
Nesta quarta-feira (25) o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, mudou o discurso e endossou o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, criticando as medidas preventivas à pandemia do Coronavírus, que prevê restrições, como a quarentena.
“Temos que melhorar esse negócio de quarentena, foi precipitado, foi desarrumado”, disse Mandetta.
Ele afirmou que as restrições de circulação podem comprometer, inclusive, o sistema de saúde e falou em racionalidade. Somente agora, o ministro fala que as determinações sobre quarentena foram feitas de forma desorganizadas, precipitadas e ocorreram muito cedo.
Sem responder as perguntas de jornalistas, ele abriu uma entrevista coletiva realizada de forma remota, quando disse que fica no cargo e só sairá quando o presidente achar que ele não serve ou se ficar doente.
O ministro disse defender critérios de quarentena baseados em patamares de números de casos de cada estado. Assim, medidas poderiam ser tomadas de acordo com o avanço da doença.
A exemplo de seu chefe, Mandetta falou em quarenta somente para idosos e pessoas com sintomas.
“Tem várias maneiras de fazer quarentena, a horizontal, a vertical, isso tudo tem um bando de gente estudando. Não vamos fazer nada que a gente não tenha confiança. Antes de adotar o fecha tudo, existe a possibilidade de trabalhar por bairro, existe a possibilidade de fazer redução em determinados aparelhos.”
Seguindo o criticado discurso de Bolsonaro, que deixou a população, especialistas e autoridades sanitárias perplexas, o ministro argumentou a preocupação com a economia do país.
“Se não tivermos cuidado com a atividade econômica, essa onda de dificuldade que a saúde vai trazer vai provocar uma onda de dificuldade ainda maior com crise econômica”, diz.
Por fim, ele aliviou para as igrejas e falou na importância da fé.
“Que as igrejas fiquem abertas, mas não se aglomerem.”
Em entrevista à CNN Brasil no último domingo, Bolsonaro afirmou que Mandetta tinha exagerado e usado palavras inadequadas, quando deu uma declaração de que, em abril, o sistema de saúde entraria em colapso.
A auxiliares próximos, Bolsonaro cobrou que o ministro tivesse um discurso mais afinado ao do Palácio do Planalto e se irritou, porque Mandetta não o defendeu, em entrevistas à imprensa, quando ele foi criticado por participar de manifestação a favor do governo em Brasília, em meio à crise do coronavírus.
Na crise do Coronavírus, Mandetta roubou o protagonismo de Bolsonaro e foi mais bem avaliado que o presidente em pesquisa do Datafolha divulgada ontem (24). Dos 1.558 entrevistados entre 18 e 20 de março, 55% aprovam o trabalho da pasta da Saúde. Já Bolsonaro tem sua gestão da pandemia aprovada por 35%.
O novo discurso de Mandetta surge um dia após Bolsonaro criticar o fechamento de escolas e do comércio, contrariando orientações dos órgãos de saúde, e atacar a imprensa e as medidas dos governadores.
Quadro do Coronavírus no Brasil
O Ministério da Saúde registra 2.433 casos da doença e 57 mortes nesta quarta-feira. A evolução no número casos, com relação ao dia anterior, tem caído desde segunda-feira, quando se iniciaram restrições mais fortes de circulação em vários estados do país, como São Paulo (onde está a maioria dos casos e mortes).
Nesta quarta, esse avanço foi de 11% no Brasil. No dia 22, por exemplo, o aumento no número de casos havia representado um salto de 37% na comparação com o dia anterior.
Mandetta afirmou que o número de casos está dentro do esperado para esta época.
Da Redação com informações O Estadão