Sem receber salários: “como é que a gente trabalha dessa forma?”questiona funcionários do Hospital Psiquiátrico Nossa Senhora de Fátima, em Juazeiro

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Um grupo de funcionários do Sanatório Nossa Senhora de Fátima de Juazeiro-BA, procurou a redação do PNB para denunciar o atraso no pagamento dos salários.

Um dos funcionários, que pediu para não ser identificado, temendo represálias, disse ao PNB que há quase dois meses começou a trabalhar no ambulatório psiquiátrico especializado no tratamento de doenças e transtornos mentais e até agora sequer teve a carteira de trabalho assinada.

“Eu fui contratado para trabalhar no sanatório em fevereiro, mas até hoje não recebi salário. Por conta do atraso, minha situação está complicada. Tenho uma família para sustentar e contas para pagar. Minha luz já foi cortada. Só não estamos passando necessidade porque minha família está me ajudando. Como é que a gente trabalha dessa forma? Ninguém dá nenhuma informação sobre o pagamento”, contou.

O funcionário afirmou também que está preocupado com a falta de comprovação de que trabalha no ambulatório psiquiátrico. De acordo com ele, os funcionários não batem ponto, nem assinam a folha, o que gera insegurança quanto a contratação

“Chego para trabalhar às 7h e saio às 17h, mas não assino nenhuma frequência e não bato nenhum ponto. Também não assinei nenhum contrato no momento da contratação. Além disso, até hoje não fui informado se a minha carteira de trabalho já foi assinada”.

Um segundo funcionário da instituição informou ao PNB que outros profissionais que atuam no sanatório também estão passando pela mesma situação.

“Médicos, enfermeiros, técnicos, porteiros, gerentes, pessoal da administração, todos estão na mesma situação. Alguns estão sem receber há três meses. “, acrescentou.

O PNB encaminhou a reclamação para a direção do Sanatório Nossa Senhora de Fátima. Até o fechamento desta matéria não obtivemos respostas.

Relembre

No segundo semestre do ano passado, o Sanatório passou por uma crise financeira e chegou a suspender suas atividades. Em outubro, conversamos com a Gerente Financeira do ambulatório, Ivonete de Souza e com a Secretária de Saúde de Juazeiro, Fabíola Ribeiro, sobre a situação.

Na ocasião, Ivonete declarou que “o Sanatório não tinha condições de manter os pacientes, pois o valor que recebiam não estava dando para pagar as despesas. “Por tanto, como não estamos com receita para pagar os funcionários, comprar remédios, pagar alimentação e fornecedores, fomos obrigados a suspender os serviços por tempo indeterminado”, declarou na época.

Ivonete explicou ainda que a diminuição na verba se deu após o redirecionamento da porta de entrada das urgências psiquiátricas, onde desde fevereiro de 2019, o hospital deixou de ser responsável pela demanda espontânea.

“Nosso faturamento é feito de acordo com o número de pacientes internos, e com o redirecionamento, os usuários não estão sendo mais regulados para o hospital. Por conta disso, as verbas que recebemos estão cada vez mais reduzidas”, acrescentou.

Em resposta, Fabíola Ribeiro explicou que com a criação dos CAPS em Juazeiro, as internações de pacientes do município no Sanatório foram diminuindo naturalmente, e para agravar a situação, de acordo com documentos do Ministério Público Federal, a estrutura e o atendimento na unidade não estavam dentro do que preconiza a Reforma.

“Por conta das novas orientações no que diz respeito ao atendimento aos pacientes de saúde mental, houve uma redução no encaminhamento de pacientes para o hospital psiquiátrico. Diante de situações ocorridas no final do ano de 2018, a gestão municipal foi chamada pelo Ministério Público Federal para receber orientações sobre a estruturação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e sua participação na rede Pernambuco-Bahia (PEBA). A gestão foi alertada, sob pena de ser responsabilizada, de que o Sanatório não estava dentro dos padrões exigidos pela Lei da Reforma Psiquiátrica, no que tange a estrutura e atendimento. Fomos obrigados então a estruturar a rede própria de saúde mental, e para isso organizamos o processo de regulação no controle de leitos, em conjunto com a Central de Regulação Interestadual de Leitos (CRIL) , para garantir qualidade na assistência e maior transparência para todos os envolvidos”, esclareceu na ocasião.

(Veja a matéria completa)

 

Da Redação

 

2 COMENTÁRIOS

  1. Se não tem condições de funcionar é melhor fechar, se não estão honrando com os funcionários, imagino os pacientes. Os funcionários que saíram o ano passado, estão ainda sem receber 4 meses de salários, 4 anos sem FGTS e INSS e 2 anos sem 13 salário. O Sanatório vive praticamente de doação. Tem muita dívida e não paga ninguém. Muito triste!!!
    Não sei como ainda funciona, mas sem pagar as dividas deve ser fácil.

  2. Infelizmente é realidade, até hoje não recebi nada e trabalhei por muito tempo. A prefeitura pagou todos os repasses, foi feito um empréstimo de 3 milhões pra pagar as dividas e mesmo assim os funcionários ficaram sem receber. Até telefone não funciona e as ligações são feitas por quem trabalha lá. Administração incompetente e irresponsável. O tempo todo ouvia que era culpa da prefeitura e agora de quem será a culpa?

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