Mãe alerta para venda ilegal de cigarros eletrônicos em tabacarias de Juazeiro e Petrolina e pede fiscalização: “Até adolescentes conseguem comprar facilmente”

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Nos últimos anos, o consumo de cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como “vapes”, tem crescido de forma expressiva, principalmente entre adolescentes e jovens no Brasil. Um hábito que preocupa as especialistas de saúde, já que o consumo do produto pode trazer diversos riscos à saúde, incluindo doenças respiratórias e cardíacas.

Embora a venda desses dispositivos seja proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, eles podem ser encontrados facilmente em lojas físicas e pela internet, onde são comercializados ilegalmente, inclusive para adolescentes.

Um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde mostra que, apesar da proibição no Brasil, cerca de 1 milhão de pessoas já experimentaram o cigarro eletrônico, sendo que 70% desse público é composto por jovens entre 15 e 24 anos.

A facilidade de acesso a esses dispositivos em mercados paralelos, muitas vezes por meio de plataformas de redes sociais, aplicativos de mensagens e sites, estimula o consumo.

A prática da comercialização clandestina também vem sendo registrada em Juazeiro e Petrolina, evidenciando a fragilidade da fiscalização e controle sobre esse produto.

Nesta quarta-feira (02), uma mãe, em contato com o PNB, chamou atenção para a venda ilegal do produto e chamou atenção dos órgãos fiscalizadores das duas cidades.

Ela contou que sua filha de 16 anos conseguiu adquirir um “vape” facilmente por meio de uma loja online, em Petrolina, recebendo o produto em casa, sem que houvesse qualquer verificação ou questionamento sobre a idade da adolescente.

“Os órgãos de vigilância sanitária e também as polícias precisam urgente adotar providências em relação a venda de cigarros eletrônicos nas tabacarias de Juazeiro e Petrolina. Não nenhuma fiscalização e as lojas vendem abertamente. Descobri que minha filha e algumas amigas estavam fazendo uso de vape e quando fui investigar elas estavam fazendo o pedido pelo Instagram de uma tabacaria de Petrolina, que entrega em casa. Pelo pedido, observei que nem a idade perguntam. Ou seja, além de venderem um produto proibido, sequer questionam a idade do consumidor. Fica o alerta para as autoridades e também para as famílias. Eu consegui descobrir a tempo e coibir o uso, antes que ela se viciasse,” alertou a mãe.

Estamos encaminhando a denúncia para os órgãos de vigilância sanitária de Juazeiro e Petrolina.

Os efeitos negativos

Estudos da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) mostram que o consumo de vapes pode trazer diversos riscos à saúde, incluindo doenças respiratórias, problemas cardíacos e até dependência de nicotina em um público que, em muitos casos, está apenas iniciando sua experiência com substâncias químicas. Ao contrário do que muitos pensam, o vape não é inofensivo. Apesar de emitir vapor em vez de fumaça, os dispositivos contêm altas concentrações de nicotina, além de outras substâncias químicas que podem causar danos severos ao organismo.

A Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD) alerta que, além do risco de dependência, a inalação de produtos químicos presentes no cigarro eletrônico pode causar lesões pulmonares graves. Mortes relacionadas ao uso de vapes têm sido registradas em vários países, incluindo o Brasil, elevando o nível de preocupação entre médicos e pais.

Morte em Juazeiro

A cidade de Juazeiro, Norte da Bahia, tornou-se o primeiro município do Brasil a registrar uma morte causada pelo uso de cigarro eletrônico. A vítima de 33 anos desenvolveu Evali, sigla em inglês para “doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping”.

Em entrevista ao programa Profissão Repórter, um irmão da mulher falou sobre a evolução da doença. Ele relatou que a vítima havia começado a usar o cigarro eletrônico de forma esporádica três anos antes de falecer, mas depois intensificou o consumo. Seis meses antes da morte, ela começou a sentir cansaço e, apesar de procurar ajuda médica, o diagnóstico correto foi tardio.

“Cerca de seis meses antes do falecimento, ela começou a sentir cansaço ao levar o filho à escola. Ao voltar, se queixava de cansaço e iniciou uma investigação. Mas, devido à falta de conhecimento dos médicos da região, começaram a buscar outras causas e a tratar como hipotireoidismo”, explicou o irmão.

Quinze dias antes de morrer, a mulher Crisleide procurou a emergência do hospital e foi internada na UTI.

“Com dois dias, ela precisou ser intubada, pois não conseguia respirar de jeito nenhum. A doença afetou todos os órgãos, e a pressão dela não se estabilizava, não havia remédio que funcionasse. Ela tomou os mais fortes que havia”, contou o irmão.

O pneumologista David Coelho que diagnosticou a paciente reforçou os perigos do cigarro eletrônico, especialmente para os jovens, que são os principais usuários desses dispositivos.

“Essa é uma doença que afetará principalmente os jovens, que são o público majoritário que usa o cigarro eletrônico atualmente. Precisamos alertar a juventude de que o cigarro eletrônico não é uma alternativa saudável ou com menos riscos do que o cigarro comum. A única solução é não usá-lo. Você está colocando sua saúde em risco”, finalizou o médico.

Redação PNB

 

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