A Eutrópica neotropicalista, por Raphael Leal

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Eu estava morando no Rio de Janeiro, e retornei a Juazeiro para visitar a família e amigos. Manuca Almeida me buscou em casa com o engenheiro do verso, Veinho, e fomos rodar pela cidade, como de costume. O poeta me disse uma coisa: tem uma “doidinha” que é artista, canta muito, vou colar nela.

A “doidinha” era Andrezza Santos, uma garota, que, depois soube, nasceu no Uauá, foi para São Paulo e retornou para morar em Juazeiro.

E aí a conheci. E vi que a “doidinha” é artista, curiosa, queria saber o que a gente escutava.

Logo, ela se aproximou da “confraria” de amigos que estabelecemos, com Ailton Nery, Pinzoh, Semário, Manu Fonseca e a dona da porra toda, Sibelle Fonseca. Andrezza deu de morar em cima da casa de Sibelle.

Nos encontros, lembro o dia em que em que ela disse ter passado no vestibular de música.

Vez ou outra, Andrezza descia para se juntar a confraria. E eu a desafiava. Ela dizia que escutava Elis, Gal e Marisa. E eu a “obrigava” a escutar e tocar João Gilberto.

O tempo passou, ela ganhou festival, arrebentou, e continuou evoluindo, descobrindo outros sons: rap, funk, pizeiro,MPB, bossa nova…

Acompanhava Andrezza, assim como Fatel e a Trupe Poligodélica, P1 Rappers e DJ Werson.

Mas aí veio o deslumbre.

Andrezza fez um show no Festival Edésio Santos da Canção em 2022 que foi de cair o queixo. O que era aquilo? Que som! Que espetáculo!

Ela tinha fãs.

A turma mais jovem de Juazeiro, da Portelinha, estava lá, cantando as músicas, dançando, vibrando.

A Portelinha é um point onde os jovens universitários de Juazeiro, dos nativos e chegantes, se reúnem para beber, conversar, trocar ideias, criar coisas, isso tudo em uma diversidade de encher os olhos. Um ambiente massa, um espaço de rejuvenescimento da boemia juazeirense e com respeito a vizinhança.

Mas voltando a Andrezza, que menina! Ela é artista! Artista, mesmo!

Depois do show do Festival, ela resolveu fazer um show com o DJ Werson, filho de dois grandes artistas juazeirenses, Daniel e Estela, que fazem bailes há anos. Ele é jornalista e DJ, de fato. E toca muito.

Ali é o pedaço deles, dela. E tocou as músicas dela e de alguns. O show é Eutrópica, uma mistura de várias influências musicais. Mas lembra muito um lance neotropicalista, como ressaltou o poeta Pinzoh, cheio de invenções, musicalidade à flor da pele, e as letras criativas e com uma linguagem que atrai a juventude dessa cidade sensacional chamada Juazeiro.

Ela toca violão, guitarra, dança, interage e canta muito. Muito!

Andrezza é artista de Juazeiro. Pode até ter nascido em outra cidade. Mas ela é de Juazeiro!

Dois shows. Um no festival, com banda, dançarinos e tudo o mais. Outro, na Portelinha, em um 19 de janeiro de 2023, que também foi sensacional, dançante, botando a galera para dançar, circulando, afetiva, sensual, e, além de tudo, cantando bem. E ligada, pois quando algo de errado sai do roteiro, ela para e diz: volta.

Andrezza está grande! Sinto orgulho dela! Ela traz uma galera junto. Isso é muito massa! Além de cantar as suas canções, canta músicas de parceiros anônimos. Ela vive a cidade. Traz gente para perto.

Daqui uns dias, Juazeiro e o Vale do São Francisco vão ficar miúdos.

Há outras artistas que apareceram no período da pandemia, como a Marina Sena. Mas Andrezza vem antes. Algo ainda vai acontecer. Ela é sensacional!

Eu tinha dito que não iria mais tecer elogios gratuitos a artistas, mas é inevitável não falar de Andrezza Santos. Evoé, garota!

Por Raphael Leal, jornalista

2 COMENTÁRIOS

  1. Essa é a verdadeira noite cultural de Juazeiro, aquele bar vai revelar grandes nomes , já quero um show de Fatel que todos conhecem e sabe o quão é bom, e depois o show do Lineker que tem um show potente

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