Secretaria diz que saúde de Juazeiro está prejudicada após médicos do Saúde da Família migrar para edital do governo federal

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Juazeiro está entre uma das mais de 1.500 cidades que sofreram desfalque no atendimento à população na Atenção Básica em saúde com a saída dos cubanos do programa Mais Médicos. De acordo com a Secretaria de Saúde (SESAU) do município, profissionais que atuavam no Saúde da Família migraram para o novo edital do governo federal, deixando uma parcela da população sem atendimento.

Na cidade baiana apenas um cubano atuava na rede. Com a abertura do edital, que está disponibilizando 8.517 vagas distribuídas em 2.824 municípios e 34 distritos sanitários especiais indígenas, seis médicos deixaram o programa de Saúde da Família e migraram para o programa federal.

De acordo com a secretária de saúde do município, Fabíola Ribeiro, ainda há uma carência de médicos para atender toda a demanda. “Praticamente triplicamos o número de profissionais contratados nos últimos anos, mas nos últimos processos seletivos não temos conseguido preencher todas as vagas”, disse.

Segundo a SESAU, estão sendo planejadas algumas medidas para tentar suprir esse déficit. “Não será fácil, mas estamos procurando caminhos para não desassistir nossa população. Faremos contratações emergenciais até que tenhamos o novo concurso, programado para o primeiro semestre de 2019”, afirmou a secretária.

Em vigor há cinco anos, o programa traz médicos de outros países para atuarem em regiões em que há déficit de profissionais de saúde.

Bahia

Em toda a Bahia, 1.522 médicos atuam no programa, distribuídos em 363 municípios. Desse total, 846 são cubanos. Com a saída dos médicos cubanos do programa Mais Médicos, 27 municípios do norte baiano perderam o reforço destes profissionais, que atendiam as comunidades mais distantes, estabelecendo vínculos com as famílias e elogiados pela forma humanizada com que tratavam os pacientes.

96 médicos cubanos atendiam aos municípios que compõem a área coordenada pelo Núcleo Regional de Saúde, antiga Dires. Entre eles estão Juazeiro, Casa Nova, Curaçá, Remanso, Uauá, Sento Sé, Jaguarari, Pilão Arcado, Senhor do Bonfim e outros. Somente Casa Nova irá perder nove profissionais.

Já em Sento Sé e Uauá, o desfalque pode ser de sete médicos, cada um. O único município da região que não contava com profissionais cubanos no seu quadro, era Sobradinho.

A Secretaria de Estado da Saúde da Bahia (SESAB) classificou como uma “grave ameaça”, a saída dos dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos. Segundo o órgão, o estado alcançou números expressivos após a implantação do Programa Mais Médicos ao longo de cinco anos de existência. Foram mais de 5,6 milhões de pessoas beneficiadas, cerca de 800 mil consultas realizadas por mês e uma cobertura de 72% da Atenção Básica.

O secretário da Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, pontou que o fim da cooperação com a Organização Pan Americana da Saúde (Opas) e o governo cubano terá grave impacto em todo o Brasil, sobretudo no norte-nordeste e na periferia das grandes cidades do sudeste. “De uma só vez, sairão mais de 8.500 médicos cubanos dos locais onde estão trabalhando atualmente. Esses médicos estão em 2.885 municípios do país, sendo a maioria nas áreas mais vulneráveis, tais com Norte, semiárido nordestino, cidades com baixo IDH, saúde indígena e periferias de grandes centros urbanos”, afirma (leia a matéria na íntegra).

Edital

As 8.517 vagas estão distribuídas em 2.824 municípios e 34 distritos sanitários especiais indígenas. Na Bahia estão sendo ofertadas 853 vagas, distribuídas entre 323 municípios baianos. A maioria das cidades baianas listadas pelo Ministério da Saúde foram classificadas como perfil de extrema pobreza e áreas vulneráveis. Entre elas: Casa Nova (Extrema Pobreza), 6 vagas; Curaçá (Extrema Pobreza), 5 vagas; Juazeiro (Capitais e RM), 1 vaga; Senhor do Bonfim (Áreas vulneráveis), 2 vagas; e Uauá (Extrema Pobreza), 7 vagas.

A Bahia é o segundo estado com maior número de vagas destinadas, ficando atrás apenas de São Paulo, com 1.406 vagas. Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Pará aparecem na sequência com, respectivamente, 630, 603 e 526 vagas.

Eles têm até 14 de dezembro para se apresentarem no município escolhido e entregar todos os documentos exigidos no edital. O salário é de R$ 11.800. As inscrições vão até o dia 7 de dezembro pelo site http://maismedicos.gov.br/. Podem se candidatar às vagas os médicos brasileiros com CRM brasileiro ou com diploma revalidado.

Saída dos cubanos

O governo de Cuba anunciou em 14 de novembro que deixaria de participar do programa Mais Médicos, após o presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmar que pretende modificar os termos de colaboração com o país caribenho. No total, xxx médicos cubanos foram excluídos do programa.

“O presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, com referências diretas, depreciativas e ameaçadoras à presença de nossos médicos, declarou e reiterou que modificará os termos e condições do Programa Mais Médicos, com desrespeito à Organização Pan-Americana da Saúde e o que foi acordado com Cuba “, diz a nota do Ministério da Saúde de Cuba.

Bolsonaro já havia indicado que pretendia romper laços diplomáticos com países liderados por governantes com viés ideológico de esquerda. Segundo ele, não havia motivo para manter a embaixada em Cuba, por exemplo.

Da Redação

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