“Muriçoca nossa de cada dia”: Um problema sem solução em Juazeiro-BA?

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Muriçocas! Visitantes indesejáveis e constantes nas casas dos juazeirenses. Os mosquitos estão por toda parte da cidade e apesar da espécie se alimentar no período de menos luminosidade, do entardecer ao amanhecer, eles podem ser vistos em qualquer horário do dia.

Nessa época do ano a infestação das muriçocas só cresce no município e os moradores já não sabem mais o que fazer. As reclamações, desabafos, revolta e pedidos de uma solução para combater a praga das muriçocas são diversos.

“Antes das 18h a gente já tem que fechar todas as portas e janelas de casa. Não temos a liberdade de ficar do lado de fora das nossas casas durante a noite. E mesmo com tudo fechado, as muriçocas nos impedem de assistir televisão e dormir direito”, desabafou Edneide Bonfim, moradora do bairro Sol Levante.

Já a juazeirense Auzenita de Souza, diz que os seus dois filhos são os que mais sofrem com as muriçocas em sua residência. “Tenho um filho de quatro anos e uma filha de sete meses e eles são alérgicos às picadas dos mosquitos. Ficam marcados, com feridas pelo corpo e bastante irritados. Nem o repelente e o ventilador estão resolvendo a situação. Toda noite é um sofrimento. Espero que esse problema seja resolvido o mais breve possível”, reclamou a moradora do Expedito Nascimento.

A dona de casa Vitória Viera mora na cidade há cerca de três anos e diz que não entende de onde vêm tantas muriçocas. “Desde que cheguei aqui sofro com esse problema. Os mosquiteiros já viraram assessórios indispensáveis aqui em casa. Eu fico me perguntando de onde vêm esses mosquitos. Dos canais? dos esgotos? Da queima da cana da Agrovale? “, questionou a moradora do bairro Dom Tomáz.

O Portal Preto No Branco conversou com o biólogo e professor Djalma Amorim que considera a situação “fora de controle” em Juazeiro, sendo necessária uma intervenção urgente para que se resolva o problema. Segundo ele, entre os diversos fatores que desencadeiam o problema, estão a falta do saneamento, a queima da cana pela empresa Agrovale, a falta de limpeza nos canais da cidade e a falta de educação sanitária.

“São vários os fatores disparadores do problema. O saneamento que nunca é concluído, tem água estagnada em todo canto da cidade, matagais, a limpeza dos canais de macro drenagem só é feita quando chega ao limite e a água já não escoa, falta um trabalho de manutenção constante e também há de se considerar que muitas pessoas não têm educação sanitária e não cuidam bem de suas casas. O processo da queima da cana pela empresa Agrovale acaba desalojando os vetores que, em fuga, procuram lugares seguros e o mosquito pode voar mais de 20 km, aproveitando a deriva eólica. Assim a possibilidade do aumento da muriçoca pela queima da cana pode ser considerada,” afirmou.

Ele também chama atenção para o crescimento do número de residências de Juazeiro e para a forma como o fumacê é feito. “Juazeiro cresceu, o número de domicílios aumentou em cerca de 12 mil casas, com o programa Minha Casa Minha Vida e o número de agentes de endemias deve acompanhar este crescimento para atender a demanda. Outro paliativo usado pela Prefeitura é fumacê. Mas para ele ter eficácia, um tratamento espacial deve ser realizado de forma técnica e com responsabilidade. Tem que se cumprir todas as etapas, porque a cada passada que se faz em um determinado local, elimina-se em torno de 20 por cento dos mosquitos adultos. O que se vê é que o carro passa um dia por um bairro, uma rua e não volta ao local para concluir o ciclo. O problema tem solução técnica, mas o município está pecando nisso”, ressaltou Djalma.

O PNB procurou a Prefeitura de Juazeiro e fez alguns questionamentos. Questionamos o órgão sobre a origem dessa infestação de muriçoca na cidade, mas ao que parece, o município não tem este controle.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Juazeiro informou apenas que está realizando algumas ações paliativas.

Veja a nota:

A Secretaria de Saúde de Juazeiro informa que o tratamento dos canais com cal virgem está sendo realizado no município de forma intensa.

Além disso, o carro fumacê está seguindo um cronograma regular em todas as localidades, e reforça que para maior efeito deste produto, a população deve abrir as portas e janelas de casa durante a passagem do veículo.
Já a Secretaria de Serviços Públicos informa que os canais que cortam a cidade são limpos a cada três meses, desde 2009, e que o serviço está na programação.

Os esclarecimentos parecem não convencer a população, que não sente os efeitos do trabalho que a prefeitura diz que está realizando. O carro fumacê não é visto com regularidade nas ruas e isso é fato!
“Aqui na minha rua, faz é tempo que o fumacê passou. Nem lembro mais”, reclamou Elite Xavier, moradora do João XXIII.

A voz dela é a mesma da grande maioria dos moradores de diversos bairros da cidade. “Carro fumacê? Ninguém vê, ninguém viu,” já dizem alguns, em tom de piada.

Em tom de descrédito no trabalho que a prefeitura diz está realizando no combate às muriçocas.
Se a tarefa de casa vem mesmo sendo feita, por que a população não sente os efeitos e o problema não tem um fim? Inócuo o trabalho? Ineficiente? Pelo menos é isso que se constata todas as noites, quando os mosquitos invadem as casas e incomodam. Incomodam muito. Talvez, os órgãos ambientais precisem descobrir a origem dos mosquitos para assim poder combatê-los, efetivamente. É só uma dica e um apelo da população, que já não suporta mais tantas noites mal dormidas.

 

Da redação Por Yonara Santos

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