Autor da “muriçoca gigante” reivindica soltura da obra e lança a música “Solta Solta, muriçoca”

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(foto: reprodução)

O mototaxista Rafael Pereira, 36 anos, autor da muriçoca gigante instalada da Rodoviária de Juazeiro na tarde da última sexta-feira (16), participou do Palavra de Mulher na Web de hoje (19) e questionou a prefeitura sobre a retirada de sua obra por prepostos da gestão municipal.

Rafael, que mora em Juazeiro há 13 anos e é natural de Araripina/PE, trabalha como mototaxista no Terminal Rodoviário, um dos maiores focos de infestação do inseto da cidade. Ele disse que não teve a intenção de fazer protesto, mas de gravar um vídeo para o seu canal no YouTube, o Humoriçocas Cruz, onde postas vídeos de humor.

A muriçoca gigante, com mais de dois metros de comprimento, feita de papelão, plástico e isopor, seria personagem do vídeo. Mas assim que colocou o monumento no local, funcionários da prefeitura recolheram a escultura de Rafael, alegando que ele não tinha permissão para expor naquela via.

“Eu botei minha muriçoca lá na frente na rodoviária e fui me trocar, me produzir para gravar uma parte do vídeo, que tinha ainda outras partes para serem gravadas em outros locais. Quando sai já todo pronto para a gravação, tinham levado ela.Os guardas da prefeitura prenderam minha muriçoca, sem me dizerem o que ela tinha feito de errado”, contou o humorado Rafael.

Ele também lembrou do “ovo rosa” e da “jumenta branca”, entre outras peças, que passaram a fazer parte de espaços públicos da cidade, inclusive da orla II, depois que o escultor ledo Ivo resolveu distribuir alguma esculturas de sua autoria em alguns pontos de Juazeiro, em abril deste ano.

No caso do conhecido artista plástico Ledo Ivo, a Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano o procurou  para regularizar a licença de solo e liberou sua exposição por três meses. Não houve apreensão do material, mesmo com o prazo esgotado no dia 5 de agosto.

O artista anônimo Rafael Pereira não recebeu o mesmo tratamento da gestão e agora reivindica a soltura da muriçoca.

“Não me deram nenhuma satisfação. E eu vou na Semaurb pedir minha muriçoca de volta. Não tem nada tem a ver com questões políticas ou de protestos. Eu quero que alguém, alguma autoridade me devolva. Eu sou o dono da obra de arte e tenho direito de tê-la de volta”, protestou Rafael.

Rafael disse também que não esperava que sua brincadeira tivesse tanta repercussão, mas aproveitando o momento, já gravou até o vídeo “Solta Solta muriçoca”, onde trata do impasse de forma bem humorada. Ele aposta que a música viralize e se transforme no hit do carnaval 2020.

“Eu e meu parceiro gravamos um vídeo ontem, mas ainda vamos aprimorá-lo. Este é só uma demonstração.Vamos fazer uma produção melhor e a música vai bombar nos paredões e no carnaval”, disse o confiante Rafael.

Em nota a Prefeitura de Juazeiro se pronunciou sobre a retirada da muriçoca, justificando que o autor “não tinha  licença para exposição, por isso foi recolhida pela Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano”.

Veja nota da Ascom:

Prefeitura Municipal de Juazeiro informa que qualquer intervenção, apresentação ou exposição em solo público necessita de prévia comunicação e/ ou autorização para que seja realizada. A obra do referido autor não tinha licença para exposição, por isso foi recolhida pela Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano.

Com relação ao trabalho de combate às muriçocas em Juazeiro, a Prefeitura informa ainda que é um trabalho que inicia com a limpeza dos canais fluviais, logo em seguida acontece a aplicação de cal para impedir a reprodução do mosquito Aedes aegypti, além do trabalho de saneamento desenvolvido pelo SAAE na cidade, onde até o final do ano chegará a 96% da cidade saneada, com isso, os canais deixarão de receber esgoto doméstico e passarão a ser o curso das águas das chuvas.

Opinião

Sem querer entrar no mérito do trabalho de combate a muriçoca, em Juazeiro, que já se mostrou ineficaz, a  justificativa da prefeitura é baseada no Código de Postura do município. No entanto, a gestão agiu de forma autoritária, censurando a manifestação do autor, sem ao menos dar-lhe a chance de regularizar a licença de solo, como agiu com o artista plástico Ledo Ivo. Dois pesos e duas medidas? Os cidadãos são iguais, perante a lei e merecem o mesmo tratamento. Lembrando que o prazo para retirada das esculturas do artista juazeirense, terminou em 5 de agosto e até o momento elas continuam expostas.

Música

Da Redação por Sibelle Fonseca

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