O Nego D’Água não está mais na água e revela a situação crítica do Rio São Francisco

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Uma das principais atrações turísticas de Juazeiro, a escultura Nego D´Água, do artista plástico Ledo Ivo, localizada no tradicional bairro Angari, expõe a fragilidade que o Rio São Francisco vem sofrendo. Com 12m de altura, a obra de arte, até pouco tempo ficava em parte submersa pelas águas. Em visita ao local, a reportagem constatou que em volta da escultura está tudo seco. A base do Nego D’Água está visível, e onde havia muita água, agora é possível caminhar livremente.

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No último dia 4, o Preto no Branco mostrou a situação de uma embarcação que ficou encalhada próximo à margem de Petrolina e os passageiros precisaram ser transferidos em barcas menores.

Sem uma política séria de revitalização, com contenção do desmatamento de matas ciliares, uso racional da água por parte da agricultura irrigada, tratamento do esgoto e intervenção dos poderes, desde o municipal até o federal, é possível que em um futuro não muito distante até a escultura da Mãe D´Água fique também exposta e sem o rio para lhes banhar.

Alguns moradores do bairro Angari, que conversaram com nossa reportagem, se mostraram chocados com a situação do cartão postal de Juazeiro. “Esse é o retrato fiel da situação do nosso Velho Chico. De pouquinho em pouquinho, o rio está secando e olha aí a prova disso. O Nego D’ Água não está mais na água”, lamentou um morador.

Personagem lendário do Velho Chico, o Nego D’ Água que assustava as lavadeiras do Angari, assusta agora toda população ribeirinha e, do alto da sua intimidade com o rio, chama atenção para o sofrimento deste manancial, fonte de vida para o sertão nordestino.

Da Redação Por Juliano Ferreira

18 COMENTÁRIOS

  1. Lamentável demais, nasci e me criei as margens desse rio maravilhoso e hoje vejo Nosso rio nessa situação. Me pergunto pôr que não tomam providencia para que nosso rio não morra.

  2. Muito triste ver essa imagem, o rio está sofrendo, está morrendo aos poucos. Se não forem tomadas as devidas providências é provável que ele vire apenas um riacho. Queria eu, ver ele cheio, seria uma alegria imensa realizar esse sonho.

  3. E triste mais e verdade !Deus tenha piedade de nós .
    Como falava nosso radialista Carlos Augusto a natureza não sabe se defender mais saber se vingar

  4. A agressão ao Rio São Francico ,vem de longa data, nada se faz sem um planejamento com estudiosos de tudo que se refere aos alimentadores do rio ,seus afluentes ,e rios eferentes, e ultimamente uma agressão de drenagem para bons fins de alimentar a série de regiões secas do nosso sertão .Ou se encontra uma saída rápida para o estancamento deste
    Ou será tarde demais!

  5. É simbólico a imagem do aparecimento da estátua do Nego d’Água nas margens do rio São Francisco do lado de Juazeiro, quando o rio passa entre Juazeiro e Petrolina.

    Este simbolismo nos aponta ampliarmos o conhecimento coletivo acerca do rio e o seu comportamento e sua fisiologia enquanto um elemento fundante de nossa vida, e não apenas um bem ou recurso ambiental, pois vai muito além de ser algo apenas para ganhar dinheiro ou explorar.

    Dito isso, temos de saber exatamente o CICLO HIDROLÓGICO do rio, significando conhecer quanto choveu (precipitação), quanto evaporou (evaporação), quanto escorreu e percolou pelo solo (infiltração), quanto os animais e as plantas usaram de água e quanto devolveram à atmosfera (transpiração) e quanto o Homem usou de sua água (retenção pela sociedade) e quem são esses homens e quais as suas relações sociais.

    Também devemos conhecer o funcionamento de cada uma dessas etapas específicas do ciclo hidrológico: precipitação, infiltração, evaporação, transpiração, e uso da água pelos homens (retenção). Por exemplo, no caso da precipitação ela é determinada pela circulação atmosférica mundial, especialmente pelo fenômeno do El Nino e da La Nina e comportamento dos oceanos e sua evaporação.

    No caso do uso das águas pelos homens, quem usa mais, quem usa menos, quem polui e degrada os ecossistemas aquáticos e marinhos. Quem “conserta” os seus erros na sua relação com a água. Quais são as relações sociais envolvidas com o uso da água

    Conclusão. A “crise hídrica” não é apenas do rio em si, mas ela espelha uma crise nossa, de seres humanos. É uma crise de nossa civilização. É de uns querendo mais do que outros e explorando o outro, sem respeitar o outro ser.

    Temos uma crise de percepção da vida em todas as suas dimensões. Foi isso que a imagem do Nego d’Água quis nos mostrar e dizer.

  6. O velho Chico morre a cada dia, é cada dia menor o volume de água na barragem de Três Marias o nível é crítico em Pirapora e Buritizeiro MG o SAAE fez diques para captar água do meio do rio pois já não tem mais força, antes essa água era captada as margens do rio e ainda haviam vertedouros para o volume excedente.

  7. Essa imagem mostra a falta de compromisso do governo com a revitalização do rio. Fica claro e evidente que a transposição feita pelo governo corrupto do PT tinha cunho meramente eleitoral.

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