Com a proliferação de muriçocas, tormento para os moradores de Juazeiro, o uso de inseticidas tem sido um meio de amenizar o problema que afeta os diversos bairros da cidade. Uma arma contra os mosquitos tem sido o popular “pau da muriçoca”, um incenso repelente, de cheiro forte e de composição desconhecida.
O produto holandês, que não traz na embalagem informações sobre sua composição e nem autorização para venda do Brasil, vem sendo consumido em larga escala e dando lucro aos comerciantes. Vendido em mercadinhos, nos camelôs e até oferecido de porta em porta, o incenso passou a ser um gênero de primeira necessidade para muitas pessoas.
O desconhecido produto, no entanto, pode causar reações alérgicas e problemas respiratórios, como alertou, em entrevista ao PNB, o médico dermatologista Rogério Leal.
“A minha orientação como médico é que é preciso realmente ter cuidado com o excesso de exposição a esse incenso. A gente não sabe a composição dele, pois as informações são todas em holandês, e não dá para dizer se existe alguma substância que faz mal a saúde. Geralmente há de se ter muito cuidado com incenso, sejam os aromatizadores ou os repelentes, porque a fumaça inalada pode causar reações contrárias, principalmente para quem já tem problemas respiratórios como asma, bronquite, rinite. Além disso, alguns incensos podem vir com substâncias altamente tóxicas como benzeno e outras. No caso deste incenso, chamado de pau da muriçoca, fica difícil até para nós profissionais avaliarmos, já que não há informações concretas do produto e suas substâncias”, esclareceu o médico.
Dr. Rogério orientou ainda que, em qualquer sinal de reações tóxicas e alérgicas, a pessoa deve procurar assistência médica imediatamente.
“É preciso ter muito cuidado. Ao menor sinal de desconforto respiratório ou algum sintoma de alergia na pele, é recomendável procurar um médico e fazer o desuso do produto”, acrescentou.
Relatos
“Eu passei a sentir falta de ar e ter tosse, após acender o incenso durante a noite. Está tão insuportável que a gente faz de tudo para se livrar delas. Mas deixei de usar, pois tive que tomar antialérgico e fazer nebulização para melhorar do problema respiratório”, disse um consumidor do produto.
“Eu estava usando era um após o outro, enquanto via televisão na sala. Ficava tonto, tossindo, mas não ligava. Até que um dia meu neto de 3 anos ficou todo empolado e foi parar na urgência. Ficamos assustados e deixamos de comprar. Como esse produto é vendido assim indiscriminadamente? Na caixa as informações que estão escritas vem em outra língua, sem ter uma tradução da composição. É uma situação a ser investigada. Esse incenso passou por algum órgão de controle do Brasil”? ponderou o leitor Adegivaldo Lemos.
Redação PNB