“Foi morto pelas costas, dentro da residência”: Familiares de jovem morto durante operação da Rondesp, em Juazeiro, rebatem informação de que os PMs foram surpreendidos por disparos de arma de fogo

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Familiares do jovem Uiston Duarte de Oliveira Júnior, 24 anos, que foi a óbito na noite dessa terça-feira (27) durante uma operação da Rondesp Norte, em Juazeiro, na região Norte da Bahia, entraram em contato com o Portal Preto no Branco nesta quarta-feira (28), para denunciar a ação dos policiais.

Em informações divulgadas nas redes sociais, a Polícia Militar alega que durante patrulhamento tático no bairro Pedro Raimundo, os policiais “foram surpreendidos por um indivíduo em atitude de fundada suspeita, o qual, ao perceber a aproximação dos policiais, passou a efetuar disparos de arma de fogo”. A PM acrescenta ainda que “foi efetuado o revide à injusta agressão e, cessados os disparos, percebeu-se um corpo caído ao solo, com uma arma de fogo ao lado”.

Porém, segundo os familiares, Uiston foi morto pelas costas, dentro da residência em que morava, com tiros de fuzil.

“Ele tinha chegado em casa de moto e, poucos minutos depois que ele entrou na residência, a viatura da Rondesp parou em frente à casa. Eles passaram um minuto com ele lá dentro, e arrebentaram tudo lá dentro. Uma tia dele, sem saber que os policiais estavam lá dentro com ele, pois a porta estava encostada, ainda tentou entrar na residência. Mas ela foi surpreendida por um dos policiais que a empurrou com uma arma grande, e gritando, mandou ela se retirar. Ela ainda se apresentou como tia dele e disse precisar saber o que estava acontecendo. Ela não conseguiu ver Júnior, porque outros policiais estavam com ele no quarto. Não a deixaram ver ele em nenhum momento. Ela ainda chegou a chamar por ele, mas ele não respondia. Só depois, ele conseguiu falar que ia ficar tudo bem. Foi então que o policial empurrou ela novamente com a arma e desferiu xingamentos contra ela. Por conta disso, ela chegou a passar mal e foi levada para casa por vizinhos. Chegando lá, ela avisou para o marido e para o irmão de Júnior o que estava acontecendo. Mas quando chegaram lá, só encontraram a casa revirada e marcas de sangue”, relataram.

Os familiares chegaram a registrar um vídeo no momento em que chegaram na residência à procura de Uiston Júnior. Veja:

A família conta ainda que só soube que Uiston Júnior havia sido atingido pelos disparos após informações passadas por vizinhos.

“Nos disseram que os policiais retiraram ele de dentro de casa, segurando ele pelas pernas e pelos braços, e que ele estava sangrando muito. Falaram também que jogaram ele no fundo da viatura e saíram com ele. Ficamos desesperados, pois não sabíamos nem para onde tinham levado ele. O irmão dele chegou a ir à Delegacia e disseram que ele não tinha chegado lá. De lá, ele foi à UPA, mas chegando lá, ele demorou para ter informações, pois pediram para aguardar. Só depois de um tempo falaram que ele havia dado entrada no hospital já em óbito. Ou seja, quando saíram com ele de dentro da casa, ele já estava morto. Depois que mataram ele dentro de casa, jogaram o corpo no fundo da viatura. Parece até que a UPA agora se transformou num abatedouro, onde se matam as pessoas e levam para lá para fingir que deram socorro”, acrescentaram.

Os familiares do jovem contestam a informação dada pela Polícia Militar de que houve confronto.

 

“Infelizmente, como sempre, eles estão dizendo que houve um confronto, que foram recebidos a tiros, e que eles só revidaram a ‘injusta agressão’. Mas tem um vídeo que mostra um policial fechando a viatura e saindo com uma arma enorme na mão. Só depois que ele entra na casa é que dá para ouvir os disparos. Ele não teve chance nenhuma. Vimos o corpo dele na UPA e os tiros foram nas costas. Foi muita covardia. Ainda estão dizendo que ele tinha antecedentes por posse de drogas e violência doméstica, mas ele não tinha passagem por drogas e ele não chegou a ser condenado na Lei Maria da Penha, o que aconteceu foi uma briga entre ele e a esposa, que inclusive depois tentou retirar a queixa. Ele não havia sido preso antes da briga com a mulher. E, além disso, eles estavam com ele dentro da casa, e se ele tinha algo suspeito em mão, a obrigação deles era levar ele preso para a delegacia, e não abater ele, como eles disseram. Infelizmente, é a Rondesp quem dita quem vive e quem morre em Juazeiro. Por isso, estamos denunciando, pois a sociedade precisa ter conhecimento do outro lado da história, pois sabemos que muitas famílias também vão passar por isso”, finalizaram.

Os familiares questionam ainda se havia algum Mandado de Prisão ou de Busca e Apreensão para que os PMs entrassem na residência.

Encaminhamos a denúncia para a Polícia Militar da Bahia, que se manifestou em nota.

Confira:

“Na noite de terça-feira (27), policiais da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT) Norte apreenderam uma arma e porções de droga em Juazeiro. Os militares faziam rondas no bairro Pedro Raimundo quando avistaram um homem em atitude suspeita que, ao perceber a presença da guarnição, disparou contra os pms. Houve o revide e o suspeito foi atingido. Ele foi socorrido para uma unidade hospitalar, mas não resistiu. Com o homem, foram apreendidas uma arma de fabricação caseira calibre 9mm, 16 munições de diversos calibres e 21 porções de maconha. O material foi apresentado na delegacia para adoção das medidas cabíveis. A respeito de denúncias referentes a policiais militares, a corporação disponibiliza os canais de comunicação institucionais para recepcionar os relatos, a exemplo do 0800 284 0011 (telefone da Ouvidoria) e o endereço da Corregedoria geral da corporação, localizada na Rua Amazonas, nº 13, Pituba”.

 

 

Redação PNB 

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