Alagadiço acaba de tornar-se a primeira comunidade quilombola certificada de Juazeiro/BA

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Oficina de Web com jovens da comunidade em setembro de 2014

A comunidade quilombola do Alagadiço, localizada na cidade de Juazeiro, Bahia, a 18 quilômetros do centro, é a primeira dentre as mais de 17 existentes na cidade, a receber a Certificação como Quilombola pela Fundação Cultural Palmares, de acordo com a Portaria 103, publicada ontem, 20 de maio, no Diário Oficial da União. “COMUNIDADE ALAGADIÇO, localizada no município de Juazeiro/BA, registrada no Livro de Cadastro Geral n.º 018, Registro nº 2.396, fl.017 – Processo nº 01420.008396/2015-40”, assim está registrado no livro de Cadastro Geral no. 18. Na mesma portaria outras 142 comunidades foram reconhecidas pela União.

Entrada da comunidade do Alagadiço.
Reunião sobre direito quilombola, em 2013

Esse reconhecimento será muito importante para a luta que vem travando as demais comunidades na busca do autoreconhecimento interno e a oficialização pelo Estado. Juazeiro é uma cidade com 73% de população negra (pretos e pardos, segundo IBGE, 2010) e a única da região sem qualquer comunidade quilombola reconhecida. Só em Senhor do Bonfim há 16 reconhecidas. A certificação representa, inicialmente o despertar de uma consciência ancestral negra, africana e quilombola, mesclada a vários elementos da cultura indígena e sertaneja. Do ponto de vista institucional significa um caminho para a garantia do território e a abertura para uma série de direitos conquistados pelos povos quilombolas no Brasil em sua luta secular.

Há três anos a comunidade do Alagadiço vem trilando esse caminho. A comunidade organizou várias ações que garantiram o amadurecimento para a certificação. Palestras, cursos de formação, oficinas de fotografia, reuniões em outras comunidades, exposições fotográficas foram algumas dessas ações. Hoje a comunidade luta por conseguir implementar seus projetos em meio a tantas dificuldades que vivem as 42 famílias.

Uma das grandes articuladoras políticas desse processo foi Dona Vinô, dotada de uma profunda consciência sobre os processo de exploração da terra que atravessaram ao longo dos anos. A disciplina do presidente da Associação, Gregório do Santos e de Maria Aparecida, secretárias, foram fundamentais para que o processo caminhasse.

As discussões junto a comunidade, bem como as oficinas formativas, contaram com a atuação do grupo de pesquisa “Perfil Fotoetnográfico da populações quilombolas do submédio São Francisco: identidade em movimento”, coordenado pela professora Márcia Guena, vinculada ao Departamento de Ciências Humanas (DCH), da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus de Juazeiro. As ações e pesquisas foram realizadas pelos bolsistas e voluntários Danilo Borges, Cassio Lima, Juliano Ferreira, Monique Marques, Ana Carla Nunes e Adeilton Júnior, Raryana Wenethya e outros colaboradores eventuais

Participaram desse processo a Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais (AATR), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Secretaria de Desenvolvimento e Igualdade Social de Juazeiro, todas as comunidades quilombolas do município, pois nos encontros do Grupo de Articulação Quilombola muitas lideranças estavam presentes.

Fonte: Blog Quilombos e Sertões

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