É, foi bem assim. Um show de rock que aconteceu no Centro de Cultura João Gilberto, em Juazeiro, no último final de semana, se promoveu passando por cima da pintura do artista plástico Iehoshua Iahueh.
A intervenção do artista num espaço público, próximo ao conhecido “Rei do Caldo”, durou pouco tempo. Aliás, nem chegou a ser concluída. A iniciativa espontânea de presentear a cidade com arte, foi atingida pela selvageria da produção de um evento, que sem nenhuma sensibilidade sujou a arte, sujou a cidade, sujando a própria imagem.
Eles não procuraram a lei de utilização dos espaços públicos, nem tampouco o bom senso de respeitar a obra de um “colega” de arte, que, agora, só pode expressar a sua indignação.
“Há sempre a preocupação dos artistas grafiteiros em relação à colagem de publicidade sobre suas obras. É tão recorrente que a todo tempo nós tínhamos a preocupação de correr com a finalização da obra antes que nos interrompessem com a colagem. É insensibilidade artística, falta de respeito, covardia, ignorância e burrice, o que se exprime desses atos. Não sou artista de rua. Mas todo artista sabe que lugar de arte é em qualquer lugar, mas principalmente é na RUA: nas esquinas, calçadas, semáforos, praças, paredes, muros… A arte de rua merece MAIS! Mais politicas públicas, incentivos, respeito, valorização. É a arte do povo para o povo. “Todo artista tende ir aonde o povo está”. Nossa cidade, Juazeiro-BA, tem realmente ascendido culturalmente de uns tempos pra cá, fazendo valer seu título de “Celeiro de artistas”, porém as artes visuais, as artes plásticas, que junto com outras linguagens, têm aparecido em saraus pelas praças, universidades e no “arco da ponte”, precisa necessariamente de uma visibilidade maior nas paisagens da cidade. É preciso uma mobilização com mais intensidade por parte de nós artistas para pressionar o poder público a tomar iniciativas que possam proteger a arte e incentivar os artista de rua”, Iehoshua Iahueh
Indignação justa, por agora. Mas resista, Iehoshua Iahueh. Resistam, artistas. Porque é preciso resistência para enfrentar a estupidez, em todos os sentidos.
A arte urbana, que é uma das várias manifestações da necessidade humana de expressão, ganha cada vez mais espaço no mundo e, está presente também aqui, no Vale do São Francisco.
Mas os “coladores de cartazes” alheios ao belo e selvagens na intenção de vender seus eventos, já se acostumaram a esta prática desrespeitosa e agressiva, que sequer é coibida pelo poder público. Eles sujam a cidade e fica por isso mesmo. Isso acontece em Juazeiro/BA. Isso acontece em Petrolina/BA. Isso acontece onde a “expressão humana” se iguala ao irracional, ao insensível.
A Lei existe. Não é fiscalizada, não é cumprida e ninguém é punido, ao não ser a cidade que vai ficando poluída e feia.
Bem próximo ao local que Iehoshua Iahueh tentou deixar sua arte, já houve outras obras de artistas que quiserem contemplar a cidade com painéis criativos – colírio para o olhar dos passantes. Mas eles também foram atacados pela selvageria dos coladores de cartazes. Foi assim com Clarissa Campelo, com Lys Valentim, com Ruy Carvalho e outros tantos artistas que só queriam deixar a cidade melhor de se ver.
Lamentável. Uma ação nefasta que reflete muito o povo e seus representantes. Tão omissos, tão negligentes, tão condescendentes, tão pouco cidadãos.
Bem ali , no arco da ponte, espaço disputado pelos “coladores” e por artistas plásticos talentosos, Felipe Rhein deixou um belo painel. Talvez a cor azul que marca a obra, tenha dado mais sorte a Felipe. Já faz mais de um mês e o painel continua intacto. É até de impressionar esse feito.
Chegamos a pensar que a prefeitura estivesse mais atenta e atuante. Que os “coladores” tivessem tomado vergonha e se redimido com a população. Só que não! A resistência de Felipe deu foi sorte mesmo. A mesma sorte que Iehoshua Iahueh não teve. E que outros tantos artistas não terão, se a prefeitura deixar os bichos correndo soltos…
Nós, por aqui, continuamos de olho. De olho no belo que vem da arte e também na violência que ela, a arte, sofre todos os dias, na calada da noite, no silêncio dos ausentes e na ação dos selvagens.
OBS: A Banda de Rock “Selvagens a procura da lei”, é de Fortaleza/CE e nos disse que a responsabilidade (ou seria irresponsabilidade?) da divulgação é com a produção que contrata o show. Ok! Da próxima vez, escolham uma “produção” mais limpa e menos selvagem. E voltem, porque o rock merece.
Repetimos, pega mal para a imagem da banda, do artista e nós, por aqui, não vamos deixar passar em branco, mais nenhum cartaz sufocando a arte. Que tal, prefeitura, vocês “tomarem tento” também?
Em resposta, a banda afirmou: “Realmente, não sabemos, apenas fomos fazer o show. Infelizmente, isso foge do nosso controle e este fato é lamentável. Pedimos desculpas pelo acontecido em nome dos Selvagens”
Viver com arte hoje em dia é trabalhar o desapego. O artista coloca seu coração no fazer, no mostrar, no vivenciar as cores digladiarem-se em busca de uma ideia que, independente do sentido, carrega em si uma mensagem. O muro é um suporte e como tal abre caminhos afirmativos para essenciais leituras. Ainda que a cor incendeie, a imagem é um grito mudo. O mundo foi invadido por idiotas, eles são replicantes e continuarão colando cartazes nas vísceras e artérias das mentes que pensam. Cabe a nós, eliminar o medo e incendiar o mundo com arte. FAÇA ISTO!
Boa noite, já publiquei no facebook o meu pedido de desculpas e esclareci o que aconteceu, sério eu não estou entendendo todo esse ataque, não levou 3h desde a publicação até a retirada dos cartazes, de fato a Selvagens não possui nenhuma responsabilidade quanto as artes espalhadas pela cidade. “Produção limpa”? Poxa, trouxemos uma ótima banda para a cidade, sem patrocínio ou apoio algum, apenas pela vontade de fomentar cultura. O Rock merece? Quem na cidade dá ouvidos ao Rock? São poucos os que tentam manter o movimento vivo, e quando o fazemos vêem esse tipo de artigo. Errei sim em não ter supervisionado cada ponto, mas não é justo dizer que nós somos sujos, ou “selvagens”. Cumprimos a lei, me apresentei à vocês para pedir desculpas, mostrei imagens dos cartazes sendo retirados e estou disposto à me apresentar judicialmente, peço desculpas ao artista em questão. Só não entendo o porque disso, sendo que lá existem outros cartazes a cima dos nossos. Foi o nosso primeiro evento e pelo que vi o nosso último, já que fizeram questão em nos difamar dessa maneira. Abraços e novamente peço desculpas se ofendi alguém.