Um documentário intitulado “Embala-se a Dor” expõe o comércio ilegal de aves silvestres, cães e gatos em feiras livres de Petrolina, no Sertão de Pernambuco. Dirigida pelo ambientalista Victor Flores, que também preside o Instituto Parceiros da Caatinga, a obra foi lançada no último domingo (27) e está disponível no YouTube.
O tema do documentário nasceu de uma dor pessoal, mas que Victor percebeu ser coletiva.
“Durante anos, testemunhei o comércio cruel de aves silvestres nas feiras do Sertão, algo que muitos consideram ‘normal’ ou ‘cultural’, mas que carrega um sofrimento imenso para os animais e para o próprio equilíbrio ambiental. O documentário é um grito necessário, embalado com poesia e denúncia, para revelar o que muitos fingem não ver. É sobre desembrulhar dores escondidas e expor as feridas abertas na Caatinga”, explica o diretor.
A investigação percorreu feiras tradicionais como as do Ouro Preto e José e Maria, registrando flagrantes de tráfico de animais e maus-tratos.
Junto ao documentário, foi divulgado o Manifesto “Feira Livre de Crueldade”, articulado por organizações locais, nacionais e internacionais. O documento exige a proibição da venda de animais nas feiras, uma fiscalização contínua, a criação de um Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETA) na região e a promoção de ações educativas para interromper o ciclo de abuso. O manifesto será formalmente apresentado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e a órgãos ambientais, com o apoio de entidades como a World Animal Protection, ONG Proteger, Projeto Oxente e ONG UPA.
Victor destaca que a ausência de fiscalização torna as feiras livres territórios de impunidade, onde o tráfico de animais, muitas vezes associado a maus-tratos, acontece à luz do dia.
“Isso alimenta redes criminosas, favorece o desaparecimento de espécies como a ararinha-azul, endêmica de Curaçá e Juazeiro, e amplia riscos sanitários, como a transmissão de zoonoses. Para combater esse cenário, a sociedade precisa cobrar políticas públicas, fortalecer denúncias e apoiar ações que unam fiscalização, educação ambiental e alternativas econômicas para quem vive da fauna. Precisamos romper o ciclo da omissão”, reforça.
Além da denúncia pública, o movimento prevê a coleta de assinaturas em todo o país, com validade jurídica, para pressionar as autoridades e impulsionar mudanças efetivas.
“O tráfico de animais é crime e que cada animal retirado da natureza representa um impacto que vai além do indivíduo — afeta ecossistemas inteiros. As pessoas podem se engajar denunciando práticas ilegais, não comprando animais silvestres, apoiando ONGs e iniciativas sérias de proteção à fauna. Compartilhar informações, como o próprio documentário, também é uma forma poderosa de engajamento”, disse.
Como parte das propostas, também será desenvolvido um protocolo integrado que combine fiscalização rigorosa, educação ambiental, vigilância sanitária e a criação do selo “Feira Livre de Crueldade”. Este selo certificará feiras e prefeituras que se comprometerem com práticas legais e éticas no comércio.
“Que cada cena deste documentário não seja apenas uma denúncia, mas um convite à transformação. Espero que as pessoas sintam a dor dos animais e percebam que há outras formas de se relacionar com a natureza — com respeito, empatia e responsabilidade. Que, ao final, ninguém consiga mais olhar para uma feira, uma gaiola ou um animal silvestre do mesmo jeito”, concluiu Victor Flores.
Assista ao documentário “Embala-se a dor” no link abaixo: https://youtu.be/kA12nOW4tL0?si=NC7FLkhXC2PjbAap
Participe da campanha, assine o manifesto acessando o formulário de coleta de dados: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSewgR5RyiTmg4nu20nQ9D2HcJugBdWIVaq2iOCSe5OZAXtO7g/viewform?usp=header
Após preencher, receberá o documento para a assinatura formal via DocuSign.
Redação PNB