“Queremos ser ouvidos”: empresários de eventos tentam diálogo com os poderes públicos para retomada gradual do setor na região do Vale do São Francisco

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Há quase seis meses, o setor de eventos teve que interromper suas atividades por conta da pandemia do novo coronavírus, sendo, portanto, um dos ramos mais atingidos pela crise pandêmica. Na região do Vale do São Francisco não foi diferente: shows, eventos públicos e particulares, como festas de aniversário, formatura e casamento, precisaram ser adiados ou até mesmo cancelados, por conta da covid-19.

Apesar dos governos municipais e estaduais já terem iniciado a flexibilização das medidas de isolamento social, permitindo a reabertura de bares, restaurantes, shoppings, comércio e academias, por exemplo, o ramo segue sem perspectivas de retorno, visto que, segundo empresários, as autoridades aparentam não estar interessadas em discutir o retorno dos eventos nas cidades do país.

Rafaela Marinheiro, que trabalha com o ramo de buffet e decoração em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, afirma que muitos empresários do ramo estão enfrentando dificuldades para lidar com a crise. “A cadeia produtiva do setor é gigante. Nós do seguimento de eventos fomos de uma geração de renda de 100% a 0%. Imagina isso para muitas empresas ? Temos empresas que estão se mantendo nesses seis meses com muito suor e sacrifício, afinal, as contas não param. Mas há outros que não”, disse.

A empresária contou ainda que muitas empresas da região do Vale do São Francisco precisaram reduzir seu quadro de funcionários, em virtude do prejuízo ocasionado pela queda no rendimento. “Alguns estão procurando outras alternativas. Isso é muito difícil. São empregos diretos e indiretos que oferecemos, além de toda a nossa estrutura que precisa ser mantida”, disse. Os empresários afirmam que mais de 1.500 famílias da região dependem da realização de eventos para sobreviver e estão passando por sérias dificuldades financeiras.

Diante do contexto desfavorável, empresários da cidade pernambucana e de Juazeiro, no Norte da Bahia, elaboraram um plano de ação para garantir a retomada gradual e segura do setor. O documento foi entregue aos gestores Miguel Coelho (MDB) e Paulo Bomfim (PT).

“Esse plano surgiu na necessidade de nos unirmos para que juntos possamos lutar pelo que acreditamos. Queremos ser ouvidos e entender porquê  tantas aglomerações de forma desordenada estão acontecendo por vários lugares em nosso estado e região, e,enquanto nós, empresas, que temos toda a estrutura para fazer isso [reabrir] com responsabilidade, estamos sendo impedidos de exercer nosso trabalho”, acrescentou Rafaela Marinheiro.

O plano apresenta sugestões para um volta gradual e segura dos eventos na região do Vale do São Francisco. O documento, que foi elaborado de forma conjunta por cerca de xx profissionais do ramo, é dividido em 3 fases, cada qual estimando uma porcentagem e capacidade do espaço. O plano traz ainda várias medidas que poderão e serão adotadas para realização dos eventos, respeitando as medida sanitárias preconizadas pelos órgãos de saúde.

“Gostaríamos de entender o porquê que em nossa cidade não temos previsão de retorno. Estamos sem respostas. As ações políticas já começaram, aglomerações descontroladas, e nós, que temos estrutura e conhecimento para retornar com cuidado e responsabilidade, estamos impedidos. Quem irá pagar nossas contas?”, questiona a empresária.

Manifestação

Os empresários que atuam na área de eventos vão realizar uma manifestação pedindo a retomada do setor. O ato será realizado na próxima sexta-feira (18), às 9h, na Concha Acústica de Petrolina, no Centro da cidade. De acordo com a organização, a manifestação será pacífica.

Liberação de eventos

Na Bahia, recentemente o governador Rui Costa (PT) assinou um decreto que ampliou o limite máximo de pessoas em alguns eventos em todo estado. Esses eventos poderão permitir a participação de até 100 pessoas, desde que sejam previamente autorizados. A medida, na prática, amplia, a permissão para realização de eventos desportivos, religiosos, shows, feiras, circos, eventos científicos, passeatas e afins, bem como aulas em academias de dança e ginástica.

Apesar disso, cabe às prefeituras municipais a decisão final sobre a realização de eventos ou decretos que regulamentam atividades durante a pandemia.

Já no Pernambuco, o governo também autorizou a realização de eventos corporativos com limite máximo de 100 pessoas ou com ocupação de até 30%, o que for menor, para todo o Estado. Os eventos contemplados nessa fase podem ser realizados por empresas públicas, privadas, organizações sociais ou entidades sem fins lucrativos. Além da limitação de público, outra regra é que os eventos não poderão ultrapassar as 22h.

Os eventos foram divididos em corporativos, sociais e culturais. Os eventos sociais, aqueles que têm o objetivo de socialização e comemoração, como casamento, batizado, aniversário, festas. O governo prevê a liberação para a Etapa 9, também com até 100 pessoas ou 30% da capacidade. Já para a Etapa 10, deverá ser acrescentado o aumento da capacidade de todos os três tipos de eventos para até 300 pessoas, ou 50% da capacidade do estabelecimento.

Da Redação por Thiago Santos

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