“Coisas absurdas que nos falaram”: donos de um espaço de eventos voltados para o público LGBTQIAP+, em Petrolina, denunciam suposto caso de homofobia; entenda o caso

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O estabelecimento ‘Gallpão Lounge Bar’, localizado na Av. Barão da Contendas, bairro Jatobá, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, foi alvo de ataques homofóbicos nos últimos dias. De acordo com os proprietários do espaço, onde são realizados eventos voltados para o público LGBTQIA+, o crime foi cometido por alguns moradores do bairro.

Mensagens de ódio e até ameaças foram compartilhadas em um grupo do aplicativo de conversa Whatsapp de pessoas que residem no local, segundo informações divulgadas nas redes sociais do estabelecimento.

Os proprietários do ‘Gallpão Lounge Bar’ também informaram através das redes sociais que os autores da mensagem serão cobrados através dos meios legais e afirmam que estão com provas do crime.

Após os ataques e ameaças, os proprietários do estabelecimento divulgaram um comunicado informando que após o acontecimento, o bar estará fechado nesta sexta-feira (27) e no sábado (28), para a realização de ajuste necessários. As atividades serão retomadas no dia 3 de fevereiro.

O PNB conversou Marcelo, um dos proprietários do ‘Gallpão Lounge Bar’. Ele deu detalhes do caso.

“Não foi uma situação nova só mudaram os personagens, digamos assim. Nosso espaço foi aberto há um ano, em frente ao condomínio Prime. Desde a nossa abertura nesse endereço antigo sofríamos represálias dos moradores dos 4 condomínios no entorno do espaço. Passamos muitas situações de preconceitos, homofobicas e tudo que você já imagina que a comunidade LGBTQIAP+ sofre diariamente. Mas diante de tudo ficamos firmes e nós mantemos nesse endereço por um ano. Até que em dezembro do ano passamos tomamos a decisão de sair e ir para um novo espaço. No dia 21 desse mês nós fizemos nossa reinauguração e ao mesmo tempo nossa festa de um ano. Chegou o grande dia e, claro, o público foi em peso, consequentemente causou um grande volume de pessoas fora do espaço e filas. A inauguração aconteceu e há três dias atrás tomamos conhecimento dessas ameaças. Coisas absurdas que nos falaram. Existe um grupo chamado “Associação do Jatobá”, que é o bairro onde estamos localizados hoje. Os moradores do bairro são em sua maioria os famosos membros da ‘tradicional família brasileira’, que consideram absurdo ter uma boate pro público LGBTQIAP+ no ‘bairro deles’. Aí aconteceram esses comentários preconceituosos, ameaças com spray de pimenta, moradores dizendo que iriam usar força maior contra os frequentadores do lugar, chamando o público de drogados, vândalos, e tudo mais”.

Marcelo disse ainda que no dia do evento de inauguração houve uma grande procura do público, o que ocasionou “um certo tumulto”, que foi controlodo.

“No dia do evento priorizamos colocar pra dentro do espaço quem tinha comprado antecipado. Nas primeiras horas estava tudo indo bem até que com o avançar do horário formou uma fila enorme de pessoas que queriam comprar na hora, mas já havia esgotado e nós não íamos vender mais nenhum ingresso, pois já tínhamos atingido a capacidade do espaço, então pela segurança de todo mundo, informamos que não seria mais vendido ingresso. Seguimos o evento tranquilidade até que percebemos que a casa começou a encher e não estávamos entendendo porque, até que percebemos que dois seguranças terceirizados passaram por cima da nossa orientação e então começaram a receber por fora de pessoas que queriam entrar e eles começaram a colocar pra dentro. Começou um certo tumulto, porque a casa lotou. Então nós tomamos a decisão de parar a entrada de todo mundo (mesmo os que já estavam na lista) porque não podíamos encher a casa, prezando pela segurança. Não havia falta de segurança no espaço. Nós decidimos fechar justamente para aumentar a segurança, porque notamos que alguns posicionamentos de palco e pontos de venda poderiam dificultar em alguma emergência. Nesse momento estamos reposicionado tudo isso para garantir ainda mais a segurança dos frequentadores”, finalizou Marcelo.

Homofobia

A homofobia é um crime imprescritível e inafiançável no Brasil desde 2019. Na decisão, o STF entendeu que se aplicava aos casos de homofobia e transfobia a lei do Racismo (Lei n 7.716/1989). O artigo 20 da lei em questão prevê pena de um a três anos de reclusão e multa para quem incorrer nessa conduta. Há, ainda, a possibilidade de enquadrar uma ofensa homofóbica como injúria, segundo o artigo 140, §3º do CP”.

A pena para este crime é de um a três anos de reclusão, podendo chegar a cinco anos se houver divulgação do ato homofóbico em meios de comunicação, como redes sociais, e multa para quem cometer essa conduta.

Redação PNB

 

 

 

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