afirma que o colégio não tinha autorização da prefeitura para realizar o evento, como manda a lei municipal.

Para comprovar sua denúncia, Lucinha apresentou um documento referente ao dia 29 de maio de 2014, onde foi criado um decreto de Nº 73, que está disponível do Diário Oficial, sobre a regulamentação dos procedimentos e autorizações de eventos de médio e grande porte realizados em Petrolina. “Nesse documento constam as secretarias responsáveis por fiscalizar e punir infratores. O município cria um decreto e o mesmo não coloca em prática. Os eventos são realizados sem nenhum tipo de autorização e isso é muito grave. A prefeitura deve fiscalizar e fazer valer as leis e decretos que cria. Houve negligência por parte do colégio e também negligência e omissão por parte da prefeitura de Petrolina, que não cumpriu seu papel”, disse a mãe de Beatriz.

Ainda segundo Lucinha Mota, tanto o poder executivo quanto o Ministério Público de Petrolina deixaram de exigir a documentação legal para realização do evento e conta que uma denúncia feita pela família de Beatriz sobre esta irregularidade foi arquivada pelo Ministério Público. “O Ministério Público arquivou a nossa denúncia, porque depois o Colégio apresentou um atestado de regularidade do Corpo de Bombeiros, mas este alvará é falho. Nele não consta uma exigência legal importante, que é a discriminação de um projeto para a realização de festividades, como manda o decreto municipal. O Ministério Público não apurou com rigor este e outros aspectos importantes e isso nos intriga muito, o que me leva a dizer que o Ministério Público vai acabar perdendo a sua credibilidade”, desabafou Lucinha.

Mais uma vez e para demonstrar o descumprimento da legislação municipal que não foi visto pelo “guardião da lei”, o Ministério Público, os pais de Beatriz se utilizam de documentos comprobatórios e destacam alguns artigos que foram rasgados para a festa da noite de 10 de dezembro de 2015:

Art. 2º, Inciso II – Eventos de médio porte – aqueles que tenham público de até 3.000 pessoas (três mil), os quais deverão ser encerrados até às 04 (quatro) horas da madrugada.

Art. 3º – A autorização prévia para a realização de eventos de médio e grande porte deverá ser requerida pelo promotor do evento.

Art. 4º – O produtor de evento deverá protocolar o requerimento padrão para a autorização prévia na Secretaria Executiva competente em até, no mínimo, 20 (vinte) dias úteis antes da realização do mesmo.

Art. 6º – O produtor de evento deverá informar ao 5º Batalhão da Polícia Militar de Pernambuco sobre a realização do evento de pequeno porte, no máximo 03 (três) dias úteis de antecedência, e para eventos de médio e grande porte, em até 15 (quinze) dias úteis de antecedência da realização do mesmo.

De acordo com Lucinha, no dia do evento, o tradicional Colégio não cumpriu nenhuma das exigências do Decreto de Nº 73 e deixou de apresentar entre outros documentos, o Alvará de Licença de Funcionamento do estabelecimento onde a festa foi realizada.

“Foi uma sucessão de erros e total descumprimento da legislação. Ninguém está acima da lei, nem o tradicional colégio religioso por onde passaram os filhos de famílias tradicionais de Petrolina. Não me falem que o crime foi uma “fatalidade” e poderia ter acontecido em qualquer lugar. NÃO aconteceu em qualquer lugar! Aconteceu dentro de uma escola/empresa que promete segurança e proteção aos alunos e cobra CARO por isso. O Colégio foi negligente e o Vale do São Francisco precisa saber disso. Se o Colégio Auxiliadora tivesse tomado todas as medidas de segurança, um assassino brutal seria impedido de entrar na festa e minha filha salva. E todos os alunos do colégio estariam protegidos. No entanto, a festa não foi autorizada pelos órgãos oficiais e quem fazia a segurança das quase 3000 pessoas eram funcionários comuns, sem qualificação, pessoas contratadas para limpar piscina, por exemplo. Isso é crime”, desabafou.

Lucinha Mota apresentou também outros documentos que mostram que alguns órgãos sequer tinham conhecimento sobre a realização do evento, como Corpo de Bombeiros, Ordem Pública e 5ª BPM e fez um questionamento: “Por que o MP e a prefeitura atuam em eventos que acontecem nos bares e casas de show, muitas vezes proibindo de fazer festas e até mesmo fechando estabelecimentos que não tenham alvará e autorização e faz vistas grossas para um evento igualmente da iniciativa particular e que juntou 3000 pessoas, como foi o caso do Auxiliadora? Em Petrolina a lei tem dois pesos e duas medidas?” perguntou Lucinha.

Os pais de Beatriz também falaram sobre o possível envolvido de pessoas do colégio no assassinato da criança e ainda da relação com a instituição após o ocorrido.

“O próprio delegado convocou a imprensa e revelou que existiam 5 personagens de dentro da escola que estavam sendo investigados. Falou que houve contradições entre alguns depoimentos. O colégio demitiu alguns funcionários, após o crime. O colégio fez reformas em salas importantes para a investigação. Até piso de sala foi trocado. Tudo é muito estranho, camuflado e a nossas perguntas não são respondidas. O que temos de certeza é que a escola é inteiramente responsável pelo assassinato da minha filha. Alguém facilitou a entrada do assassino no colégio. As imagens do homem circulando o colégio são reveladoras. Foi aquele homem, mas cremos que ele não agiu sozinho. Um crime tão” perfeito” que não deixou vestígios nem de sangue não pode ter sido cometido por uma única pessoa. Não subestimem a nossa inteligência. Nós vamos cobrar e provar judicialmente tudo o que estamos falando”, afirmou Lucinha.

