Após abandonar reunião virtual, membros do Conselho Universitário da Univasf repudiam atitude de reitor pro-tempore

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(foto: divulgação)

Membros do Conselho Universitário (Conuni) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) emitiram uma nota de repúdio contra Paulo César Fagundes Neves, reitor pro-tempore da instituição, que abandonou a sessão ordinária que estava sendo realizada nesta sexta-feira (29). Segundo os conselheiros, Paulo Fagundes abandonou a reunião alegando que seu expediente se encerrava às 18h e que tinha “outros compromissos”.

A reunião estava sendo realizada via conferência web da Rede Nacional de Pesquisa, com a presença de 67 conselheiros. Um dos pontos de pauta da reunião pretendia discutir a situação dos pró-reitores que tiveram os nomes rejeitados pelo Conuni e mantidos pelo reitor pró-tempore, além de proposta de nota de esclarecimento do Conselho, a ser divulgada no site da UNIVASF, como direito de resposta a uma outra nota publicada pelo mesmo.

Segundo os conselheiros, foi neste momento que Paulo Fagundes deixou a sala de reuniões, “dizendo que o expediente se encerra às 18h e ele tinha outros compromissos, quando apenas um item da pauta tinha sido deliberado e a plenária manifestando-se positivamente para continuar o debate e deliberações, uma vez que havia quórum e um representante legal que poderia dar continuidade a reunião, o Vice-Reitor, substituto natural em eventos como esse”, diz um trecho do documento.

A nota do Conuni, órgão superior deliberativo, normativo, consultivo e de planejamento da Universidade e que é formado por representantes da comunidade acadêmica e da comunidade externa, classificou a atitude de Paulo Fagundes como um “espetáculo dantesco” e “vergonhoso”, e disse ainda que o reitor pró-tempore se mostrou “incompetente para conduzir uma reunião de praxe” (leia na íntegra abaixo).

“Decisões antidemocráticas”

A gestão temporária de Paulo Fagundes vêm gerando um desconforto dentro da comunidade acadêmica da Univasf. No dia 5 de maio, em entrevista ao programa Palavra de Mulher Web, Omar Torres, representante da sociedade civil no Conuni, falou sobre a situação da universidade, que desde o final do ano passado, vive um imbróglio judicial para nomeação do seu mais novo reitor.

Omar Torres se manifestou contra a nomeação de Paulo César Fagundes Neves como reitor pro tempore da Univasf e elencou uma série de ações que vem sendo adotadas pelo interventor, e que segundo ele, representam risco à democracia e a autonomia da instituição. Na época com menos de um mês no cargo temporário, segundo Torres, o reitor pro-tempore instituiu uma série de medidas antidemocráticas, desrespeitando, inclusive, o Conuni (clique aqui e confira as decisões tomadas pelo reitor pro-tempore consideradas antidemocráticas pelo conselheiro e entenda o imbróglio judicial envolvendo a Univasf).

Íntegra da nota

NOTA DE REPÚDIO DE REPRESENTANTES DO CONUNI À ATITUDE DESRESPEITOSA E AUTORITÁRIA DO REITOR PRÓ – TEMPORE DA UNIVASF

A universidade é um espaço público onde devem vicejar as reflexões, os conhecimentos e técnicas, em clima de normal aceitação das contradições, das diferentes visões de mundo, da liberdade de pensamento e de criação. Tem de ser, obrigatoriamente, lugar da convivência plural da sociedade pelas
responsabilidades que a sua missão impõe para além das disputas de poder e acima dos interesses pessoais ou grupais. Portanto, é dever do seu dirigente respeitar as suas instâncias superiores e os sujeitos que as integram por direito, compreendendo a legitimidade de quem ali chegou por deliberação dos seus órgãos colegiados.

