40 anos de Raimundo Fagner- Por Carlos Castro

1

raimundo-fagner

E um som novo vem lá do Norte. O ano é 1973, uma voz inconfundível acompanhada por instrumentos irreparáveis dão o tom de uma musicalidade diferente que passa a chamar a atenção dos ouvidos brasileiros. Já gravado por notáveis como Elis Regina, Wilson Simonal e Ivan Lins, era chegada a hora de dar vazão ao enorme talento com sua voz própria, estilo de cantar marcante, determinante do sucesso iminente.

Agora não é mais a Tropicália universalizando a linguagem da música popular brasileira, mas a universalização da música nordestina, de forma contundente e o mais valioso, sem lhe tirar a originalidade. Era um movimento novo e ao mesmo tempo de resgate. Abriu portas pra muita gente boa, trouxe de volta à tona verdadeiros ícones do autêntico forró nordestino, já esquecidos pela mídia.

Deu voz a poetas como poucos. Soube muito bem traduzir palavras em sons extraindo arte como numa “questão de vida e morte”. “Ao levar as mágoas para as águas fundas do mar” deu suporte a muitos corações amargurados. Representou de forma competente uma geração inteira, continua a influenciar pessoas num fluxo interminável, um alento no mar de mediocridade vigente.

Músico por excelência, o esmero técnico sempre caracterizou seus trabalhos. Adquiriu fácil o respeito de profissionais no Brasil e no exterior… Ganhou o mundo, misturou e sofisticou sua sonoridade sem nunca desprezar suas referências. Estabeleceu parcerias com grandes e representativos nomes da cultura brasileira e também d’além fronteiras.

Fagner faz parte da geração de ouro da MPB, está na galeria dos maiores, tem seu nome incrustado nas paredes do salão nobre da música popular brasileira. Tratamos da junção complementar do gênio indomável com o homem simples do Interior. É o Fagner, artista mais que talentoso respaldado pelo Raimundo, amigo generoso, representante digno de sua gente e de sua terra.

Raimundo Fagner Cândido Lopes, quarenta anos de amor à música, de luta incessante pelos valores da boa arte, de defesa da cultura brasileira. E se “beleza só se tem quando se acende a lamparina, iluminando a alma se entende a própria sina”, estamos certos de ter recebido luz tempo suficiente para acalentar a alma e insuficiente para saciar o desejo de ouvi-lo cantar… Muito obrigado Raimundo…

Cacau de Castro

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Comentar
Seu nome