Ação: Colégio Geo Juazeiro se reúne com COMPIR e conselhos municipais assumindo compromisso no combate ao racismo; ações afirmativas serão intensificadas no projeto educacional da escola

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Na manhã desta segunda-feira, 27, no Colégio Geo Juazeiro, aconteceu encontro deliberativo entre comunidade escolar, Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial – COMPIR e família de aluno que sofreu racismo na escola nos últimos dias. Estavam presentes os Professores Nilton Almeida, Ceres Santos, Márcia Guena e Luana Rodrigues, representando o COMPIR, além de representante da Diretoria de Diversidade do município, Advogados das partes, Psicóloga da escola, Coordenação e Direção escolar.

De acordo com a Coordenação, aluno do Colégio Geo Juazeiro foi vítima de racismo em duas ocasiões distintas. “Quando aconteceu a primeira vez, tivemos ruídos na comunicação interna da escola e deixamos de fazer alguns encaminhamentos. Como aconteceu de novo, entendemos que era necessário medidas mais enérgicas com a nossa comunidade escolar. Entramos em contato com o COMPIR, que sinalizou favorável ao encontro e nós nos reunimos.”, explica o Conselheiro da escola, Professor Nilson Alves.

Representando o Conselho de Promoção da Igualdade Racial, na condição de Conselheira da UNEB, a Professora Márcia Guena achou o encontro positivo. “Foi uma boa escuta da escola e nós entramos em um acordo sobre a proposta que o COMPIR trouxe, na condição de representar a vítima. Nós propusemos que a família tenha acompanhamento psicológico com um Psicólogo negro, mãe e a criança; que haja o atendimento das Leis 10.639 e 11.645, que preveem o ensino da cultura afro-brasileira-indígena, em um processo formativo de longo prazo, supervisionado pelo Conselho; e que haja uma punição efetiva do adolescente que cometeu o crime. A aplicação da lei muda a mentalidade das crianças e adolescentes, é urgente que o colégio aplique as leis que determinam as mudanças pedagógicas e as outras escolas também, particulares e municipais. Principalmente as particulares, pois não fazem essa discussão. O que a gente conclui é que essas questões vão ser atendidas.”, disse.

Delmara Fonseca Guimarães, tia do aluno que sofreu o racismo disse “a família ainda está digerindo tudo o que aconteceu, mas agora acreditando que decisões mais eficazes possam surgir a partir dessa reunião”.

Para o Advogado da família, Mario Cleone de Sousa, falar de temas sensíveis como o racismo mexe com todas as pessoas envolvidas.

“Na medida em que a gente percebe que o colégio quer ser partícipe ativo do processo de luta antirracista, fica com a sensação de que de fato podemos avançar com passos largos. Lamentamos todos os eventuais problemas que as outras famílias possuam, mas agora era o momento de cuidar e entender a dor dessa família, do menino que sofreu o racismo e foi isso que fizemos”, afirma.

A Diretora do Colégio Geo, Neide Azevedo, e a Coordenadora , Alcione Toledo, pediram desculpas à mãe do aluno pela situação vivenciada pela família e se comprometeram a colocar em prática todos os encaminhamentos da reunião.

“Tivemos demandas muito propositivas hoje, aprendemos muito com o COMPIR e tivemos a oportunidade de estar mais próximos à família e sentir um pouco da angústia que eles estão sentindo. O que queremos é continuar a acolher a criança, mas com ações afirmativas, com ações que nos ajudem a educar nossos jovens no enfrentamento ao racismo. A gente lamenta o fato de ter acontecido dentro das nossas dependências, mas vamos adiante. O Colégio Geo Juazeiro tem 30 anos no Vale do São Francisco fazendo um trabalho de educação com ética e dignidade. Agora vamos continuar evoluindo, crescendo, com projetos inclusivos antirracistas em sala de aula”, conclui Alcione.

Numa segunda reunião que também ocorreu hoje, o colégio sentou com os  conselhos municipais, para discutir a inclusão de ações de combate ao racismo e outras ações afirmativas em projeto educacional da escola.

Uma comissão do Colégio Geo Juazeiro – formada por Direção, Coordenação, Psicóloga e Conselheiros – reuniu-se, na manhã desta segunda-feira, 27, com representantes dos Conselhos Municipais de Direitos Humanos (CMDH), de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR) e União de Negras e Negros pela Igualdade (UNEGRO), além da Vereadora Valdeci Alves, para tratar sobre ações de combate ao racismo e outros preconceitos.

A Gestora da escola, Neide Azevedo, explica que a ideia do convite às instituições surgiu a partir da denúncia de racismo. “Esse é um momento importante para nós, que parte da denúncia de uma mãe após os casos de racismo na escola e nós entendemos que precisávamos ressignificar e inserir ações afirmativas contra todo tipo de preconceito. Pensamos em alguns planos, mas preferimos nos apoiar nas orientações de quem entende melhor do assunto, que são os conselhos municipais. Nosso objetivo é trabalhar para que casos como esse não mais aconteçam”, explica.

Representando a Comissão de Denúncias do Conselho Municipal de Direitos Humanos (CMDH), Virgínia Brito avaliou o encontro importante. “Nós vamos nos reunir extraordinariamente, para levar toda a discussão que aconteceu aqui e tirar um documento orientador para a escola. Achamos importante a ação da escola em tomar providências e dar um encaminhamento. Racismo é crime e é muito bom observar que a escola está se comprometendo com esse cuidado pedagógico, para que situações como essa não voltem a acontecer”, afirma.

A Presidente da União de Negros e Negras Pela Igualdade (UNEGRO), Queila Patrícia, reconhece como um avanço o convite do Colégio Geo para a discussão. “O que nos trouxe aqui foi um crime de racismo, mas que serviu para que pudéssemos dialogar com a escola. Esse crime não acontece só aqui, mas em toda a sociedade. E a escola, como um agente social, deve tratar essas questões. A gente enxerga como avanço a escola convidar a UNEGRO para fazer parte desse momento e nos colocamos à disposição para ajudar nesse processo educacional. Vamos elaborar encaminhamentos e trazer a nossa contribuição sistematizada para a escola. Vamos desenvolver junto com a escola essas ações”, ressalta Queila.

Convidada pelo Colégio Geo Juazeiro para contribuir com o projeto pedagógico de implementação das Leis antirracistas na escola, Luana Rodrigues (que participou da reunião representando a Frente Negra do Velho Chico, o COMPIR, e mãe de aluno negro do colégio), aceitou e falou sobre o assunto. “A gente propõe ao Geo um novo momento de educação antirracista. A reunião foi positiva e a gente espera que tudo o que foi acordado seja um mote para um projeto educacional que combata o racismo, mas, principalmente, que haja uma punição efetiva das crianças e adolescentes que cometem esse crime. Minha contribuição é como ativista, militante e pesquisadora e vou ser um elo disso tudo com a escola, para implementar um projeto de letramento racial, que vai funcionar a partir do segundo semestre”, conclui Luana.

Por Ramáiana Leal/Ascom

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