Caso Beatriz: Em entrevista ao Palavra de Mulher Web, Lucinha e Sandro fazem novas revelações

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(foto: Semário Andrade/Preto no Branco)

Lucinha Mota e Sandro Romildo, pais de Beatriz Angélica, assassinada no Colégio Maria Auxiliadora, em Petrolina, no dia 10 de dezembro de 2015, foram os entrevistados do Palavra de Mulher Web desta terça-feira (24). No programa eles comentaram sobre supostas prisões de envolvidos no caso, o andamento das investigações e fizeram novas revelações que constam no inquérito policial do caso.

Prisão de funcionário da escola

Lucinha Mota disse durante o programa que a delegada Poliana Nery, que reassumiu o caso em novembro de 2017, vem desenvolvendo um grande trabalho de investigação nos últimos meses, junto ao Ministério Público (MP), a fim de trazer respostas para a solução do caso. Sua última ação foi decretar a prisão preventiva de Allinson Henrique de Carvalho Cunha, prestador de serviço à instituição de ensino na área de informática, e acusado de deletar imagens captadas por câmeras em que aparece o suspeito do crime. O pedido foi acatado pelo MP.

Porém nesta segunda-feira (23), uma decisão de Elane Brandão Ribeiro, Juíza de Direito do Tribunal do Júri da Comarca de Petrolina, indeferiu o pedido da delegada. A juíza argumenta que a medida pleiteada “carece de contemporaneidade, considerando que, das informações trazidas no bojo da representação, a autoridade policial, à época representada por outra Delegada, tomou conhecimento da recuperação das imagens desde dezembro de 2016, sem apontar comportamento do indiciado que pudesse indicar seu intuito de embaraçar eventual instrução processual”.

“Fico muito triste com essa postura do judiciário. Não consigo digerir essa postura. Para mim, isso só reafirma que hoje, o judiciário está alterando seu entendimento. Acredito que existe uma seletividade em prisões. Pedido de prisão preventiva exige requisitos fixos. E todos eles (os requisitos apresentados pela delegada e pelo Ministério Público) estão de acordo com a legislação. Um deles é a prova que existiu o crime. O colégio tinha câmera, o assassino foi filmado, e o funcionário apagou as imagens e atrapalhou mais de um ano das investigações. O outro pré-requisito é quem realizou o crime. Está provada a autoria desse crime. Não resta mais dúvidas”, disse Lucinha.

Ainda segundo a mãe de Beatriz, a decisão do Poder Judiciário desmoralizou o trabalho da Polícia Civil totalmente, o que, para ela, evidencia o quão “ineficiente” e “seletiva” é a justiça do Estado do Pernambuco.

“É como se instituições tivessem protegendo instituições. Se a doutora Poliana tomar outas medidas, será que ela vai ser barrada novamente no Judiciário?”, questionou.

Sandro Romildo acredita que atitude do funcionário prejudicou as investigações do caso e que “forças ocultas” estão impedindo o avanço das apurações.

“Esse funcionário voltou dias depois na escola, entrou no sistema, com certeza com anuência da direção da escola, escolheu câmeras relevantes e apagou um trecho específico. Foi tudo planejado. A polícia tomou conhecimento disso muito tempo depois. Tenho impressão que forças ocultas estão impedindo que o caso de Beatriz seja solucionado. A benefício de quem essa pessoa apagou as imagens? Ele queria proteger o quê e a quem? O ato dele prejudicou todo o trabalho, isso é obstrução do trabalho da justiça e é crime”, desabafou.

Os pais de Beatriz afirmaram que vão recorrer da decisão da juíza Elane Brandão.

Revelações e esperança

Para Lucinha Mota, apesar da polícia ainda não obter respostas para alguns questionamentos sobre o caso, como o local exato onde Beatriz Angélica foi assassinada, alguns fatos constatados no inquérito policial do crime não devem ser ignorados e devem ser levados em conta nas investigações.

A mãe de Beatriz revelou que uma freira da instituição, de pré-nome Fátima, teria proposto um acerto financeiro com uma testemunha do caso, dias depois o crime. Ainda segundo Lucinha, em troca, a freira teria pedido para  instruir a testemunha no seu depoimento na delegacia.

A mãe de Beatriz revelou também que o acusado de apagar as imagens, Allinson Henrique de Carvalho Cunha, é casado com uma policial civil de Petrolina

Lucinha afirmou que continua com esperança de que o caso vai ser solucionado, e que pretende recorrer a instâncias internacionais para pressionar a apuração dos fatos. “Reafirmo que o caso de Beatriz não vai parar, e todas as pedras que colarem no nosso caminho, iremos chutá-las. O caso de Beatriz só vai parar quando todos os envolvidos forem punidos rigorosamente, dentro da lei. Do contrário, enquanto tivermos vida, nem eu, nem Sandro, iremos desistir”, disse.

Notícias de Whatsapp

Sobre a circulação de informações do caso nas redes sociais, a mãe de Beatriz criticou a maneira e a rapidez como essas notícias são espalhadas e alertou que o vazamento de informações pode prejudicar as investigações.

“É preciso ter cuidado. O acusado pode fugir, pode haver queima de arquivo e uma série de outras consequências em divulgar informações não oficiais. Peço à sociedade do Vale do São Francisco que quando receberem essas informações de bastidores, tenham mais responsabilidade. É lamentável esse tipo de postura”, disse Lucinha.

Política

Pré-candidata ao cargo de Deputada Estadual pelo estado de Pernambuco, Lucinha disse que no próximo dia 4 de agosto estará em Recife para efetivar a candidatura.

“Fui impulsionada a representar todos aqueles que estão passando por uma situação parecida com a nossa. Concordamos e vimos que há possibilidade para um mandado. Minha bandeira não será somente pela segurança pública, mas abrange também saúde e educação pública. Irei combater qualquer situação que seja contrária à sociedade e a justiça. Reafirmo meu compromisso com a sociedade”, garantiu.

Assista ao programa e veja a entrevista completa:

Da Redação por Thiago Santos

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