O terreiro Ilê Abasy de Oiá Gnan vem sofrendo há quase três anos com supostas ações de intolerância religiosa. A casa liderada pela Yalorixá Adelaide Santos, 66 anos, funciona há mais de 40 anos no bairro Quidé, em Juazeiro-BA.
O primeiro ataque foi registrado em 2015 e após outros episódios, a casa voltou a ser apedrejada no último domingo (26). O ataque aconteceu ao longo do dia.
A Yalorixá, uma idosa que sofre com problemas de hipertensão, precisou ser retirada do local por familiares e amigos. Após o ocorrido, os filhos do terreiro e os representantes das entidades, questionaram a demora nas investigações da Polícia Civil, conhecedora do fato desde o primeiro episódio.
O PNB procurou a Delegada Regional Lígia Nunes, que assumiu a Coordenadoria da Polícia Civil em março de 2017, e ela nos informou que desconhecia o primeiro registro, mas que assim que tomou conhecimento do fato adotou providências.
“O Inquérito Policial foi instaurado e providências como perícia, oitivas e outras que não podemos revelar para não atrapalhar as investigações, foram adotadas. Muito em breve o Inquérito será concluído e remetido à Justiça. Desde o primeiro dia que me procuraram aqui, no mês de junho ou julho, dei a máxima atenção e adotei todas as providências. Todavia, há investigações mais demoradas que outras, por suas próprias naturezas”, esclareceu a coordenadora.
Após o último ataque, as investigações passaram a ser comandadas pela Delegada Adelina Maria de Araújo Castro, que ratificou as informações da coordenadora.
“Eu assumi o caso recentemente e já havia um trabalho de investigação em curso, comandado pela Coordenadora Lígia Nunes. Estou dando continuidade e já ouvi testemunhas. Nossa equipe técnica já foi periciar o local por duas vezes esta semana, e já estamos com alguns suspeitos. Espero muito em breve, que o trabalho seja concluído para que possamos dar uma resposta a sociedade,”concluiu a delegada.
O caso foi denunciado ao Conselho Nacional de Direitos Humanos, em Brasília. Representantes do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade (Compir) e a Rede Sertão do São Francisco de Combate ao Racismo Institucional, também procuraram o Ministério Público e as secretarias estaduais de Promoção da lgualdade (Sepromi) e de Segurança Pública, cobrando segurança e preservação da casa religiosa.
Relembre os casos anteriores
O primeiro episódio aconteceu em 2015, quando a casa foi arrombada, apedrejada e teve o telhado parcialmente destruído. As paredes do terreiro foram todas danificadas e marcadas com cruzes. Quadros, vestimentas, imagens e fotografias também foram destruídos.
Na época, a repórter Sibelle Fonseca esteve no local e conversou com a líder da casa, Yalorixá Adelaide Santos, 66 anos, que, bastante assustada, informou não saber de onde partiram os ataques e também que a polícia esteve no local, mas não identificou os autores. Segundo ela, na ocasião foi prestada uma queixa na Polícia Civil.
Várias entidades e segmentos populares, além dos coordenadores do terreiro, fizeram um movimento para reconstruir o espaço, que, reerguido, voltou a funcionar.
Os criminosos deram uma trégua, mas voltaram a entrar em ação por pelo menos 3 vezes, durante este período. Em maio deste ano, o terreiro foi atacado e nossa equipe de reportagem esteve no local.
Novamente a polícia foi acionada e a reclamação registrada na delegacia.
Veja reportagem:
Da Redação