Uma mãe de um aluno de 13 anos, que estuda no sexto ano de um colégio particular de Juazeiro, no Norte da Bahia, procurou o PNB para relatar que o adolescente vem sendo vítima do crime de Injúria Racial praticado por outros adolescentes, colegas de sala do garoto.
Revoltada, a mãe contou ao PNB que já foram duas situações em que o filho foi chamado de “macaco”, sofrendo constrangimento e discriminação. No início deste mês de junho, um colega teria chamado o adolescente de “preto”, “porco”, “nojento e “macaco”, contou a mãe que prestou um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia.
Nesta terça-feira (21), ela voltou à delegacia para prestar outra queixa. A mãe contou que, mais dois colegas de classe do adolescente, repetiram as agressões, e os acusa também de Injuria Racial.
“Ele estuda no Colégio Geo e vem sendo vítima de Injúria Racial. O primeiro caso foi um menino do 9° ano, que tem uns 15 anos. Prestei queixa na primeira vez e quando foi hoje novamente, mais dois meninos da escola chamaram meu filho de ‘macaco’. Fiz questão de divulgar esse fato, pois é uma coisa que as pessoas pensam que não existe, mas meu filho está sofrendo isso. Além de sofrer os insultos dos colegas, ele está sofrendo em casa, pois chega triste, calado e até sem querer comer”, contou a mãe.
Após a repetição do comportamento pelos dois colegas, a mãe cobrou uma posição mais enérgica da instituição de ensino e ainda que o assunto seja debatido na escola.
“Da primeira vez que aconteceu, meu filho ficou calado e foram alguns colegas dele que presenciaram e avisaram a coordenação. A coordenação chamou ele para apurar e ele confirmou. Em casa ele me contou o ocorrido e eu logo procurei a direção do colégio que me avisou que tomaria as medidas administrativas e o garoto seria suspenso por 3 dias. A escola também me ofereceu assistência psicológica para meu filho. Após isso, a escola promoveu um encontro entre meu filho e o colega que o agrediu e houve um pedido de desculpas. O garoto disse que não teve intenção, que falou sem querer e os dois se abraçaram e acabou que não houve suspensão. Prometeram também uma retratação do garoto em sala de aula, onde ele foi humilhado, o que não aconteceu. Esses adolescentes não podem crescer com este tipo de comportamento. Tem que ter justiça e punição. Pedi uma reunião com os pais dos garotos que discriminaram meu filho, mas disseram que vai ter recesso junino e ficaria para o segundo semestre colocar este assunto em pauta. Os pais também precisam tomar uma atitude”, avaliou a mãe.
O PNB procurou a direção da escola que nos enviou a seguinte nota:
“O Colégio Geo Juazeiro, há 30 anos formando cidadãos e cidadãs, repudia toda e qualquer discriminação étnico-racial, práticas discriminatórias e preconceituosas, que envolvam seus alunos, professores e demais colaboradores.
No nosso cotidiano escolar, somos vigilantes e assumimos nosso papel no combate ao racismo e na construção de ambientes inclusivos e representativos. Trabalhamos, de forma transversal, com temas referentes ao respeito às diferenças.
No entanto, é preciso observar que a sociedade brasileira é estruturalmente racista e para combater essa chaga, é imprescindível uma ação diária de enfrentamento também das famílias.
No caso em pauta, agimos de forma pedagógica, como é nossa missão, suspendendo o aluno das aulas e alertando sobre a injustificável falta cometida sobre Injúria Racial e as possíveis punições administrativas e criminais que poderiam recair sobre seus pais ou responsáveis.
Ressaltamos ainda que nosso papel é pedagógico, de educar e formar cidadãos e cidadãs, o que nos obriga a ter uma conduta equilibrada e alinhada com o ECA-Estatuto da Criança e do Adolescente, protegendo ambas as partes, sem submetê-los a qualquer constrangimento.
A equipe técnica está adotando as medidas cabíveis e já planejando uma série de ações envolvendo alunos, famílias e toda equipe de profissionais da instituição, no sentido de aprofundarmos as discussões sobre racismo e, desta forma, enfrentar e combater todo e qualquer comportamento racista na comunidade escolar.
Solidarizamo-nos com o aluno vítima de injúria racial e com sua família, e colocamo-nos à disposição para que, juntos, possamos combater os preconceitos existentes na sociedade”.
Redação PNB foto ilustrativa