Entidades de Saúde Mental emitem carta aberta apontando retrocessos na rede de Atenção Psicossocial de Juazeiro

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(foto: arquivo)

O Núcleo de Mobilização Antimanicomial do Sertão (Numans), da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), e entidades representativas que discutem a questão da saúde mental, emitiram uma carta aberta apontando o que eles consideram como “retrocessos na rede de Atenção Psicossocial de Juazeiro”, no Norte da Bahia.

Na nota, as entidades consideram que os efeitos psicossociais da pandemia da covid-19 têm sido destacados no mundo, de forma que não há argumento que justifique desmontes de qualquer serviço dessas redes. A nota ressalta que, além das pessoas que já eram usuárias dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), novas demandas têm aparecido e requerem, na mesma medida, a garantia da oferta de cuidado em Saúde Mental e Atenção Psicossocial.

Portanto, para as entidades, “os fluxos de acolhimento e acompanhamento nos diversos serviços que compõem a RAPS, incluindo Unidades de Saúde da Família/USF, Unidade de Pronto Atendimento/UPA, SAMU e CAPS, precisam ser construídos a partir dessas especificidades”. Diante disso, o Numans e os demais órgãos elencaram alguns pontos, que, segundo o texto, revelam um descuido, merecendo reconsiderações da gestão municipal. São eles:

– Mudança abrupta da sede do CAPS ad 3 para local inadequado, impossibilitando inclusive a manutenção do acolhimento noturno aos(às) usuários(as);
– Fechamento da UPA para o atendimento de urgência/emergência em Saúde Mental, tida como grande conquista da gestão de saúde municipal, com apoio da Residência Multiprofissional de Saúde Mental da Univasf, no ano de 2019;
– Retomada de fluxo intenso de internações na Clínica Psiquiátrica Nossa Senhora de Fátima (conhecida como “Sanatório”), historicamente reconhecida como um lugar que violenta os Direitos Humanos, o que se percebe como um problema que demanda debate e definição no âmbito da Rede Interestadual de Saúde Pernambuco-Bahia (Rede PEBA);
– Fechamento do atendimento em nível ambulatorial em Saúde Mental na Policlínica e retorno desse dispositivo ao CAPS 2, o que pode ser compreendido como um claro retrocesso na rede.

As entidades defendem “modos de cuidado em Saúde Mental que se guiem pelo objetivo de ampliar o acesso das pessoas ao cuidado em saúde mental, de caráter antimanicomial, em respeito ao direito constitucional à saúde e em sintonia com os Direitos Humanos” [veja o link para ler na íntegra abaixo].

Além do Numans, a nota é assinada pela Associação Braços Dados (Associação de Usuários e Familiares da Rede de Saúde Mental de Juazeiro-BA), Residência Multiprofissional de Saúde Mental/Univasf, Observatório de Políticas e Cuidado em Saúde/Univasf, Projeto de Extensão Saúde Mental em Foco/Univasf, Liga Interdisciplinar de Saúde Mental/Univasf, Liga Acadêmica Interdisciplinar de Saúde Coletiva/Univasf e o Diretório Acadêmico de Enfermagem da Univasf.

O PNB procurou a Secretaria de Saúde de Juazeiro, porém até a publicação dessa matéria, o órgão não se manifestou.

Clique aqui e leia a nota do Numans e das demais entidades na íntegra

Da Redação

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