Quanto o contribuinte está pagando por cada artista do São João de Petrolina/PE?

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Grandes shows. Altíssimos cachês. Wesley Safadão cobra cerca de meio milhão de reais por duas horas de show. Um dos artistas mais caros e atração principal nas festas juninas nordeste a fora.

Também em Petrolina, que está realizando o “São João do Vale”, um evento de nove dias com um custo para os cofres públicos de seis milhões de reais.

Na grade de programação da festa, outros artistas “tops”, como Tayrone, Marília Mendonça, Aviões do Forró e etc e atrações regionais que cobram cachês mais humildes.

Na maior festa junina do mundo, como é considerado o evento na pernambucana Caruaru, o show de Safadão foi embargado pela Justiça, mas liberado após recurso da prefeitura da cidade, que vai esbanjar e ostentar a apresentação do cantor no próximo sábado.

Petrolina também ostentou o Safadão, que se apresentou para uma multidão na última segunda-feira, 20, sem maiores problemas, polêmicas, nem contestações. O público assinou embaixo do cheque vultuoso com aplausos, presença massiva e euforia dos/das fãs.

A tradição da festa junina em Petrolina tem importância cultural e popularidade, sim! Isso é inquestionável.

O que é plausível de questionamento é a realização da festança rica em um momento de crise econômica que o país atravessa, atingindo em cheio os municípios brasileiros.

O que se questiona é a inversão de prioridades e de valores. Como vão a saúde, a educação, a infra-estrutura e demais serviços públicos da cidade? 99% perfeitos? E aquele 1%…?

Nós, gestores domésticos responsáveis e sustentáveis, só damos uma festa quando a casa está muito bem arrumada e as contas pagas.

Na câmara de vereadores iniciou-se uma discussão sobre o assunto. Zé Batista criticou a programação milionária do evento e disse que a prefeitura não vem fazendo, por exemplo, o básico pela saúde pública do município. E levantou uma suspeita: “Tem dinheiro para fazer um São João milionário, fazer poupança para a eleição. Isso é superfaturamento para fazer um ‘dinheirinho’ da campanha eleitoral”, disparou Zé Batista, que desafiou a gestão a mandar os contratos das atrações à Casa Plínio Amorim.

O vereador da bancada oposicionista, Ronaldo Cancão (PTB), reagiu dizendo não “engolir”, o argumento da administração municipal sobre a geração de receita que o evento trará à cidade.

Ele disse ser “impossível”, que a prefeitura arrecade com a festa os 140 milhões de reais, como vem alardeando.

Já o governista, Ailton Guimarães, garantiu que o São João do Vale movimenta uma receita dez vezes maior do que o investimento feito, já que aquece a cadeia produtiva local e assegurou “Houve uma licitação, mas quem achar que está errado, que denuncie.”

É mesmo uma questão de valores. Literalmente.

E por falar em valores, procurada por nossa reportagem, a Assessoria de Comunicação não soube informar quanto se pagou a cada atração da grande festa. Até o fechamento desta matéria, conseguimos saber apenas que quem realiza o evento é a Secretária de Desenvolvimento Econômico e que esta não passou a conta da festa para o setor de comunicação. Comunicação com a sociedade, diga-se.

O Preto No Branco recebeu uma lista com os valores e repassou para a assessoria da prefeitura, na tentativa de apurar a informação oficiosa, como é nossa obrigação. Eis a lista:

PREÇOS DE CADA ATRAÇÃO DO SÃO JOÃO DO VALE

Tayrone – R$ 140.000,00

Samuel – R$ 12.000,00

Fernando & Sorocaba – R$ 330.000,00

As Coleguinhas – R$ 220.000,00

Joelma (ex- calypso) – R$ 35.000,00

Adelmário Coelho – R$ 65.000,00

Amado Batista – R$ 200.000,00

Cesar Adriano – R$ 7.000,00

Bell Marques – R$ 250.000,00

Targino Gondim – R$ 50.000,00

Flávio Leandro – R$ 55.000,00

Chambinho do Acordeon – R$ 40.000,00

Banda Cavalo de Fogo – R$ 20.000,00

Banda Desejo de Menina – R$ 98.000,00

Ana Costa – R$ 7.000,00

Caninana – R$ 25.000,00

Aviões do Forró – R$ 200.000,00

Brucelose – R$ 40.000,00

Henrique e Juliano – R$ 450.000,00

Wesley Safado R$550.000,00

Ainda faltam os outros que não foram divulgados.

A assessoria de comunicação nos respondeu, através de email que: “Esses são documentos restritos ao setor de licitação/contrato, a Comunicação não tem acesso e nem autorização para repassar para imprensa. Podemos encaminhar o documento que dizem ter em mãos para o setor responsável, para que avaliem a veracidade das informações”.

Continuamos aguardando!

Por: Sibelle Fonseca

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