Ontem (21) o portal Preto no Branco publicou uma matéria de opinião sobre a contratação do “cantor” Aldair Playboy para o São João de Petrolina, festa paga com dinheiro público. A apresentação aconteceu na quarta-feira (20), no Pátio Ana das Carrancas, local onde é realizado o evento.
Uma multidão acompanhou o show com repertório vulgar, agressivo, que desqualifica e desrespeita a mulher. Uma das letras, diz : “Sexta-feira rotineira. Eu e meu baseado. ZapZap tocou. Uma proposta irrecusável. Whisky, cama box e sexo bolado. Te dou p… de baixo pra cima. E tu dá b… de cima pra baixo. Senta, p… vai! Senta p…, vai ca…..!”
Segundo uma lei municipal, de autoria dos vereadores Ronaldo Souza Cancão (PTB) e Maria Elena de Alencar (PRTB) está proibida “a utilização de recursos públicos para contratação de artistas que, em suas apresentações, executem musicas, que desvalorizem, incentivem a violência ou exponham as mulheres à situação de constrangimento”.
Criticamos o fato do Prefeito Miguel Coelho não ter cumprido a lei, ao “contratar o cantor de músicas que fazem apologia às drogas, a vulgaridade e a imoralidade”.
Confira matéria:
Hoje (22), a assessoria da Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes nos enviou uma nota informando que o cantor não foi contratado diretamente pela prefeitura.
Veja na íntegra:
“A Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes (SECULTE) de Petrolina informa que o cantor Aldair Playboy, atração extra do São João, não foi contratada pela prefeitura. O show do cantor que se apresentou na última quarta-feira (20), foi cedido por um patrocinador. Em tempo, a SECULTE afirma que não foi utilizado recursos públicos para contratação do artista, não sendo desrespeitada a lei municipal”.
Na sessão de quinta feira (21), o vereador Gilmar Santos, (PT), fez uma denúncia contra a contratação de Aldair Playboy.
“Você sabia que o dinheiro da população é utilizado pelo Governo Miguel Coelho para promover atrações artísticas que estimulam uma cultura de violência contra a mulher e o uso de drogas? Hoje na Câmara, denunciamos o caso da banda Aldair Play Boy e a “música” ‘Senta Porra'”, comunicou o vereador aos seus seguidores nas redes sociais.
Ao tomar conhecimento da justificativa da gestão municipal, alegando que o artista foi cedido por um patrocinador, Gilmar Santos voltou a se pronunciar.
Leia:
“Diferentemente das versões que estão surgindo em setores da mídia e até omitindo a denúncia, fui eu quem iniciou a discussão na sessão dessa quinta, 21, sobre o uso do dinheiro público pelo governo Miguel Coelho em mais um evento milionário do São João para promover artistas que nas suas músicas fazem apologia à violência, atacando especialmente a dignidade da mulher e estimulando as pessoas ao consumo do álcool e de outras drogas.
Essa tentativa dos vereadores governistas e do próprio governo em querer se eximir da responsabilidade diante da gravidade dos fatos e transferir para o artista e a empresa que, segundo a secretaria de cultura, foi quem o contratou, não cola. É, no mínimo, querer fazer a população de trouxa. Ora, quem banca a maior parte dos servidores, da estrutura física, da propaganda, da montagem e da programação do evento, não é a prefeitura? Não é o dinheiro público? Não era o prefeito que estava fazendo publicidade com o Aldair Play Boy nas suas redes sociais? Por que só agora, depois que a bomba estourou a responsabilidade é exclusiva da cervejaria?
Daí você conclui o quanto esse governo e seus vereadores, defensores da “moralidade”, não sabendo o que explicar, inventam, manipulam e ainda tentam passar para as pessoas que não concordam com o monstro que eles mesmos criaram. Passar o comando de um evento público para empresas privadas só pode dá nisso: maior espaço para um minoria empresarial e artistas nacionais em detrimento da maioria dos artistas e comerciantes locais, sem qualquer poder de decisão na construção do evento.
Ou seja, é o uso do dinheiro público para fortalecer a privatização e manter privilégios. E não se trata apenas de um artista, se formos fazer um levantamento das músicas que violam a dignidade da mulher e estimulam o uso de álcoól, sobra pouca coisa desse São João dos “amigos” do prefeito do “Novo Tempo”.
Enquanto isso a maior parte do nossa população sofre sem assistência em necessidades básicas. Continuaremos a nossa luta denunciando essas injustiças. Mas é preciso que o povo reaja, pois do contrário continuaremos assaltados pela hipocrisia de forças que detêm o poder econômico.
Gilmar Santos
Ontem, no São João do Vale, a festa continuou com “Safadão”, que cantou para uma multidão delirante … “E daí se você é gostosa? Se você sobe e desce na festa? Se você tá virando tequila, não me interessa. Sabe por que eu não te largo? Cê faz gostoso e ainda põe leite condensado. Sabe por que você não me deixa? É que eu misturo romance com safadeza”.
E hoje a festa continua … seguramente, terá mais um recorde de público!
Da Redação por Sibelle Fonseca
Essa atração nada mais é do que um retrato da realidade, reflexo da falta de educação. E em Petrolina é o que mais tem. Cidade da hipocrisia.
Concordo integralmente com você, pobre do povo que não tem educaçao e cultura, serão sempre manipulados por aqueles que detém o poder…
Por outros Luízes
Luiz, cadê Santo Antônio
São Pedro, cadê São João?
Promessas pra matrimônio
Folguedo, cadê baião?
E o encantado patrimônio
Dos luares do sertão?
Parece que a nossa festa
É tão somente a saudade
Do que não houve nem resta
Ou suposta felicidade
De algum namoro esquecido
Quiçá, um sonho tingido
Com as tintas da mocidade
Luiz, cadê Santo Antônio
São Pedro, cadê São João?
Promessas pra matrimônio
Fogueira, cadê rojão?
E o prateado plenilúnio
Das quebradas do sertão?
Parecemos-nos vencidos
Entre fanfarra e festança
Entre conceitos perdidos
Numa inversão que avança
Entre o mercante e o mercado
Entre o cercante e o cercado
Entre quem toca e quem dança
Luiz, cadê Santo Antônio
São Pedro, cadê São João?
Promessas pra matrimônio
Quadrilha com marcação
Parece que o infortúnio
Devastou lira e sertão!
Parece que as raízes
Não se fizeram luzir
Para que outros Luízes
Se fizessem refulgir
Na essência de um novo canto
E, na ressonância do encanto
O Rei se fizesse ouvir