“Esse é o matadouro de Juazeiro” , ironiza comerciante alvo da fiscalização que apreendeu carne considerada clandestina

0

Após ter um prejuízo de mais de 30 mil reais durante uma ação de fiscalização da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), que apreendeu carnes, principalmente de caprinos e ovinos na última sexta-feira (10) no município de Juazeiro, no Norte da Bahia, o proprietário do Frigorífico São Rafael esteve nesta segunda-feira (13) esteve na área onde funcionava o antigo matadouro municipal.

Em vídeo enviado ao PNB, ele denunciou o abandono do local, além de questionar se a Adab não teria visto a situação, antes de realizar a ação nos comércios varejistas do município.

“Esse é matadouro de Juazeiro. Vejam as condições em que ele está. Olhem o mato. Acabaram com tudo. Como é que a Adab não viu uma situação dessa?”, questionou Rafael.

Veja o vídeo:

Entenda

Indignados, donos de frigoríferos de Juazeiro, que foram alvos de uma fiscalização realizada na manhã da última sexta-feira (10), procuraram o PNB para questionar a ação que apreendeu carnes, principalmente de caprinos e ovinos, desconsiderando que não existe um matadouro municipal que abasteça o mercado.

O dono do Frigorífico São Rafael protestou: “A gente trabalha honesto, paga impostos absurdos, corre atrás, e é surpreendido com uma ação desta que nos deixa no prejuízo. Não tem um comerciante em Juazeiro que venda carne de bode inspecionada, porque não existe matadouro público. Como deixam os pequenos comerciantes tomarem um prejuízo desse tanto? A gente é desprotegido. Sequer nos orientam ou avisam que, a partir de um determinado prazo, está proibido vender carne de bode. Tratam como mercadoria clandestina, mas desconsideram que o próprio poder público não disponibiliza um local para o abate seguro. Todo comerciante, seja das feiras ou dos frigoríferos vendem o bode que compram dos produtores, dada a ausência de um matadouro. Eu perdi mais de 50 criações, um prejuízo de uns 30 e poucos mil reais. Um absurdo! Querem mostrar trabalho as custas dos pequenos comerciantes. Já tem mais de seis anos que todo mundo vende carne de bode comprada das roças ou abate sua criação. É a sobrevivência da gente. Para cobrar tinha que antes nos dá uma alternativa e condições de trabalhar. Será que teremos que levar a carne pra Feira de Santana pra ser abatida lá, porque Juazeiro, uma das maiores produtoras de caprino e ovinos não tem um matadouro? Entra e sai prefeito e não constrói um matadouro e nós que ficamos no prejuízo? Prejudica toda cadeia que vai de quem produz, transporta, vende e também afeta o consumidor. Os poderes públicos são ausentes e deveriam já ter resolvido esse problema,” ” relatou o comerciante.

Outro pequeno comerciante questionou: “Não cumprem o dever de garantir um matadouro público e querem punir quem vende carne de bode, que é mais que um alimento, mas uma tradição da região. O que estes órgãos querem? Acabar com a atividade? Com a cadeia produtiva da caprinovinocultura? Se tivesse matadouro nós estávamos comprando carne inspecionada. Mas não tem e nós trabalhamos dobrado para encontrar fornecedores nas roças que nos vendam um produto seguro. Como exigem que a carne seja inspecionada se os próprios órgãos não se mobilizam para garantir um matadouro? Uma tremenda contradição e injustiça. Tratam o pequeno comerciante como bandido. Chegaram aqui no meu comércio que parecia até que era ponto de trafico de drogas. Pronto! Acabou carne de bode e de carneiro em Juazeiro,” criticou.

Fiscalização

A fiscalização começou na quinta-feira (09), quarto dia de atividades de campo da 48ª etapa da FPI-Fiscalização Preventiva Integrada do Rio São Francisco. A equipe de Abatedouros e Indústria de Lácteos – composta por Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), Conselho Regional dos Técnicos Industriais (CRT-BA) e Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental (COPPA) fiscalizou empreendimentos de comercialização varejista de alimentos.

Segundo a Ascom da FPI, “o objetivo é observar a venda de produtos clandestinos, como carne, por exemplo.”

Ainda de acordo com a coordenação do programa, durante a operação de ontem, foram apreendidos 554 Kg de carne manipulada sem conformidade com as legislações existentes para os processos.

“Os responsáveis pelos empreendimentos estavam manipulando carnes, fazendo processos que são industriais, como por exemplo, transformando carne verde em carne do sol, defumada etc., descongelando o frango para vender como frescos, e por aí vai”, explica a coordenadora da equipe, Andréa Kraychete.

Fiscal da Adab, ela notificou e também orientou os donos dos estabelecimentos sobre as melhores práticas de manipulação do produto.

“Encontramos no empreendimento carnes manipuladas sem registro. Apreendemos o material contaminado e orientamos o proprietário sobre a importância de adquirir produto com a certificação adequada”, afirmou, reforçando que a manipulação de carne é um processo industrial e deve seguir os procedimentos previstos por lei, como a aquisição dos registros nos serviços de inspeção federal, estadual e municipal.

A coordenação informou ainda que “os produtos apreendidos foram inutilizados e descartados no aterro sanitário da cidade de Juazeiro.”

Redação PNB

DEIXE UMA RESPOSTA

Comentar
Seu nome