Nos últimos meses de junho e julho o “Programa Saúde Sem Fronteiras: Rastreamento do Câncer de Mama”, do Governo do estado da Bahia esteve em alguns municípios do território São Francisco, a exemplo de Canudos, Remanso, Casa Nova e Sobradinho. Com o programa itinerante, que atendeu a população feminina de 50 a 69 anos, o estado disse que pretendia “ampliar e descentralizar o acesso a serviços de saúde em toda a Bahia, atendendo mulheres que ainda não tinham tido a oportunidade de realizar uma mamografia, exame que diagnostica precocemente casos de câncer de mama.
O atendimento foi feito em unidades móveis equipadas para realizar o exame e o programa garantia o acompanhamento das mulheres com mamografias inconclusivas, com a oferta de exames complementares para o diagnóstico e o encaminhamento ao tratamento, visando à integralidade do atendimento. O atendimento para os municípios que aderiram ao programa, aconteceria em etapas até a conclusão do rastreamento e encaminhamentos necessários.
Mas não foi bem isso que aconteceu. Pelo menos em Sobradinho e Casa Nova, onde as mulheres que tiveram acesso a primeira etapa do programa, receberam a notícia de que o programa não voltaria aos municípios para dar continuidade ao atendimento.
A ordem da Secretaria de Saúde do Estado, foi para que elas fossem levadas até o município de Remanso, que fica a 200 quilômetros de Sobradinho e a 130 de Casa Nova
Os dois municípios alegaram que não têm condições de encaminhar as mulheres para Remanso, devido o custo com transporte, alimentação, além de considerarem o desconforto para as mulheres e o risco da viagem. Muitas mulheres, principalmente dos povoados, se opuseram a viajar para concluir o tratamento, segundo as prefeituras.
Em Sobradinho foram feitos 910 atendimentos de exames. Destes, foram entregues 830. 80 mulheres tiveram seus resultados alterados, mas não receberam os laudos. A prefeitura teria que enviar dois ônibus lotados de mulheres para darem continuidade ao atendimento em Remanso. Teria também que se responsabilizar por elas.
“Quando fizemos a adesão não foi dito que a segunda etapa seria a 200 quilômetros daqui. Sobradinho está em situação de emergência, contendo despesas e não se planejou para este custo extra e de última hora. Recebemos os profissionais do programa aqui durante nove dias, garantimos a nossa contrapartida como foi acordado, acreditando que o programa daria o atendimento integral as mulheres”, revelou o Secretário de Saúde Jailson Souza.
Em Casa Nova 69 mulheres tiveram seus exames alterados. Elas também não receberam o laudo. A Secretaria de Saúde do município diz que o programa apresentou falhas já na primeira etapa, quando os equipamentos apresentaram defeito, causando vários transtornos as pacientes. Muitas, principalmente do interior, desistiram do exame, por conta das dificuldades. Tanto que a primeira etapa do programa não chegou a ser concluída.
” Os profissionais passaram mais dias aqui, porque os equipamentos quebraram, remarcavam as consultas, quebravam de novo, gerando transtornos e a insatisfação das pacientes. Muitas desistiram do exame. Agora, fomos surpreendidos com a informação de que não haveria a segunda etapa aqui. As dificuldades são enormes para encaminhar essas mulheres para Remanso, além de gerar um custo para o município, que não estava previsto”, declarou a Secretária de Saúde Maria de Lourdes Silva Santos.
Ela também informou que conseguiu a Carreta do Instituto Ivete Sangalo para concluir os atendimentos, mas a equipe não poderá dar continuidade aos atendimentos já iniciados pela Sesau. A unidade móvel está atendendo as pacientes que o programa de rastreamento do estado deixou de atender.
“Estamos providenciando, com muita dificuldade e resistência das pacientes, a ida delas até Remanso, em mais de uma viagem. Fomos informados agora que se o município não disponibilizasse esta ida, teria depois que arcar com novos exames e tratamento. Nos deixaram sem saída”.
O município de Sobradinho também estuda uma solução para o problema e já entrou em contato com o Instituto Ivete Sangalo, na tentativa de que a instituição salve a situação e garanta o “Outubro Rosa” destas mulheres.
Estamos encaminhando a denúncia a assessoria de comunicação do Governo do Estado
Da Redação