Uma campanha nas redes sociais, em benefício de um bebê de 6 meses, vem sensibilizando as comunidades de Juazeiro e Petrolina. Levi mora no Bairro Tabuleiro em Juazeiro-BA e aos 5 meses sua mãe, descobriu que o filho havia nascido com cranioestenose, popularmente conhecida como crânio fechado.
Ana Maria Gabriel dos Santos é dona de casa e tem mais dois filhos pequenos. O pai da criança trabalha numa agroindústria da região e a família não tem condições de arcar com a cirurgia indicada para o caso de Levi.
Antônia, tia da criança, que vem acompanhando o drama da família, conta que desde que o bebê nasceu, a mãe desconfiou do problema, porque a cabeça do menino tinha um formato afunilado ” Nós estranhamos isso. A cabecinha dele era diferente, mas no posto de saúde sempre nos disseram que era uma consequência do parto e que usando a toquinha, aos poucos, a cabeça dele ia pegando o jeito. A mãe dele não dispensava a touca, mas não via nenhum resultado”, conta Antônia.
Passado o tempo, Levi foi internado no Hospital da Criança de Juazeiro, com início de pneumonia e a médica que atendeu o garoto, suspeitou do problema neurológico e solicitou os exames, que diagnosticaram a doença.
” A médica nos indicou um neurocirurgião pediátrico, que não existe nem em Juazeiro e nem em Petrolina. Conseguimos fazer os exames em Petrolina e levamos para um médico de lá, que nos avisou que sem ter o especialista aqui, teríamos que pagar pela cirurgia, que custa em média vinte mil reais. Ele disse que esta cirurgia é feita em Salvador, Recife ou Teresina e também que deveríamos providenciar a realização com urgência, porque já tinha passado da hora. O médico nos informou que Levi deve fazer esta cirurgia antes de completar os nove meses,” relata a tia.
Foi aí que começou o desespero da família. Sem recursos para pagar o procedimento, sem contar com um especialista na região e com tempo contado para salvar a criança, a mãe procurou o Ministério Público, que até agora não resolveu o problema, mesmo com o ” perigo da demora.”
“Até agora o MP não nos deu uma solução, não definiu um prazo e o problema de Levi só se agrava. Ele sente dores, é uma criança agitada e chora muito.”
A tia da criança conta ainda que, mesmo constrangida e preocupada com a exposição da família, que poderia ser julgada, lançou a campanha nas redes sociais, pedindo doações para chegar aos vinte mil reais. “Nós temíamos que achassem que era um golpe, que queríamos nos aproveitar da situação. Mas não houve outro jeito. A campanha vem sendo abraçada por muitas pessoas de bem. Não sei se vamos chegar a esta quantia, que é muito alta pra nossa família, mas estamos apelando, ” desabafa.
A campanha é válida, mas denuncia a ineficiência do serviço público de saúde, que deveria já ter encaminhado a criança para o tratamento fora do domicílio, já que na rede não existe o profissional. É isso que preconiza o SUS.
A campanha é válida, mas também denuncia a morosidade do MP, Guardião da Lei, que já deveria ter agilizado o processo da criança, que corre risco. Certamente há aí o “perigo da demora.”
A mobilização da sociedade é justa, a solidariedade é nobre, mas legitimam a ineficiência do Estado em atender as necessidades dos cidadãos e cidadãs, sujeitos de direito.
Estamos procurando a Secretária de Saúde e o MP para esclarecimentos.
Da Redação