Perigo: as investidas de Bolsonaro contra a democracia são assombrosas e recorrentes

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Não é de agora que Jair Bolsonaro, após críticas e desqualificações, gera crise entre os Poderes. Ainda deputado do baixo clero, irrelevante e inexpressivo, Bolsonaro defendia abertamente o fechamento do Congresso. Os ataques ganharam força, desde que caiu na cadeira de presidente.

Após o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, chamar o Congresso de “chantagista”, em uma gravação que vazou na internet, o próprio presidente compartilhou, pelo WhatsApp, um vídeo com convocações a manifestação anti-Congresso, marcada para o próximo dia 15.

A atitude de Bolsonaro gerou repúdio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de parlamentares e de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e de defensores da democracia.

Esta má conduta de Bolsonaro é repetitiva. Em outras manifestações, o chefe de estado não se privou de ameaçar às instituições, defender a ditadura militar e desqualificar o Legislativo e o Judiciário, frequentemente atacados também pelos apoiadores do presidente brasileiro.

Em 2016, quando era deputado federal, ele mencionou o Coronel Ustra, reconhecido torturador da ditadura, ao votar favoravelmente ao impeachment da então presidente Dilma Rousseff. “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff (…), o meu voto é sim”, afirmou Bolsonaro. A ex-presidente foi torturada durante a ditadura militar.

Em agosto de 2019, Bolsonaro voltou a exaltar o torturador Ustra, afirmando que ele era “um herói nacional”.

Três meses após assumir a presidência, em março do ano passado, Bolsonaro determinou às Forças Armadas que comemorassem o aniversário do golpe militar de 1964, que deu início a um período de trevas no Brasil, marcado por censura, torturas a adversários políticos, cassação de direitos e fechamento do Congresso Nacional.

Reiteradamente, Jair Bolsonaro nega que o Brasil tenha passado por uma ditadura e defende o regime militar.

“Temos de conhecer a verdade. Não quer dizer que foi uma maravilha, não foi uma maravilha regime nenhum. Qual casamento é uma maravilha? De vez em quando tem um probleminha, é coisa rara um casal não ter um problema, tá certo? […] E onde você viu uma ditadura entregar pra oposição de forma pacífica o governo? Só no Brasil. Então, não houve ditadura”, disse.

Outro episódio que demonstra a faceta anti-democrática e perverso de Bolsonaro, aconteceu em julho do ano passado, quando ele ironizou a morte de Fernando Santa Cruz, desaparecido após ser preso pelo regime militar.

Na ocasião, o presidente reclamava da atuação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na investigação do caso de Adélio Bispo, autor do atentado à faca do qual foi alvo, e disse que poderia explicar ao presidente da entidade, Felipe Santa Cruz, como o pai dele desapareceu durante a ditadura militar.

Pouco depois, nas redes sociais, valendo-se de mais uma informação falsa, o presidente afirmou que Fernando havia sido morto por grupos da esquerda.

Bolsonaro já se indispôs com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quando os dois bateram boca, em público, com a participação de Sergio Moro, que foi chamado pelo deputado de “funcionário do presidente” após fazer cobranças ao Legislativo, em março de 2019.

O posicionamento de Bolsonaro foi ironizar a prisão do sogro de Maia, Moreira Franco, e falou em velha política. Já Maia disse que estava sendo atacado enquanto bancava sozinho a reforma da Previdência e Bolsonaro brincava de presidir o país.

Em maio, Bolsonaro compartilhou em grupos de WhatsApp um texto dizendo que o Brasil “é ingovernável” sem os “conchavos” que ele se recusaria a fazer. Ele também afirmou que estaria impedido de atuar por não concordar com os interesses das corporações.

Em outubro do ano passado, Bolsonaro publicou nas redes sociais um vídeo em que aparecia como um leão acossado por hienas.

Entre as hienas apareciam o STF (Supremo Tribunal Federal), o PSL (legenda pela qual foi eleito mas da qual se desfiliou), partidos de esquerda como PT e PSOL, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e veículos de imprensa, incluindo a Folha.

O vídeo terminava com a chegada de um outro leão chamado de “conservador patriota” e com um apelo: “Vamos apoiar o nosso presidente até o fim e não atacá-lo. Já tem a oposição pra fazer isso!”

O vídeo foi apagado e, um dia depois, o presidente admitiu que errou e pediu desculpas ao STF e “a quem porventura ficou ofendido”.

E que não se lembra, ainda durante a campanha em 2018, de um vídeo em o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e parlamentar que teve a maior votação nesta eleição, afirmando que “se quiser fechar o STF […] manda um soldado e um cabo”.

Em tom de ameaça, durante uma palestra feita antes do primeiro turno das eleições, ele disse que se o STF impugnasse a candidatura do pai teria que pagar para ver o que iria acontecer. “Será que eles vão ter essa força mesmo? O pessoal até brinca lá: se quiser fechar o STF, você sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo não. O que que é o STF, cara? Tira o poder da caneta de um ministro do STF, o que que ele é na rua? Você acha que a população… Se você prender um ministro do STF, você acha que vai ter uma manifestação popular a favor do ministro do STF?”

Com o anúncio de mais uma manifestação de rua, que terá como alvo o Congresso Nacional, e de quebra, o STF, anuncia-se um tempo assombroso para a democracia no Brasil. Bolsonaro e sua turma não se conformam com as regras do jogo democrático, pretendem governar de modo imperial, autoritário, com desprezo absoluto pelo parlamento, e sem a fiscalização do Supremo.O “capitão da tortura” está incitando parte da população brasileira a pedir o fechamento do Congresso.Que democracia pode existir sem o pleno funcionamento do Poder Legislativo? É uma ditadura que querem?

No fim de seu “desabafo” contra o parlamento, o General Heleno mandou um “foda-se” para deputados e senadores.

Fica agora, mais do que nunca, a obrigação daqueles que prezam pela democracia somar forças contra este exército do terror, capitaneado por um desequilibrado e demente, que almeja plenos poderes para agir livre nas suas sandices. Um homem perigoso, protegido por milicianos, jagunços de toga, estúpidos de gravata e mais uma raça de cristofascistas, que sabem muito bem o que fazem.

Da Redação por Sibelle Fonseca 

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