E vamos bater pernas no comércio: “Coisas mais curtas”, por Sibelle Fonseca

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Depois de quase 5 meses mantendo o distanciamento social, sem fazer unha, sem receber e nem fazer visitas, com quase meio palmo de cabelos brancos e alguns exames por fazer, dei-me ao luxo de ir ao salão de beleza, uma antiga extensão da minha casa. Me senti protegida lá, observando que todas as medidas sanitárias estavam sendo cumpridas e eu as segui, à risca.

Do lado de dentro e de máscara, sem tirar nem por um segundo (eu e o profissional) fiquei olhando as pessoas passando do lado de fora, na rua da 28, em Juazeiro. Putzzz! Corajosos ou inconsequentes? irresponsáveis ou desafiadores?

Muita gente sem máscara, com ela no pescoço, na mão, e na cabeça, até. Menos aonde deveria estar pra vossa e nossa proteção. Vi também gente se abraçando, o gesto de menos amizade neste momento, e cumprimentos de mãos.

Desta janela (curta), pude ver também três lojas com placas de “Aluga-se”, ou seja, FECHADAS. Pensei no aperreio dos proprietários com as finanças e me deu uma dor grande na empatia. Que merda essa coronavírus pra todos nós, hein?

Encharquei minha mão de álcool em gel (à 70%) , e peguei no volante. Vi na orla um dos quiosques cheio de gente, algumas com máscaras, outras nem aí. Só queriam comer um acarajé na quarta, dia de Iansã.

Pois bem, que Iansã e todos os santos, divindades e escrituras nos protejam da morte desta pandemia.

Sim, estamos ainda no meio de uma pandemia de um vírus poderosíssimo.

E tem gente que ainda não tem noção disso, e bate perna no comércio, e vai na fila do acarajé e até em festa, sem a mínima proteção. E tem gente que não vê a hora de voltar pra academia, sentar num bar e se aglomerar. Ah tá, Juazeiro agora tem Hospital de Campanha, um sonho dos incautos que nasceu no início da pandemia. Pediram tanto. Mas e aí, você, que não aguenta mais ficar em casa, vai se arriscar mesmo a ficar isolado por lá?

Não sei se invejo a “coragem”, se fico perplexa com a irresponsabilidade, ou com culpa porque fui ao salão de beleza, após mais de uma semana de liberação de serviços não essenciais e há quase 5 (cinco meses) de reclusão, quase que absoluta.

Me parece que a mensagem “é somente uma “gripezinha” foi assimilada. O homem vai até ganhar até um título de cidadão petrolinense, né mesmo?

Então deixa pra lá, e distancia-se você desta gente que aposta na cloroquina e que de consciência coletiva não entende nada. Deixa o povo que pediu abertura de um Hospital de Campanha, em Juazeiro, bater pernas no comércio.

Apenas um lembrete: a covid 19 já matou mais de cem mil pessoas no Brasil. Sabe o que isso significa ou não?

 

Sibelle Fonseca

 

 

 

 

 

2 COMENTÁRIOS

  1. Acho que encontraram a vacina, todos já tomaram, menos nós, essa é a sensação. As vezes me sinto um idiota em seguir a quarentena, ontem mesmo cansei de acharem que sou paranóico e fui na casa de um amigo. Mas me arrependi, vou continuar em casa em casa, até a minha vacina chegar.

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