“A Bossa Nova e João Gilberto entraram na dança pela Lei Aldir Blanc”, por Raphael Leal

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O tempo de pandemia também nos traz coisas boas. Estes dias fui surpreendido com uma dessas, daqui da minha Pasárgada, Juazeiro, terra sagrada da música mundial, que pariu Joao Gilberto. Estou falando do espetáculo de dança “Rítmica bossa nova”, de Willian Soares , projeto contemplado no edital Usina Culturais da Lei Aldir Blanc.

O espetáculo de dança é concebido em três atos de cerca de 10 minutos cada e é possível assisti-los no YouTube, fácil de achar. Mas você também ver aqui ( https://youtube.com/channel/UCHgLphXr6v8E8TNxJiCRvfQ). Todos têm o conterrâneo “pai da bossa nova” como elemento principal dos movimentos do corpo: o violão, o corpo, o ritmo e Juazeiro para o mundo, já que João sempre dizia que o rebolado das lavadeiras do Angari era uma das coisas que o inspirou na batida que revolucionou o mundo, colocando o Brasil no mapa da música sofisticada planetária. Mas as apresentações não prezaram o lugar de inspiração de João. O cenário foi a orla nova e o Parque Fluvial, o novo cartão postal da cidade.

Nesta minha trajetória de vida e profissional, como apreciador de bossa nova, apenas tive notícias de que companhias de dança tinham utilizado do estilo musical como temática para as coreografias. Mas nunca vi. Agora, fiquei muito feliz em ver o resultado de um trabalho juazeirense neste sentido. Também contente por perceber uma nova juventude interessada em bossa nova, mesmo não sendo a turma da música. Entretanto, a dança é arte e tá tudo certo.

Dos três atos/vídeos, gostei mais do terceiro, por ser mais inovador, ousado e que busca uma similaridade com o que a Bossa Nova propunha. Creio que poderiam ter “viajado” nos movimentos que João fazia, com o seu “bailado” das pernas marcando o ritmo, os seus dedos da mão esquerda e as “aranhas” em acordes passeando pelo braço do violão. Ou até mesmo a própria batida revolucionária, que transporta uma escola de samba para as seis cordas do instrumento.

De todo modo, estão de parabéns pela coragem, por nos trazer uma Juazeiro bossa nova, para o mundo , com encantos e mil uma possibilidades.

E também quero ressaltar que a Lei Aldir Blanc , proposta pela câmara dos deputados, pela parlamentar Benedita da Silva e tendo como relatora a deputada federal Jandira Feghali, do Rio de Janeiro, é de extrema importância para este momento, pois permitiu aos artistas ocuparem um novo espaço para se manifestarem, como tem sido durante a pandemia com as lives musicais, além da obtenção do recurso emergencial para a produção artística.

Mais à frente, será preciso pensar sobre as questões técnicas, de captação de imagem e som e edição, até para que haja uma melhor sincronia com as músicas que ritmizam os os passos dos bailarinos. Agora é aguardar os outros projetos aprovados e apreciá-los.

 

Raphael Leal é jornalista

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