“A quem o suspeito pediu dinheiro? Não há nada nos autos”: advogado questiona declarações dadas na coletiva de hoje (11) sobre acusado de ter matado Beatriz Mota

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Após coletiva de imprensa, realizada nesta quarta-feira, na Secretaria de Defesa Social, sobre o trabalho de identificação do suspeito de ter assassinado a menina Beatriz Angélica no dia 10 de dezembro de 2015, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, o PNB procurou o advogado Jaime Badeca, que acompanha o caso, no intuito de ouvir as impressões do profissional sobre as declarações do Secretário Humberto Freire.

De acordo com Humberto Freire, o suspeito, Marcelo da Silva, 40 anos, teria informado que entrou na escola Maria Auxiliadora, local do bárbaro crime, com a intenção de conseguir dinheiro, já que estava em Petrolina apenas de passagem. O acusado teria dito ainda, de acordo com o secretário, que teve um contato breve com a vítima, que a criança teria se desesperado e que por causa da ação inesperada, Beatriz foi silenciada a golpes de faca. “Essa é a motivação alegada e se esquadra com a dinâmica”, declarou o Secretário.

Humberto Freire ainda declarou que a menina foi morta com 10 facadas e não com 42, como vinha sendo divulgado ao longo desses seis anos de investigação. “Não foram 42 facadas e sim fotos de ângulos diferentes”, informou o Secretário.

Para o advogado Jaime Badeca, a “entrevista coletiva que deixou muito a desejar, mais uma vez caracterizada pela superficialidade com que a investigação vem tratando o caso desde o seu início. A entrevista, que deveria dissipar dúvidas e responder perguntas, só conseguiu aguçar ainda mais, o curioso de tudo”, avaliou.

Dr Badeca considera a importância da prova técnica do DNA, mas questiona a informação de que o suspeito tenha agido de forma isolada.

“A prova técnica do DNA é cientificamente de alta relevância, desde que tudo feito dentro de rigorosos padrões científicos na coleta e comparação das informação genéticas. É apropriado que uma corporação independente possa checar esses dados. Mesmo considerando, em tese, que tudo tenha sido feito de forma absolutamente correta, isso não basta, pois é inaceitável que esse bárbaro crime tenha sido cometido de forma isolada, por um criminoso isolado, sem um comando intelectual, sem partícipes, eventualmente, co-autores e colaboradores, em se tratando do quanto contextualizado nos autos do inquérito. Confissão e DNA podem até, em tese, identificar executor, mas longe está de esclarecer as motivações e tudo que possa estar envolto no caso”, conjecturou.

O advogado finalizou com um questionamento, que não foi respondido na coletiva de hoje: “A quem o suspeito pediu dinheiro? Não há nada nos autos. Muito desproporcional alguém ter ido pedir dinheiro e cometer um crime bárbaro desse contra uma criança de 7 anos”.

Identificação

Segundo a SDS, a identificação do suspeito Marcelo da Silva, se deu por meio de análises do banco de perfis genéticos do Instituto de Genética Forense Eduardo Campos, realizadas no dia de hoje, que identificou o DNA recolhido na faca utilizada no crime. Uma confrontação de perfis genéticos do banco teria sido realizado, chegando ao DNA do suspeito, que se encontra preso por outros delitos em uma unidade prisional do Estado.

“O trabalho não terminou. Temos um crime em que o acusado encontra-se preso por outro crime de estupro de vulnerável, temos um acusado que além deste histórico, narrou aos delegados, com detalhes, a dinâmica dos fatos, e isso só corrobora, de fato, que os elementos necessários para na data de ontem fazermos este indiciamento (…) Mas permanecemos trabalhando”.

O Secretário falou ainda que ao ser ouvido pelos delegados da Força Tarefa, confessou o assassinato e foi indiciado.

“Ele confessou o homicídio, inclusive, apresentando a narrativa temporal que se coaduna, perfeitamente, com o que tinha no inquérito”.

Redação PNB

 

 

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