“Muita gente passando mal”: Mesmo após vazamento de amônia, Vale das Uvas, em Petrolina, manteve o expediente hoje e funcionários relatam novos casos de intoxicação

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Funcionários da empresa Vale das Uvas, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, entraram em contato com o Portal Preto no Branco para denunciar que, mesmo após o vazamento de amônia registrado no final da tarde dessa quinta-feira (21), as atividades seguiram normalmente hoje (22). Ainda de acordo com eles, novas intoxicações foram registradas na manhã desta sexta-feira.

“Colocaram a gente no mesmo packing onde ocorreu o vazamento de amônia e quando abriram a câmara fria, o cheiro da amônia voltou e as pessoas começaram a se sentir mal. Umas chegaram até a desmaiar. Muitos tiveram que buscar atendimento hospitalar, inclusive eu. Muita gente passando mal”, relatou uma funcionária.

A filha de uma funcionária também criticou a continuidade das atividades.

“Minha mãe foi uma das funcionárias que passou mal hoje. Ela me ligou desesperada dizendo que estava indo para a UPA de Petrolina, pois tinha passado mal na empresa. Isso é muita irresponsabilidade! Colocar os funcionários para trabalharem em um local totalmente intoxicado de amônia. Não tem nem 24 horas que pessoas foram internadas por conta do vazamento. Hoje era para a empresa está fechada, mas o dinheiro e rendimento falam mais alto,” protestou a filha.

O PNB também recebeu um vídeo onde um funcionário desacordado aparecendo sendo socorrido nesta sexta-feira. Veja:

Outra funcionária relatou que os órgãos de fiscalização estiveram na empresa nesta sexta-feira.

“O Sindicato dos Trabalhadores e o Ministério Público do Trabalho compareceram hoje na empresa e disseram que o vazamento está acontecendo desde a semana passada. Ou seja, eles já sabiam, mas não tomaram providências antes. Esperaram o pior acontecer para só depois dizerem que estavam fazendo algo”, criticou a trabalhadora.

Ao PNB, a assessoria de comunicação da UPA de Petrolina confirmou que funcionários de uma empresa de uva foram atendidos na emergência da unidade nesta sexta-feira. O estado de saúde dos mesmos e a quantidade de pacientes não foram divulgados.

O PNB está tentando entrar em contato com os responsáveis pela empresa e com o MPT em busca de esclarecimentos sobre o caso.

Dois trabalhadores rurais que foram intoxicados na quinta, seguem internados na UTI do Hospital Universitário de Petrolina, sob cuidados intensivos. Segundo informações do HU, ao todo, cinco pessoas receberam atendimento na noite de ontem, e passaram por monitoramento, exames e intervenção para desintoxicação.

Além do HU, funcionários da empresa também foram atendidos no Hospital Regional de Juazeiro e na Unidade de Pronto Atendimento do município baiano.

Em relatos enviados ao PNB ainda na noite de ontem, alguns funcionários da empresa falaram sobre o ocorrido.

“Só Deus sabe o desespero da gente que trabalha no packing. A agonia correndo da fumaça. Graças a Deus estamos bem, mas infelizmente alguns colegas da gente não conseguiram fugir a tempo e acabaram sendo intoxicados. Oremos por eles”, relatou uma funcionária.

“É inexplicável o terror que passamos. Foi desesperador. Muitos colegas passaram mal após inalar a fumaça de amônia”, contou outra funcionária.

“Minha filha é uma das vítimas e se encontra na UPA de Juazeiro. Já, já ela vai está em casa, com fé em Deus”, disse a mãe de uma funcionária.

Também em contato com o PNB um funcionário da empresa Vale das Uvas, denunciou que o vazamento de amônia na Câmara Fria começou por volta das 17h10, porém, os trabalhadores só teriam sido liberados quase uma hora depois.

“O alarme começou a tocar e não deixaram a gente sair. Quando vieram nos liberar já era 18h, quando viram que a amônia já estava dominado os packing e a região de fora da empresa. Só neste momento falaram: ‘Corram, está vazando amônia e isso pode matar em 3 segundos’. Muitas pessoas desmaiaram e pelo que me passaram agora, tem dois funcionários em estado grave, sendo que um deles é uma mulher que está na UTI”, contou.

Ainda não se sabe a quantidade de funcionários que foram intoxicados.

Redação PNB/ Imagem ilustrativa

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