Preocupação: 7 crianças morreram em Juazeiro e Petrolina desde o início da pandemia; médico esclarece aumento no número de casos em crianças

1

 

 

Os municípios vizinhos, Juazeiro, no Norte da Bahia, e Petrolina, no Sertão de Pernambuco, registraram nos últimos dias mortes de crianças, vítimas de Covid-19.

Na cidade baiana, o óbito de uma menina de 1 ano e 5 meses foi confirmada no último dia 02. A morte ocorreu na unidade pediátrica da cidade. A Secretaria de Saúde não informou se a criança tinha alguma comorbidade.

Desde o início da pandemia, Juazeiro registrou, ao todo, três óbitos de criança em decorrência da Covid-19.

Já na cidade Pernambucana, no último dia 04, uma recém-nascida, de apenas 25 dias, morreu vítima da Covid-19. De acordo com a Secretaria de Saúde, a bebê não tinha comorbidade.

Até o momento, a cidade já registrou quatro óbitos de crianças com idades entre 25 dias e 10 anos.

Até ontem (10), dos setes leitos intermediários disponíveis na rede Peba para crianças com Covid-19, dois estavam ocupados. Vale ressaltar que na região não há leitos de Unidades de Terapia Intensiva infantil.

De acordo com a Central de Regulação Interestadual de Leitos, as crianças que necessitam ser internadas em UTI’s são encaminhadas para unidades de Salvador-BA ou Recife-PE.

Diante da situação e do crescente número de casos de crianças infectadas pelo vírus, pais e responsáveis de crianças da região estão cada vez mais preocupados. E para esclarecer algumas dúvidas sobre a Covid-19 em crianças, o PNB encaminhou algumas perguntas com o médico da família Salvador Carvalho.

Veja a entrevista:

PNB: Durante muito tempo se imaginou que a Covid-19 não oferecesse perigo para as crianças. Casos de mortes nesse público podem ser considerados raros?

S.C: As primeiras cepas do coronavírus que surgiram no início da pandemia se apresentavam de forma mais graves em pessoas com comorbidades e idosos. Mas como o vírus faz muitas mutações, ele foi naturalmente se adaptando no ser humano. Por isso, apesar de casos de mortes em crianças vítimas da Covid-19 serem considerados momentaneamente raros, merece sim uma preocupação. Vale ressaltar também que os casos leves, estão acontecendo cada vez mais em crianças, mas alguns não estão sendo notificados, pois as crianças apresentam o quadro gripal e os pais ou responsáveis acabam não procurando as Unidades Básicas de Saúde e por isso elas não são testadas.

PNB: Por que em alguns casos, a doença se desenvolve de uma forma grave em crianças?

S.C: Alguns casos em criança vem se desenvolvendo de forma grave por que existe a Síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), que vem se desenvolvendo como uma resposta do organismo da criança ao vírus, mas de forma desorganizada. Então ela inflama todo o corpo e infelizmente acaba levando a essa forma mais grave em algumas crianças. Esses números vem amentando, o que é sim motivo de preocupação.

PNB: Já existe algum estudo que associe alguma nova cepa com casos graves em crianças?

S.C: Até o momento não há nenhum estudo que ligue as novas cepas a uma gravidade maior da doença em crianças. Mas existem algumas hipóteses, principalmente em alguns estudos da Inglaterra, que relatam a possibilidade de que essas novas cepas sejam mais transmissíveis, principalmente entre crianças, e que isso estaria fazendo as crianças se infectarem muito mais que os adultos nesse momento e consequentemente teria essa preposição para o desenvolvimento da Síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P).

Wendy Barclay, membro do Nervtag e professora do Imperial College de Londres, por exemplo, afirmou que as mutações do vírus ligadas à variante B.1.1.7 parecem ter tornado mais fácil o caminho pelas “portas de entrada” que já existiam em crianças.

PNB: Até o momento as crianças abaixo de 12 anos não fazem parte do Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19. Existe algum estudo que esteja testando vacinas contra a Covid-19 em crianças?

S.C: Sim. Existem alguns vacinas internacionais que estão iniciando testes em crianças, mas infelizmente os estudos são muito recentes, todas elas estão na segunda e terceira fases dos testes. Então a gente acredita que ainda pode demorar um pouco para que a gente comece de fato a vacinar as crianças.

Dentre as vacinas já aprovadas pelas agências reguladoras, quatro estão testando em menores de idade: Oxford/AstraZeneca, Sinovac/Butantan, Pfizer/BioNTech e Moderna.

Hoje a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a indicação da vacina Comirnaty, da Pfizer, para crianças com 12 anos de idade ou mais. Com isso, a bula da vacina passará a indicar essa nova faixa etária para o Brasil.

Confira alguns cuidados que os pais e responsáveis devem tomar para evitar a infecção do novo coronavírus em crianças

Bebês até 1 ano

  • Recém-nascidos e bebês tendem a levar sempre as mãos à boca, por isso, não deixe ninguém pegar na mão das crianças;
  • Se outro adulto, que não seja o pai ou a mãe da criança, tiver contato com ela, deve estar de máscara e sempre lavar as mãos com água e sabão antes de segurá-la em seus braços;
  • Evite o contato com outras crianças com alguma síndrome gripal ou que tenha contato com adulto que esteja gripado ou com suspeita de Covid-19;
  • Sempre que sair, leve lenços de limpeza para a higienização das mãos, caso não tenha acesso a água e sabão;
  • Mulheres que estão amamentando não devem parar a amamentação se apresentar algum sintoma de síndrome gripal ou suspeita de Covid-19 ou caso confirmado. Lave as mãos com água e sabão e use máscaras durante a amamentação, lembrando de manter o ambiente sempre arejado para a circulação do ar. O leite materno é fundamental para a saúde do seu bebê.

Crianças acima de 1 ano

  • Após 1 ano, os cuidados continuam os mesmos, mas pode inserir outros na rotina, como higienizar sempre os brinquedos com álcool ou hipoclorito;
  • Evite locais aglomerados;
  • Higienize sempre as mãos da criança com água e sabão, mas quando não for possível, utilize o álcool a 70%.
  • Se possível, evite o contato direto com idosos, mas caso seja inevitável, o recomendado é que os avós sempre estejam de máscaras, realizando a troca da máscara a cada 2 horas e higienizando sempre as mãos com água e sabão.
  • Sinais como febre acima de 38°C ou desconforto respiratório com batimentos de asa de nariz alertam para que se procure emergência. “Lembrando que ao surgimento de algum sintoma, os pais devem contactar sempre o pediatra que já faz acompanhamento da criança”, recomenta Renata Nobre.

 

Da Redação Por Yonara Santos

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Comentar
Seu nome