Sanguinetti no caso Beatriz joga lenha na fogueira dos julgamentos apressados

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Nas missas celebradas pelo padre Bernardino, na capela do Colégio das Freiras, em Petrolina, onde estudei anos do primeiro e segundo graus de ensino, aprendi algumas princípios crísticos. Destaco um deles: “Não julgueis!”

Para nós, reles imperfeitos, esta é uma conduta difícil de ser aplicada. Espera-se isso dos superiores, dos religiosos e suas instituições.

Espera-se, por exemplo, de uma Instituição religiosa, como o Colégio Maria Auxiliadora,  Congregação salesiana, guiada pelos ensinamentos de Dom Bosco.

Minha expectativa virou frustração. Justamente as irmãs, logo as irmãs, não estão seguindo essas máximas no trato com o caso Beatriz, aluna brutalmente assassinada dentro da escola, numa noite de horror e mistérios. No mês em que Maria deu a luz, os pais de Beatriz perderam a sua luz na vulnerável quadra da escola.

Vulnerável porque não tinha segurança contratada; nem controle de entrada para a festa; porque chaves sumiram e nada se fez; porque tinha luzes apagadas justo na área que a menina foi golpeada; porque qualquer criminoso podia entrar, sair ou estar lá dentro, como esteve. Vulnerável!

Nestes seis meses entrecortados por silêncio, omissão e defesa, chega a hora da reação das freiras. E um bom começo para reagir é incitar os julgamentos. Para isso, vale tudo. Expor, contrapor, contradizer, afrontar, jogar contra.

Tomei conhecimento da pauta da última reunião da escola com os pais e fiquei estarrecida tamanha a desumanidade que senti na intenção. Algo próximo a “demonizar” os pais de Beatriz. E essa parte da pauta, me furto não mencionar aqui por pura compaixão ao próximo, como também aprendi com as freiras.

Por que todo um arsenal logo contra os pais da criança? Não veem que parte deles morreu com a menina? E que ainda assim, precisam se manter vivos para mais dois filhos adoecidos com a crueldade da perda e ainda dependentes? Porque esta “queda de braço” com braços tão fragilizados?

Na reunião, a escola, que agora tem profissional especializado em defender sua imagem e um competente suporte jurídico, também informou que deverá entrar com uma liminar pedindo a participação do perito criminal George Sanguinetti nas investigações.

Não sabe o Maria Auxiliadora que a polícia civil, desde o princípio, recusou a “ajuda” deste mesmo perito? E os pais da vítima não pediram?

Pois bem, o perito parece ter conseguido participar das investigações, como vem afirmando, embora faça mistérios sobre quem o convidou ou contratou. Em entrevistas tem dito “Não posso falar nada”; “Não posso divulgar os termos. A autoridade que me convocou irá divulgar em breve” .

Sanguinetti, assim que tomou conhecimento do caso, vem acompanhado as investigações “à distância” e, virtualmente, emitindo opiniões, através da sua página no facebook, apontando erros e ofertando-se para atuar “sem custos”.

Uma das últimas, em 19 de junho, seis meses após o crime, ele postou: “O Colégio também foi vítima. E querem imputar o Colégio como responsável? (…) O que tem haver problema fiscal, de impostos do Colégio com a morte? Tirar licença, comunicar as autoridades que vai fazer um evento escolar, interno, não é exigência legal. Usar senhas ou não, nada contribui ou contribuiu para a morte de Beatriz. Interditar uma ponte de grande fluxo de veículos, que liga duas importantes cidades, em nada vai contribuir para o esclarecimento. O Colégio também foi vítima. Uma instituição respeitada, com muito serviço prestado a Petrolina e adjacências, foi atingido por um assassinato no seu interior”.

Seguiu a mesma linha do Colégio, o Sanguinetti. Entrou pesado na defesa da escola, sem nem ainda tomar pé das investigações. Vem botando mais lenha na fogueira dos julgamentos aos pais e ao movimento Somos Todos Beatriz, que cobra responsabilidades do colégio.

Mas quem acompanha a performance de Sanguinetti não estranha. Ele é dado “à compulsão pela polêmica, a ponto de sua contratação ser confundida com táticas diversionistas de advogados de defesa” .

O perito é “figurinha fácil” em casos rumorosos, como o controverso laudo sobre a morte de PC Farias, em 1996. Esteve também no caso Isabela, contestando as perícias que apontaram o casal Nardoni como assassinos da menina. E voltou a cena para uma missão, aparentemente, impossível: provar que o goleiro Bruno, não matou a amante Eliza Samudio.

E antes de qualquer coisa, já pergunto por obrigação e inquietação:

Quem convocou Sanguinnetti? Quem pagará ao perito? Ele representa os maiores interessados na elucidação do crime, os pais de Beatriz?

Há uma relação de confiança neste ambiente tão contaminados por interesses que vão além do caso e já se sustentam em preservar a imagem do renomado colégio e da Petrolina dos Coelhos, eles que já entraram em ferrenha defesa da instituição religiosa?

Lendo os fatos “por detrás” do papel, continuo atenta. Caso seja denunciada por macular a imagem do colégio, assumo minha opinião. Só peço que não me façam prestar serviço no colégio das freiras, beneficente por princípio. Eu não conseguiria entrar lá. Não antes de conhecer a identidade do ou dos assassinos de Beatriz.

Sibelle Fonseca

10 COMENTÁRIOS

  1. Não entendo de lei mas entendo que a um Deus todo poderoso que pode todas as coisa e ele vai dar inteligência e sabedoria a todos que estão a frente dessa investigação não tem demônio que ganhe uma batalha para um unico Deus.Vcs irão vencer Sibele a família é projeto de Deus.

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