Nosso DNA político: Geddel blindado pelos compadres e Renan contra o “abuso”- Por Laerte Cerqueira

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Laerte Cerqueira
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“Dois movimentos políticos são destaques nas últimas horas e mostram um pouco do nosso DNA político. Aliás, a pior parte dele. No caso de Geddel Vieira Lima, ministro-chefe da Secretaria de Governo, protegido do presidente Michel Temer, é vergonhoso o movimento para blindá-lo. A força-tarefa de líderes da base, peemedebistas ou não, tentam fingir que nada aconteceu, tentar tirar o assunto da agenda. Como se o “pecado” do protegido fosse algo simples.
Não parece fácil tirar o assunto da agenda. Felizmente.
Bastou a Folha de São Paulo mexer um pouco para revelar que o pedido de Geddel ao ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, para liberar a obra de “seu prédio”, em área nobre e tombada de Salvador, não foi com uma simples conversa. A parentada do coronel baiano estava toda instalada no prédio: era base, viga, concreto e lutava para luxar com a vista da Baía de Todos os Santos.
Vai ficando evidente que Marcelo sofreu a velha pressão que os coronéis fazem em seus domínios. Conseguiu no Instituto do Patrimônio da Bahia, onde deve ter muitos afilhados. Mas pegou em bomba com Calero. Mexeu com um diplomata, independente e que não queria ajudar a fortalecer uma prática enraizada em nossa cultura política: o trafico de influência com cara de favor de compadres.
Calero pediu demissão e passou a ser admirado por isso. Geddel continua ministro, mas permanecerá, como tantos que estão no governo Temer, como peças podres de um governo em crise permanente, que dia após dia precisa criar autoproteção para conseguir se livrar dos próprios pecados. Como não temos para onde ir, ficamos à mercê dos compadres.
Renan contra do abuso No Senado, o presidente Renan acelera o projeto para combater o que chama de abuso de autoridade. Projeto próprio. Desempenho pessoal. Colocou o rolo compressor e, em caráter de urgência, o projeto nem passou pelas comissões. Ele tem assumido ônus de encabeçar o projeto, mas o silêncio da maioria dos pares é sintomático. Também querem evitar o que chamam de excesso dos seus “algozes”.
Na Câmara, uma comissão analisa o projeto com as medidas contra corrupção, para leva-las ao plenário. Analisa e também combate as investidas de parlamentares que querem enfraquecer as medidas elaboradas pelo Ministério Público, avalizadas pela sociedade por meio de milhões de assinaturas.
Uma agenda importante que não pode se perder e ficar na mão dos congressistas, sem olhar atento e detalhista da imprensa e da sociedade. Nunca é demais lembrar que os personagens de hoje, deste governo, são os mesmos de ontem, com outro discurso, em outra posição, mas que insistem em repetir velhas práticas”.

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