Na noite desta quinta-feira (30), a equipe do PNB foi procurada pelo marido da gestante Vanessa Crus Lacerda, 21 anos, internada no Hospital Materno Infantil de Juazeiro, que relatava a saga que a mulher está passando para conseguir fazer o parto.
Carlos Xavier contou que as dificuldades encontradas no atendimento da Rede Peba- Pernambuco-Bahia, começaram no IMIP, em Petrolina, primeiro hospital que o casal procurou, há 4 dias.
“Moramos em Petrolina e há 4 dias eu tive no IMIP, com minha esposa já com 41 semanas, com sinais de que estava entrando em trabalho de parto, sentindo dores, e eles não quiseram atender. Mandaram ir para casa e eu disse que não ia. Procurei a Assistência Social e estava fechada. Mesmo eu apresentando o encaminhamento da médica do postinho São Gonçalo dizendo que ela estava em parto ativo e que precisava fazer o parto, mandaram a gente ir pra casa e voltar na quarta-feira. Voltamos na quarta a meia noite e começaram com a mesma história, dizendo que não podiam fazer o parto porque não estava na hora. Acabaram nos mandando para este Hospital Materno Infantil de Juazeiro”.
Ele conta ainda que chegou ao hospital, em Juazeiro, na madrugada desta quinta-feira (29), e até o momento a mulher aguarda para fazer o parto. Ele afirmou que a gestante chegou a ser preparada para uma cesariana, que foi cancelada por não ter um profissional que realizasse um exame de ultrassom.
“Chegamos em Juazeiro às 2h50 da madrugada. Até agora nós estamos aqui e o parto de minha mulher não foi feito, mesmo com o encaminhamento. Chegaram a preparar ela para fazer uma cesariana, mas, já indo para a sala de cirurgia resolveram não aceitar a ultrassom que pagamos particular, dizendo que estava errada e disseram que iam fazer outra no hospital. Minha esposa já estava vestida e pronta para fazer a cesariana e depois voltaram atrás. Nos informaram depois que o médico que faz a ultrassom estava com Covid e suspenderam o parto, sem dar nenhuma previsão. Minha mulher está sofrendo, eu temo que passe do tempo e complique a situação dela e do bebê. Até agora nós estamos aqui nessa peleja. Será que vão esperar que ela complete 10 meses de gestação? Se algo acontecer com minha mulher e a criança eu vou processar o IMIP e a Maternidade de Juazeiro”, desabafou o pai.
Carlos Xavier reclamou ainda que “não há nenhuma assistência às famílias”, e que os familiares ficam na porta do hospital sem informações sobre as pacientes.
“Muito desumano isso aqui. Minha mulher que, de lá de dentro, nos passa áudios sobre o que está ocorrendo. Não tem nenhuma assistente social ou médico para conversar com as famílias que ficam aqui fora no relento em desespero, sem saber o que está se passando, se vai fazer o parto, se está havendo algum problema, nada. Um desrespeito”, criticou.
Ainda na noite de ontem (29) nós estivemos no hospital para apurar a situação da paciente e procuramos a Secretaria de Saúde. A assessoria do órgão nos informou que “a paciente está aguardando para fazer cesárea. Para um procedimento cirúrgico, como é de conhecimento, é necessário um período de jejum. A mãe e o bebê estão sendo monitorados e estão bem”.
No entanto não deu uma previsão para realização do atendimento e chegou a afirmar que a mulher não estava de jejum, o que não procedia. A paciente estava em jejum e já tinha sido preparada para a cirurgia, como contou o marido.
A Ascom disse ainda que “cancelaram a cesariana porque a médica solicitou outra ultrassom”, mas não respondeu sobre a ausência de um profissional para realizar o exame e também não confirmou a informação de que o médico que realiza o procedimento estaria positivado com a Covid-19.
No hospital, o PNB confirmou esta informação.
Na manhã desta sexta-feira (1) voltamos a fazer contato com o marido da paciente, Carlos Xavier, que ainda aguardava por informações, na porta do hospital.
“A situação aqui é muito triste. Outras pacientes passam pelo mesmo desrespeito. São 7h30 da manhã. Passei a madrugada aflito, sem nenhuma informação sobre se vão ou não fazer o parto de minha mulher. Em um áudio que ela minha passou disse que mandaram ela comer, quebrar o jejum de 24 horas, porque não tem hora para a pessoa que faz a ultrassom chegar, e não tem indicativo para fazer a cirurgia hoje. Mandaram ela comer, justamente, para não fazerem a cirurgia. Estão enrolando, e nós aqui sofrendo”, concluiu o pai exausto de lutar pelo direito à saúde pública humanizada e de qualidade.
Redação PNB