Vacinação contra febre aftosa é prorrogada por falta de vacina

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Está prorrogada a campanha de vacinação contra a febre aftosa em todo o estado da Bahia. Agora os produtores rurais vão ter até a próxima segunda-feira, 10 de dezembro, para vacinar o rebanho. O prazo para enviar a declaração para a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB) também foi estendido até o dia 26 de dezembro. A declaração é o único documento que atesta que o gado foi imunizado.

A prorrogação foi autorizada pelo Ministério da Agricultura (MAPA) depois que alguns estados registraram problemas nos sistemas de informática que fazem o controle oficial da vacinação, ou por falta de vacina nas revendas e distribuidoras de produtos agropecuários.

Por determinação do órgão nacional, a campanha havia sido prorrogada apenas nos estados do Acre, Mato Grosso, Maranhão, Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e no Ceará. A Bahia não aparece na lista oficial divulgada pelo Ministério, mas as autoridades estaduais decidiram acompanhar, voluntariamente, a decisão federal.

Segundo a ADAB, antes da campanha, as revendedoras que atuam na Bahia tinham um estoque de quatro milhões de doses da vacina. O número era considerado suficiente para imunizar os quase três milhões de animais previstos para esta etapa. Mas muitas doses eram de 50 ml, volume acima do necessário e de maior custo para os produtores.

“Sabemos que muita gente não conseguiu as doses de 10 ml, que são as mais usadas pelos pequenos produtores rurais da Bahia. Por isso nós publicamos uma portaria estadual para não prejudicar os nossos pecuaristas, que também enfrentaram dificuldades para encontrar a vacina. Este é um novo prazo que consideramos suficiente para as empresas revendedoras comprarem novas doses”, diz Rui Ferreira Leal, diretor de Defesa Animal da ADAB.

Antes da decisão, o calendário de vacinação estava previsto para terminar no dia 30 de novembro.

Estoque

Muitas empresas de produtos agropecuários alegaram ter comprado quantidades menores de doses por causa das mudanças previstas para 2019, quando devem ser reduzidas as dosagens da vacina em todo o Brasil. Outros estados apontaram ainda dificuldades operacionais para distribuir as vacinas, ou até fatores climáticos que impedem a chegada das doses até os rebanhos. É o caso do Maranhão onde focos de incêndio estão impedindo o acesso a algumas propriedades.

Na Bahia a previsão é de que cerca de 2 milhões e 928 mil animais sejam vacinados nesta segunda etapa. Até a última sexta-feira, 1 milhão e 907 mil animais já tinham sido imunizados, o correspondente a 65% dos bovinos e bubalinos que devem receber a vacina nesta fase. Nesta etapa devem ser vacinados os animais com até dois anos de idade.

A Bahia é reconhecida internacionalmente como zona livre da febre aftosa – com vacinação – desde 2001. Quem não vacina o rebanho é multado em R$ 53 por cabeça, em R$ 160 por propriedade não declarada, e fica impedido de vender ou transportar o gado.

“O nosso objetivo é manter o status de zona livre de febre aftosa concedido à Bahia, pela Organização Mundial de Saúde Animal pelo 17º ano consecutivo. Essa meta estabelecida garante a manutenção de índices vacinais superiores a 90% e o cumprimento semestral das metas exigidas pelos organismos internacionais”, destaca Leal.

Menos vacinas nos próximos anos

O governo federal já confirmou que nos próximos anos pretende reduzir o uso da vacina em todo o rebanho nacional, tornando o país livre de aftosa sem vacinação. A medida faz parte do Plano Nacional de Erradicação de Febre Aftosa, e será implantada gradualmente, com a redução ano a ano das doses aplicadas. O status de livre de aftosa, sem necessidade de vacinação, deve valorizar ainda mais o rebanho brasileiro junto aos compradores internacionais.

O fator econômico também é relevante neste contexto. Até 2022, em todo o país, a dispensa da vacina deve reduzir em mais de R$ 1 bilhão os gastos com mão de obra, transporte e outros serviços usados na vacinação.

A Bahia quer se tornar livre da aftosa sem uso da vacina em 2021. A febre aftosa é uma doença altamente contagiosa. Ela atinge animais de casco fendido, como bovinos, bubalino e caprinos, e pode ser transmitida pelo contato entre animais doentes e sadios. Nos países onde a doença ainda não foi erradicada, a aftosa desvaloriza o preço do gado e provoca restrições sanitárias que impedem a comercialização dos animais.

Doação mantida

Apesar dos problemas de falta vacina no Brasil, o Ministério da Agricultura (MAPA) vai manter o envio de milhares de doses para a Venezuela. Nesta terça-feira, 04 de dezembro, um Boeing 767 da FAB embarcou em direção a Caracas, levando 1,6 milhão de vacinas para o país vizinho.

No total, até janeiro de 2019, serão doados 20 milhões de doses. As primeiras 500 mil foram enviadas no mês passado, como foi antecipado pelo CORREIO. Outras 17,9 milhões de doses estão sob guarda do Mapa, em Brasília, e serão liberadas posteriormente. O rebanho venezuelano chega a 17 milhões de cabeças. O país ainda não conseguiu erradicar a febre aftosa e é considerado um risco grave para o rebanho de outros países da América do Sul, tanto que as vacinas foram doadas por entidades ligadas aos pecuaristas do Brasil.

Correio da Bahia

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