Na última quarta-feira (25), em rede nacional, Jair Bolsonaro, defendeu o fim do isolamento social, em mais uma tentativa de negar a gravidade da Covid-19.
A manifestação do presidente, que já virou até campanha estimulando a volta ao trabalho de regimes de confinamento, contraria orientações globais sobre uma forma eficaz de combater a transmissão do vírus, que vem matando milhares de pessoas no mundo, e no Brasil se aproxima de cem vítimas fatais.
Em apoio a orientação de Jair Bolsonaro, circulou nas redes sociais a convocação para uma manifestação em prol da abertura do comércio de Juazeiro-BA, contrariando o Decreto Municipal do Prefeito Paulo Bomfim, que determinou o fechamento do comércio na cidade e suspendeu eventos que aglomerem pessoas, como medidas preventivas ao Coronavírus.
O evento intitulado “Reabre Juazeiro”, não revela nomes e nem entidades organizadores, e tem concentração marcada para amanhã, 28.
O Portal Preto No Branco ouviu alguns líderes políticos e pré-candidatos à prefeitura de Juazeiro para as eleições de 2020, sobre o assunto que divide opiniões e coloca em xeque a ciência.
Coronel Anselmo Bispo
“Eu entendo que nesse momento o isolamento social é extremamente necessário, mas entendo também que as autoridades precisam de maneira urgente, criar opções para proteger o grupo de vulneráveis e dar oportunidade de produção aos que necessitam. Entendo que estamos numa discussão simplória de ser contra ou a favor desse isolamento. Se não temos, nesse instante, condições para atender uma demanda na saúde, que procuremos as soluções para criar essas condições e ai, gradativamente, liberar a produção. A equipe técnica dos governos é que são responsáveis por estudar isso e apresentar opções. Por exemplo: temos uma Unidade do Exército Brasileiro ao nosso lado, porque não provocar a montagem de um hospital de campanha no Estádio Adauto Moraes? Seria uma opção interessante, porque receberia os casos mais leves e deixaria os hospitais para os casos mais graves,” opinou o Coronel Anselmo Bispo, que já laçou sua pré-candidatura.
Pastor Teobaldo
O Pastor Teobaldo disse que “Amar é cuidar e proteger. A Igreja de Cristo precisa ser solidária nesta hora. É preciso proteger os idosos e os demais em situação de risco. Alguns precisarão estar na linha de frente e outros de serem protegidos. Nosso cultos são online. Neles passamos Fé e Esperança”, pregou.
Raffani
O Pastor Raffani, que também lançou seu nome ao governo municipal, assim se expressou: “O Brasil está em um impasse. O governo federal aposta suas fichas na economia. Sabe que se o Brasil falir, não haverá nem governabilidade, nem reeleição. Os governos estaduais e municipais estão na linha de frente. Preferem medidas duras que afetem a economia por um período, mas que preservem as vidas e evitem um caos na saúde pública.
Por outro lado, milhares, milhões de pessoas no país trabalham sem nenhuma reserva, saindo as ruas de manhã para trazer o sustento do dia. O presidente vai às mídias e conclama seus seguidores a irem para a rua.
Minha prioridade é em defesa da vida. Mas sei que uma crise financeira também pode tirar vidas. O governo precisa garantir a renda de quem vai parar, e não apenas mandar parar. Um “pacote de bondades” deve ser anunciado, pensando principalmente na população mais vulnerável. É preciso que o governo faça a sua parte.
E urgente, quem tem fome, tem pressa. Quem está vivo, pode retomar sua vida. Quem morre, não.”, disse o pastor.
Suzana Ramos
A ex-vereadora Suzana Ramos (PSDB), também opinou sobre o tema: “É difícil falar sobre esse assunto, pois essa doença assusta. Acredito que seria melhor manter o comércio fechado nesse mês de abril. Os governantes precisam adotar medidas para atender a população mais carente. Depois, a depender do crescimento do vírus no Brasil, o governo poderia adotar medidas para a reabertura do comércio, limitando a entrada de pessoas nos estabelecimentos, com proteção. A gente também não pode ir de encontro ao Ministério da Saúde, e aos especialistas, que destacam a importância do isolamento social. Por isso eu sou a favor de que as pessoas fiquem em casa, pelo menos nesse primeiro momento, levando em consideração a informação de que o pico da doença acontecerá agora em abril. Todos nós estamos com o mesmo medo, mas não podemos esquecer do próximo, que está passando necessidade. Então, temos também que nos mobilizar e procurar maneiras de ajudar essas pessoas”, declarou Suzana.
Alan Jones
O médico e vereador de Juazeiro, Alan Jones, defendeu a medida de isolamento social
“Acredito que o Brasil, assim como o restante do mundo, foi surpreendido com a pandemia do novo coronavírus. A gente já viu milhares de pessoas que foram infectadas e morreram em outros países, e o Brasil precisa se preparar. Precisamos seguir rigorosamente as orientações das autoridades de saúde. Esse é um momento crucial, e o isolamento social é a melhor forma de prevenção. Precisamos também adotar diariamente hábitos de higiene. Além disso, a qualquer sintoma, devemos nos afastar pelo menos dois metros das pessoas. Nesse momento o isolamento também é um ato de amor, de dignidade e humanismo. Espero que todos nós de Juazeiro, do Vale do São Francisco, saíamos dessa situação com a esperança renovada. Que a gente tenha o número mínimo de infectados e nenhuma morte, invertendo a lógica que diz que a curva está crescente. E espero que dê uma forma consciente, orientada e educada, entendendo o momento, a população possa manter esses hábitos de prevenção,” finalizou Allan.
Da Redação