Caso Adalberto: dez testemunhas foram ouvidas nesta quarta-feira (29); nova audiência acontecerá no dia 21 de outubro para ouvir o ex-diretor do SAAE/Juazeiro

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Ontem (29) durante a audiência de instrução sobre o homicídio de Adalberto Gonzaga, ex-coordenador da Defesa Civil do município de Juazeiro, Norte da Bahia, dez testemunhas foram ouvidas. O crime aconteceu no 23 de fevereiro de 2017, em frente a residência da vítima, no bairro Piranga.

Um dos denunciados pelo MP, Joaquim Neto, ex-diretor presidente do Serviço de Água e Saneamento Ambiental (SAAE) do município, só será ouvido no próximo dia 21 de outubro, em mais uma audiência sobre o crime. Outras três testemunhas também serão ouvidas.

Joaquim Neto será o único acusado de envolvimento no homicídio que será ouvido, pois David Roger Paixão Reis, suspeito de ter executado a vítima, foi encontrado morto na manhã do dia 12 de março de 2020, nas proximidades do distrito de Juremal, zona rural da cidade. Ele foi amordaçado e carbonizado, segundo a perícia técnica, e o corpo encontrado em estado avançado de decomposição.

O outro acusado, Gabriel Gomes Amaral, está foragido e há suspeitas de que ele também tenha sido assassinado.

Em um inquérito iniciado na Polícia Civil e finalizado pelo Ministério Público da Bahia (MPBA), o promotor Raimundo Moinhos denunciou os três por participação no crime. Eles foram indiciados por homicídio triplamente qualificado.

Investigações

No inquérito do MP, o promotor diz que após as eleições municipais de 2016 e a mudança na gestão, a vítima foi afastada do seu cargo de Coordenador da Defesa Civil, órgão que opera junto ao SAAE, não sendo renomeado até o dia da sua morte.

Ainda de acordo com as investigações, Adalberto teria ficado insatisfeito com o seu afastamento do cargo e reuniu documentos que constatavam irregularidades no uso de verbas públicas, a exemplo da verba de 5 milhões de reais destinada ao SAAE para a perfuração de poços na zona rural de Juazeiro, no segundo semestre de 2016.

O inquérito expõe ainda que a vítima chegou a procurar Joaquim Neto para questionar sobre a sua renomeação, e informando que tinha provas documentais que poderiam prejudicar o acusado e a administração municipal, fazendo com que Joaquim afirmasse que iria considerar a renomeação da vítima. As investigações apontam ainda que após essa conversa, Adalberto passou a receber ameaças de morte, fato que o fez procurar o radialista Waltermário Vieira Pimentel, para denunciar diversos desvios de verbas, levando consigo documentos que comprovam as irregularidades.

Durante o encontro com o radialista, a vítima teria informado que o ex-prefeito de Juazeiro, Isaac Carvalho, estaria disposto a acabar com ele, e como retaliação, Adalberto anunciou que iria divulgar os documentos, diz o inquérito.

O documento também informa que após a conversa com o radialista, a vítima foi para a sua residência e ao chegar ao local, foi surpreendido pelos assassinos, que estavam em uma motocicleta. A pasta com os documentos que estavam com Adalberto teria desaparecido da cena do crime.

As investigações apontam ainda que no dia anterior ao crime, os suspeitos de executar a vítima estiveram na residência de Adalberto, buscando informações sobre se o mesmo possuía uma arma de fogo.

Segundo o inquérito, David e Gabriel foram os executores do crime, e também eram acusados de participar de outros homicídios na região.

“Armação Política”

O diretor do SAAE nega a acusação. Segundo ele, em nota enviada a imprensa, MP-BA se baseou em boato espalhado pelo radialista Waltermario Pimentel, “notório inimigo político nosso e já condenado por calúnia e difamação” .

Dizendo-se indignado com o envolvimento do seu nome no inquérito que investiga o assassinato de Adalberto Gonzaga, Joaquim Neto disse ainda que jamais teve inimizade com a vítima, “nem teria qualquer motivo para atentar contra ele, uma vez que não houve nenhuma irregularidade nos convênios da Defesa Civil e que havia encaminhado à nomeação de Adalberto na gestão que se iniciava, procedimento burocrático normal. Joaquim assegura que tem consciência tranquila, vai provar sua inocência e processar os caluniadores”, diz a nota.

“É preciso destacar que neste inquérito, folhas de 39 a 50, a viúva e o irmão de Adalberto afirmam que a morte dele deve estar ligada a um processo que ele respondia desde 2009, por tentativa de assassinato. ‘As autoridades estão sendo induzidas a erros que logo vamos procurar esclarecer’, afirma em nota o diretor do SAAE”, finaliza a nota enviada a imprensa.

Da Redação

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