A vida realmente perdeu o valor. As pessoas estão perdendo o sentido do que é uma vida. Matar um trabalhador a facadas por uma discussão de trânsito?
Israel da Silva Bispo, mais conhecido como “Cabeça” era um trabalhador, pai de família, amigo, com coração enorme, que foi covardemente assassinado na noite de sexta.
Uma câmera de segurança flagrou o ocorrido e claramente Cabeça foi fechado por um veículo, quase caiu da sua moto e se viu no direito de reclamar com os indivíduos que estavam no carro que foram pra cima dele.
Um terceiro, covarde, que não estava diretamente envolvido na situação, veio correndo e desferiu um golpe de faca, cometendo o assassinato, pelas costas, sem nenhuma chance de defesa.
É um absurdo o que vemos diariamente. As pessoas estão doentes. De onde vem tanto ódio? Matar uma pessoa a facadas por uma discussão de trânsito? Quanto vale uma vida? Quanto vale a vida de Israel da Silva Bispo – vale uma ínfima discussão de trânsito?
Eu conheço cabeça há anos e ele sempre foi trabalhador, faz parte dos eventos, todo barraqueiro dentro de Petrolina e Juazeiro sabe quem ele é, ajudava todo mundo, muito preocupado com os filhos, com a mulher. E agora? Quem vai cuidar, sustentar essa família? Quem vai contar pros filhos dele que o pai nunca mais vai voltar? Que o pai nunca mais vai os deixar na escola?
Se a gente não parar agora para refletir sobre o caminho que estamos trilhando, vamos normalizar a barbárie – eu acho que até que já normalizamos. Vamos aceitar que qualquer desentendimento vire facada, tiro, morte. E isso não é normal. Isso nunca será normal.
A morte de Israel não pode ser apenas mais uma manchete. Ela precisa ser um alerta — doloroso, profundo — de que estamos adoecendo como sociedade. Precisamos recuperar a capacidade de diálogo, de respeito, de humanidade.
Porque, no fim das contas, não estamos falando de estatísticas. Estamos falando de vidas. De pais, de filhos, de histórias interrompidas.
Que a morte de Cabeça não seja em vão. Que ela desperte em nós a urgência de sermos melhores. De cuidarmos uns dos outros. De devolvermos à vida o valor que ela jamais deveria ter perdido.
Hoje, a cidade perde mais do que um trabalhador. Perde um homem querido, presente, que fazia parte da história de muita gente. Eu perdi um amigo, que me ajudava todos os anos nos eventos que fazia. Mas a família perde muito mais: perde o pai, o companheiro, o amigo de todos os dias.
Que Deus conforte a família e que nós, como sociedade, tenhamos a coragem de não deixar que isso se repita. A memória de Cabeça merece justiça, mas também merece que aprendamos com essa dor.
A vida tem valor. A vida de Cabeça tinha valor. Que a nossa indignação não seja apenas um desabafo, mas um ponto de partida.
Igor Reis, estudante de Direito e publicitário



Uma covardia, sem precedentes. Um trabalhador, amoroso, prestativo. Trabalhou em todos os meus eventos e só era entrega. Deus o tenha Cabeça!