Exclusivo: após ser informada pela médica sobre perfuração no útero, Deliane questiona “eu vou morrer?”, revelam áudios obtidos pelo PNB

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O PNB vem acompanhando desde a semana passada o drama vivido por Deliane Feitosa da Silva, de 31 anos, que continua internada em um leito de Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Regional de Juazeiro, no Norte da Bahia, em estado grave. Ela teve o útero e o intestino grosso perfurados durante um procedimento de curetagem realizado no dia 11 de junho, no Hospital Materno Infantil do município.

Nesta sexta-feira (29), nós tivemos acesso, com exclusividade, aos áudios enviados por Deliane aos familiares após o erro que teria sido cometido pela médica obstetra Jamilla Menezes.

Nas gravações, a paciente diz que a profissional informou que havia feito “um pequeno furo” no útero dela. Deliane disse ainda que chegou a questionar a médica se iria morrer.

“Na sexta-feira eu fiz o ultrassom e estava com 13 semanas e um dia, mas só tinha o saco gestacional, sem embrião nenhum. Só tinha o líquido amniótico. A médica que fez a minha curetagem me ‘futucou’, e eu fiquei sentindo dor enquanto ela fazia as ‘coisas’, mesmo com anestesia. Ela disse que perfurou meu útero e falou: ‘Ah, eu não tenho mais nem coragem de fazer curetagem em você’, e eu disse: ‘não mulher, não vai mais fazer curetagem em mim não. Pelo amor de Deus. Esse buraco que você fez, eu vou morrer?’, e ela disse: ‘não, você só vai sentir dor. Não vai morrer não. Você vai continuar menstruando e eu vou ficar só observando para vê”. Eu vou perguntar o nome dela. Ela veio para fazer a ultrassom e foi ela que fez todo o procedimento. Ela disse que não foi um furo, foi um pequeno furo no útero que ela fez no momento do procedimento. Ela disse que meu útero é muito ruim de fazer a curetagem, que é torto e deu muito trabalho para limpar”, contou Deliane.

Nos áudios, a paciente reclama ainda de falta de assistência médica no HMI de Juazeiro.

“Se ela não me liberar, eu não vou ficar aqui não. Eu não aguento ficar aqui não. Eu estou no sofrimento neste lugar aqui. Eu já fiz hoje a ultrassom. Ela me levou para fazer ultrassom e disse que meu útero é virado, é torto, virado para trás. Um negócio esquisito. Ela disse que não sabe como eu pari 5 filhos com um útero desse jeito,virado. Aí ela disse que vai só me observar hoje, para dar 24 horas que ela fez o procedimento, para amanhã me liberar. Mas se ela não me liberar, eu vou me liberar. Eu não aguento mais ficar aqui. Eu ‘tô’ sentindo umas cólicas fortes e ninguém me dá remédio. Eu ‘tô’ só vomitando e ninguém quer me dá remédio, só se o médico passar. Sai, fora. Aqui é hospital de cachorro”.

Ouça os áudios

De acordo com a sogra, Lindinalva Simplício da Silva, após o procedimento Deliane sofreu um derrame pleural e foi transferida para o Hospital Dom Malan, em Petrolina. Na unidade, a equipe constatou que além do útero, o intestino grosso da paciente também havia sido perfurado.

Diante da gravidade do caso, no dia 13 de junho ela foi transferida para o Hospital Regional de Juazeiro, onde já passou por seis procedimentos cirúrgicos. Ela teve ovários e o útero removidos, devido ao alto grau de infecção.

Ao PNB a direção do HRJ informou que Deliane está “internada na UTI do Hospital Regional de Juazeiro (HRJ), com quadro de saúde instável. No momento, não há indicação de transferência para outro serviço, pois o HRJ dispõe do necessário para dar continuidade ao seu tratamento”.

Já a Sesau informou que “A Prefeitura de Juazeiro, através das Secretarias de Saúde e de Desenvolvimento Social, está dando toda assistência necessária à família da paciente Deliane Feitosa e Silva. A Secretaria de Saúde de Juazeiro está atenta à situação e acompanhando de perto o caso, inclusive o secretário de Saúde do município, Fernando Costa, esteve na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital onde a paciente está internada e verificou que Deliane está sendo bem atendida pela equipe multidisciplinar da unidade hospitalar. A Secretaria de Saúde reforça que não está alheia ao caso e que não medirá esforços ao que está ao alcance a ser feito”.

Redação PNB

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