É que é bem mais nobre ser 100% honesto!

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(Foto: Igor Bezerra / Aqruivo pessoal)
(Foto: Igor Bezerra / Aqruivo pessoal)

Uma história que aconteceu no domingo de carnaval em Petrolina(PE) viralizou na internet, sensibilizando as pessoas que enalteceram o grande exemplo de honestidade e gentileza de um jovem que, encontrando um veiculo estacionado aberto e com vários pertences do dono, levou tudo para casa e deixou um bilhete avisando que entrasse em contato, pois tudo seria devolvido.

O funcionário público Igor Bezerra, de 27 anos, tomou um susto quando leu o bilhete: “Boa noite. Pegamos seus pertences para ninguém roubar. Amanhã liga, que devolvemos”. Ele usou sua página no facebook para contar a história inusitada “Quando saí da festa, vi que meu carro estava com o vidro do passageiro abaixado. Imaginei que, quando travei o carro, os vidros não subiram e eu esqueci de verificar. Quando vi, pensei logo no pior, mas ao abri a porta do motorista, encontrei um bilhete e verifiquei que tudo que tinha deixado no carro tinha sumido. A primeira coisa que imaginei foi que tinha sido roubado e que o suposto ladrão tinha deixado um bilhete em tom de deboche para mim”, afirmou Igor.

Ele só percebeu o que tinha acontecido quando chegou em casa e foi avisado de que um rapaz tinha guardado seus pertences, temendo que alguém os roubasse. “Fiquei assustado e ainda pensei que poderia ser um golpe. Por mensagem, ele combinou a devolução dos pertences e de fato, tudo foi devolvido no dia seguinte, sem que ele me exigisse
qualquer recompensa”, contou Igor.

O autor do bilhete, o estudante Filipe Segatto, de 24 anos, morador de Juazeiro(BA), disse que quando observou que o carro estava aberto decidiu levar os pertences para que não fossem roubados. “Deixei um bilhete para que
o dono não ficasse assustado ao chegar. Resolvi ajudar porque hoje está tudo muito propício para o mal, mas nem todo mundo é assim. A gente tem que plantar o bem”, afirmou o estudante.

Esta história, lembrou o caso, que também ganhou a mídia nacional, de um casal de catadores de material reciclável que encontrou a quantia de R$ 20 mil furtados de um restaurante arrombado por assaltantes, em São Paulo. Eles procuraram a polícia e entregaram todo o dinheiro, para espanto de muita gente “A minha mãe me ensinou que não devo roubar e se vir alguém roubando devo avisar a polícia. Se ela me assistir pela TV lá no Maranhão vai ver que o filho dela ainda é uma das pessoas honestas deste mundo”, afirmou.

Um ato de grandiosidade, sim! Em tempos de tantos escândalos denunciando a corrupção generalizada nas instituições do país, quando a “Lei de Gerson” ordena “levar vantagem em tudo” , atitudes tão dignas e altruístas de pessoas simples, comovem e suscitam a reflexão.

Encontrar o que é do outro e entregar sem exigir recompensa é um exemplo raro de honestidade. Um comportamento nobre e incomum. Vira notícia quando uma pessoa pobre e humilde, encontra algo de valor e devolve, se contentando com um agradecimento.

Mas como o que é moral e o que é legal, volta e meia, entram em conflito e nem sempre os valores éticos forram o berço dos cidadãos e cidadãs, a própria lei prevê punições para quem não devolve o que achar.
E também prevê que aquele que encontra bens de valor de terceiros tem direito a uma recompensa, no valor mínimo de 5% sobre o valor do bem restituído.

Uma situação batizada juridicamente de “descoberta”, quando aquele que encontra o bem ou valor é o descobridor e ele pode reclamar, inclusive, a indenização correspondente às despesas que teve para conservar o bem. Está tudo previsto no Código Civil Brasileiro nos arts. 1.233 a 1.237, que também determina que caso o dono não seja identificado, a coisa achada deverá ser entregue à autoridade competente.

Bem, achar coisa perdida não é crime. Crime é quando você se recusa a devolvê-la. Cobrar uma “recompensa” para devolver o achado também não é crime.

O que podemos tirar de lição de histórias como a de Filipe Segatto, do casal de catadores de recicláveis de São Paulo e tantos outros anônimos verdadeiramente dignos, é que a ética deve prescindir a lei. E que é bem mais nobre ser 100% honesto!

Da Redação Por Sibelle Fonseca

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