“Eu sou uma mulher trans”: agente de saúde da UBS do Antônio Cassimiro, Petrolina, desrespeita lei e se nega a chamar mulher trans pelo nome social

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“Eu me senti muito constrangida, maltratada, desrespeitada e invadida nos meus direitos de cidadã e na minha existência”, este foi o desabafo de uma mulher trans, de 24 anos, que contou ao PNB uma história de preconceito e discriminação que viveu nesta sexta-feira(11), quando procurou a UBS do bairro Antônio Cassimiro, em Petrolina.

Segundo ela, uma servidora da unidade de saúde, mesmo sendo informada do nome social da usuária, insistiu em identificá-la com o nome de registro.

“O médico passou uns exames para mim e eu fui fazer na UBS do Antônio Cassimiro. Quando cheguei lá, me dirigi a recepção com a requisição dos exames, onde não constava meu nome social, mas eu escrevi e bem legível meu nome social na guia, justamente para ser chamada assim. Entreguei a requisição a agente do posto e fiquei esperando ser chamada para a coleta. Quando a agente de saúde me chamou, não foi pelo meu nome social e sim com o nome do registro. Fiquei calada e quando entrei na sala, expliquei a ela que eu tinha um nome social e queria ser chamada assim, com o nome que eu escolhi e me identifico. Eu disse: ‘ senhora, eu queria que a senhora me chamasse pelo meu nome social que está aí na guia’. Mas ela não deu ouvidos e foi aí que ela surtou comigo”, contou a usuária.

Ainda de acordo com ela, a profissional de saúde se utilizou do discurso religioso para desrespeitar o direito da cidadã de ser identificada com seu nome social.

“Ela disse que meu nome não era o que eu tinha escrito, não era o meu nome social e sim o nome de ‘homem’. Ela deixou bem claro que não ia me chamar como eu me identifico e sim como ela quisesse. Inclusive, chegou até a botar religião na história, dizendo ‘Jesus tenha piedade de você’. Eu só pedi que ela chamasse pelo nome que eu escolhi e ela disse que ia me chamar pelo nome de homem. Eu não sou homem, eu sou uma mulher trans e eu queria explicar isso a ela, mas ela não entende, e insistiu em não entender. Outras vezes eu já tentei explicar a ela, mas ela não respeita o meu nome social, o meu direito de cidadã e insiste em colocar Deus, até dizendo ‘Jesus lhe ama. Disso eu sei. Ele não vai deixar de me amar por minha sexualidade não”, protestou a mulher.

A denúncia chegou também a ONG Movimento Cores, que repudiou a atitude da profissional de saúde de Petrolina.

Recebemos uma denúncia de maus tratos, desrespeito e ridicularização passada por uma mulher trans na Unidade Básica de Saúde da Família do bairro Antônio Cassimiro. Segundo a vítima, ela não foi chamada pelo seu nome social. Ao pedir a servidora para chama-la pelo nome que ela escolheu, começaram as agressões verbais da servidora contra a cidadã transexual que paga seus impostos e tem o direito à saúde garantido constitucionalmente”, informou Alzyr Brasileiro, representante da ONG.

A Cores lembrou ainda que, “o uso e respeito ao nome social é obrigatório em Pernambuco e em Petrolina, através do  decreto nº 052/2018 assinado pelo ex-prefeito Miguel Coelho, que estabelece que órgãos e entidades da Administração Pública Municipal, Direta e Indireta devem aceitar, incluir e usar o nome social das pessoas travestis e transexuais, servidores ou usuários, em todos os atos, procedimentos e registros municipais”.

A ONG CORES também informou que “está averiguando os fatos e tomará as devidas providências”.

O PNB está encaminhando a denúncia para a Secretaria de Saúde de Petrolina e aguarda uma resposta.

Redação PNB  

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