Sandro Romilton falou da relação atual com a instituição e também das “tentativas” para que o caso seja abafado.

“Nós gostaríamos de ter o colégio do nosso lado nas manifestações e isso nunca ocorreu. Desde o início sentimos falta do apoio, sensibilidade e de uma ação solidaria por parte do colégio com a nossa dor. Imagine que menos de 15 dias já queriam que eu voltasse a trabalhar no ambiente do horror que eu e minha família vivemos. Jamais nos foi oferecido um suporte psicológico especializado em traumas, o que conseguimos foi através de amigos. Todas as tentativas da direção foram de resgatar e preservar a imagem do colégio e dificultar nossas manifestações por justiça. Chegaram ao ponto de pedir na justiça a retirada da página “Somos Todos Beatriz” no facebook, de tentar processar a empresa que veiculou os outdoors do movimento e para nosso espanto, um político influente da cidade saiu em defesa do colégio e, numa emissora de rádio, falou alto e bom som que “Já estava na hora de virar a página”, “de botar uma pedra em cima disso” e que a nossa luta por justiça “já tinha cansado a beleza de todo mundo”, falou emocionado o pai de Beatriz.

Emocionado e ainda esperançoso, Sandro Romilton, finalizou. “A nova delegada do caso, Gleide Ângelo vem trabalhando diariamente e temos contato direto com ela. As investigações continuam e breve teremos divulgações de fatos novos, acreditamos nisso. A mesma já tem conhecimento total do inquérito. Estamos confiantes”, frisam os pais.

Passados 14 meses da tragédia e com tantos desencontros de informações, falhas na proteção da cena do crime, lentidão nas investigações, substituição de delegados, apresentação de uma “força tarefa” de promotores que até agora não mostrou força no cumprimento da tarefa de elucidar o crime, declarações em favor da impunidade, tentativas de calar as VOZES que pedem por justiça, ao que parece há mesmo uma união de “forças ocultas” e poderosas agindo para que o caso Beatriz fique cada dia mais distante da verdade.

“Quem matou Beatriz?” é uma pergunta que não se responde. Sequer se sabe ONDE Beatriz foi assassinada, com 42 facadas, dentro do colégio das freiras de Petrolina (PE).

A cada dia o caso fica mais intrigante. A cada dia um novo episódio suscita mais indagações.

A quem interessaria enfraquecer ou silenciar a voz dos que se somam ao movimento “Somos Todos Beatriz”?

Na manhã da quinta-feira passada (16), a repórter Sibelle Fonseca fez esta mesma entrevista com os pais de Beatriz Mota na Rádio Cidade, em Juazeiro (BA). Durante a entrevista, os mesmos comentários e abordagem foram feitos pela profissional de comunicação. Na tarde da mesma quinta-feira, uma ligação de prepostos da direção da emissora marcava uma reunião para a sexta seguinte. Na sexta (17), um comunicado da direção da emissora dava conta de que o programa PALAVRA DE MULHER, veiculado há mais de quatro anos na Rádio Cidade, com excelentes índices de audiência e credibilidade, estaria fora da grade de programação. Contrato encerrado sem nenhuma justificativa ou por “motivo de força maior”.

Seguem imagens dos documentos citados:

 

Da redação

7 COMENTÁRIOS

  1. Absurdo. Quem pediu a demissão desta importante repórter, guerreira e ávida por Justiça? ?? A quem interessa esse descaso e silencio sobre este caso hediondo? ?? Estamos com vc Sibelle Fonseca, estamos com Sandro e lucinha. #SomostodosBeatriz! !!! #SomostodosSibelleFonseca!!!

  2. Que vergonha, que pais e esse meu Deus, Moro no Canada e tenho com muita tristeza visto este caso e tantos outros que me faz ter vergonha desse pais, mas espero em Deus que todas as mascaras cairao por Terra, Forca familia de Beatriz

  3. Infelizmente fazermos parte de uma geração de covardes e egoistas, que se esquecem que são meros mortais e que PODEROSO é DEUS, todas as atitudes que se levantam contra a justiça serão engolidas pela generosidade de DEUS, e aos guerreiros solidários que são feridos/atingidos por não serem omissos estes estarão sempre de pé e apostos pois são movidos pelo amor e pela fé, adubos que temos em fonte inesgotável, dinheiro acaba, as coisas mudam o tempo inteiro e esse tapete está ficando pequeno para tanta sujeira que empurram para baixo.

  4. Está claro que tem gente influente envolvida neste crime.. Que horror! Que absurdos! Isso é Brasil, infelizmente nosso País está um caos. É o fim dos tempos! O Apocalipse se cumprindo!
    Que Deus os ajude a elucidar essa tragédia! Quem praticou esse crime não é ser humano, é o diabo em forma de pessoa. #Revoltada

  5. Querem abafar o caso e isso não vamos deixar acontecer, é um absurdo o que os pais de Beatriz estão passando, já não basta a dor da perda? parece um martírio tudo isso, mas estamos com vocês e NÃO IREMOS PERMITIR QUE O CASO BEATRIZ FIQUE NO ESQUECIMENTO E QUE NÃO SEJA COBRADO UMA RESPOSTA, VAMOS ATÉ O FIM NA BUSCA POR JUSTIÇA.

    QUEREMOS JUSTIÇA!

    #SomosTodosBeatriz

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