O Conselho Universitário da UNIVASF reunido em sessão ordinária, no dia 29 de maio de 2020 e com 67 conselheiros presentes, vivenciou um espetáculo dantesco, vergonhoso de um Reitor Pró-Tempore que se mostrou incompetente para conduzir uma reunião de praxe, abandonando-a sem explicações e justamente no ponto de pauta em que seria discutida a situação dos pró-reitores que tiveram os nomes rejeitados pelo Conuni e mantidos pelo Reitor Pró-Tempore e proposta de nota de esclarecimento desse Conselho a ser divulgada no site da UNIVASF como direito de resposta a nota publicada pelo Reitor Temporário. Neste momento, ele deixou a sala de reuniões via conferência web da Rede Nacional de Pesquisa apenas dizendo que o expediente se encerra às 18h e ele tinha outros compromissos, quando apenas um item da pauta tinha sido deliberado e a plenária manifestando-se positivamente para continuar o debate e deliberações, uma vez que havia quórum e um representante legal que poderia dar continuidade a reunião, o Vice Reitor, substituto natural em eventos como esse. Lamentavelmente, estamos no dizer de Eric Hobsbawm (2013, p. 9-10), vivendo na UNIVASF “Tempos Fraturados”, com a perda de rumo, uma instituição desgovernada, desorientada e com dias tenebrosos.

A democracia e o respeito à vontade da comunidade que não elegeu essa gestão que aí chegou por imposição política, sem o voto dos atores que a constrói, estão com enormes fissuras. Essa gestão descomprometida e sem lastro democrático, desconhece o sentido público da universidade como instituição social, pretendendo anular o sujeito moral exigido pela cidadania consciente e participativa, para emergir o protecionismo, a troca de favores, o desrespeito aos Conselheiros da instância mais importante da universidade e o ódio, na tentativa de apagar o projeto civilizatório que foi construído nesses últimos anos.

Como partícipes da Educação Superior, os Conselheiros em suas diversas categorias entendem a universidade como campo de disputas de poder que envolvem ideias e lugares sociais distintos e frequentemente conflitantes, nos currículos dos cursos, nas estruturas de ensino, de pesquisa e de extensão, mas respeitando-se as regras e os instrumentos legais que regem a instituição.

É da missão da UNIVASF enquanto instituição pública democrática, quando mergulhada nos encontros e desencontros do seu cotidiano, conduzir a sua política educacional com respeito às diferenças e as contradições vigentes na coletividade, assumindo suas responsabilidades na construção do bem comum. Estamos reagindo a tamanho descalabro. Não ficaremos calados diante de tamanha afronta à Educação Pública e a toda a comunidade que a financia.

Petrolina, 29 de maio de 2020.

Assinam esta carta os seguintes conselheiros do CONUNI:
Adelson Dias de Oliveira – CCISO
Alexandre Ramalho Silva – PROFMAT
Ângelo Augusto Silva Sampaio – PPGPSI
Bruno Abreu de Melo – representante discente titular
Bruno Cezar Silva – Rep Tec. ADM
Claudine Gonçalves de Oliveira- CECO
Cristiane de Queiroz Bezerra representante titular TAE
Daniel Pifano -CCBIO
Daniel Tenório da Silva- Titular Colegiado de Farmácia
Daniel Vieira de Sousa – CGEO
Denes Dantas Vieira- PPGExR
Fernando Augusto Kursancew – Representante Técnico-Administrativo
Flora Romanelli Assumpção – CARTES
Jàder Barrozo Carvalho – representante TAE
Jiovane dos Santos Gomes – Representante Discente titular
João Alves do Nascimento Júnior – Representante Docente.
Lucido Lopes de Alencar – Representante Técnico-Administrativo
Lucimary Araujo Campos – Representante Técnico-Adminsitrativo
Luis Alberto Valotta – Representante Docente Titular
Luzania Barreto Rodrigues – Titular Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional
Marcia Bento Moreira PPGADT
Mariane Valesca de Menezes Lacerda – Representante Discente Titular
Mateus Alencar Ferreira – Representa vinte Discente Titular
Mayara Marques de Santana – Representante Discente Titular
Miguel Lino Spinelli Rabelo Neto – Rep. Téc Adm
Milton Pereira de Carvalho Filho – Representante TAE titular
Omar Dias Torres – Rep. do Público Externo
Patrícia Avello Nicola – PPGCSB
Rafael Torres de Souza Rodrigues- PPGCA
Rainer Miranda Brito -CANT
René Geraldo Cordeiro Silva Junior – Decano interino – Colegiado de Medicina Veterinária
Sirius Oliveira Souza – CGEO
Thaís Pereira de Azevedo – CENAMB
Vanderlei Souza Carvalho – Presidente docente da SindUnivasf
Victória Maria Duarte Rangel Cunha – Representante Discente titular
Vivianni Marques Leite Dos Santos
Vladimir de Sales Nunes – Representante Discente
Wagner Carvalho Santiago – CCIVIL

Da Redação

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