Apesar de uma ligeira queda de 3% nas taxas de homicídio em Petrolina no primeiro trimestre de 2025, os números ainda são alarmantes. Foram 50 mortes violentas em apenas três meses, isso da uma média superior a 16 por mês. Não há como comemorar quando se trata de vidas humanas. A redução, embora positiva, não disfarça a gravidade do problema.
O dado mais preocupante é que aproximadamente 80% desses homicídios estão ligados ao tráfico de drogas. Isso revela um padrão claro e perigoso: o avanço das facções e a guerra por territórios e dívidas, que vêm transformando a cidade em palco de violência urbana. Fica evidente que o combate ao tráfico precisa ser mais intenso e articulado entre as forças de segurança e os órgãos sociais.
A taxa de elucidação dos crimes, de 65%, é um ponto a ser destacado, mas ainda insuficiente diante da dimensão da crise. Resolver os casos é fundamental, mas evitar que eles ocorram deveria ser o objetivo central. Nesse sentido, a ampliação do sistema de monitoramento por câmeras, em parceria com a prefeitura e a Guarda Municipal, é uma medida acertada — ainda que tardia.
Com a chegada do São João, há promessa de reforço policial, criação de uma delegacia temporária no evento e aumento do efetivo em áreas periféricas da cidade.
Embora louváveis, essas ações são sazonais e pontuais. A segurança pública de Petrolina precisa de soluções estruturais e permanentes.
É urgente investir em delegacias especializadas, como as voltadas a crimes cibernéticos, roubos, furtos e fraudes. O crime se modernizou, e a estrutura policial precisa acompanhar essa evolução. Além disso, políticas públicas de prevenção, com foco em educação, cultura e inclusão social, devem caminhar lado a lado com o policiamento ostensivo.
A população de Petrolina não pode se acostumar com a violência como se fosse algo inevitável. Cada vida perdida é uma derrota coletiva. Reduzir os homicídios deve ser uma prioridade contínua, e não apenas como mais uma estatística.
Por Carlinhos Amorim