Postos de saúde e outros locais de vacinação contra a febre amarela em Salvador amanheceram com grandes filas nesta quinta-feira (30), quando teve início o reforço na imunização da população. O registro de mortes de macaco na cidade por conta da doença, nos últimos dias, criou um clima de tensão nos moradores.
Em cinco unidades de saúde do bairro de Brotas, houve reforço da vacinação. Na Vila Laura, primeiro lugar onde um macaco foi achado morto, a procura pela imunização foi grande em um pequeno shopping do bairro onde a vacina começou a ser aplicada.
A vendedora Raimunda Vieira foi uma das moradoras da região que esteve no shopping para se vacinar. Ela conta que tomoiu a vacina contra a febre amarela pela última vez em 2006 e foi ao local saber se poderia tomar uma nova dose.
“Já tem 11 anos. [Vim] para tomar o reforço, porque não tomei em 2016. Agora, estou preocupada com a doença”, contou. Apesar de ter chegado cedo ao local, dona Raimunda não conseguiu ser vacinada por ter mais de 60 anos. Ela foi direcionada a um posto de saúde para verificar se vai poder ou não tomar a vacina.
Também houve grande procura no 5º Centro de Saúde, na Avenida Centenário. A costureira Meire do Nascimento saiu de casa com os filhos nesta quinta, antes das 5h da manhã e foi a primeira a chegar ao local. “No Barbalho não tem [vacina]. Fui lá ontem e eles disseram que não tem e aí eu vim aqui. A moça disse que tinha quarenta [doses] só pela manhã”, destacou, enquanto aguardava para ser imunizada.
A fila no local começou bem antes das 6h. Uma hora depois, a fila já dava voltas na rampa de acesso à unidade de saúde e às salas de vacinação. “Deixei meu filho na escola para pegar senha, para depois voltar e pegar ele para vacinar. Não quero correr risco. Já estou passando repelente nas crianças à noite e durante o dia”, disse a advogada Michele Gonzaga, que também aguardava atendimento.
Mortes de macacos
O número de mortes de macacos infectados pelo vírus da febre amarela em Salvador, este ano, subiu para quatro. O dado foi divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), na tarde desta quarta-feira (29).
Em todo o estado, já são 23 mortes de macacos em 13 municípios: Alagoinhas, Camaçari, Catu, Cordeiros, Feira de Santana, Ituberá, Nova Viçosa, Ouriçangas, Pedrão, Salvador, Santa Rita de Cássia, São Felipe e São Miguel das Matas.
As quatro mortes dos animais em Salvador, conforme a Sesab, foram registradas nos bairros da Vila Laura, região de Brotas, Itaigara, Itacaranha e São Tomé de Paripe, no subúrbio. O secretário da Saúde do município, José Antônio Rodrigues, explicou, em coletiva de imprensa, na quarta-feira, que um dos quatro macacos achados em Salvador, um ainda não é considerado como um caso registrado na capital, pois o animal veio de uma cidade do interior para Salvador.
Reforço na vacinação
Devido à confirmação dos casos, 400 mil doses extras da vacina contra a doença foram liberadas para a capital baiana nesta quarta-feira, com o objetivo de imunizar os cidadãos que não possuem duas doses registradas no cartão de vacinação.
Rodrigues ainda explicou que a expectativa é que a Bahia receba 2,5 milhões de doses, mas não detalhou quantas serão direcionadas para Salvador. “Não sei quantas ficarão na capital, mas isso será decidido em breve. Vamos para uma reunião em Brasília na quinta-feira para acertamos os detalhes”, explicou.
Sobre os macacos, o secretário detalhou que 26 deles foram analisados. Do total, quatro confirmados. Os animais foram achados em área próximas de mata. Rodrigues destacou que o animal não é transmissor da doença para humanos.
“Identificamos 26 macacos que foram achados de janeiro para cá. Alguns deles, claramente, morreram por espancamento. Não é o macaco que passa a doença para a população, quem passa é o mosquito. O macaco é um sentinela porque através dele ficamos sabendo que tem algo que precisamos ficar atentos na região”, disse.
A imunização é realizada em 19 unidades de referência da capital baiana e outras cinco unidades no bairro de Vila Laura.
Antes da descoberta da doença em animais na capital baiana, as vacinas eram disponibilizadas apenas para crianças e viajantes. Agora, jovens e adultos com até 60 anos poderão se vacinar sem restrições.
Entre as unidades onde a vacina será disponibilizada estão: UFS Candeal Pequeno, Santa Luzia, UFS Vale do Matatu, CS Manoel Vitorino, CD Cardeal da Silva que fica em Cosme de Farias. O público também será vacinado no shopping center Vila Laura e na igreja católica do bairro.
Conforme secretário municipal da Saúde, José Antônio Rodrigues, os outros locais onde os macacos foram achados (Itaigara, Itacaranha e São Tomé de Paripe) possuem unidades de saúde de referência onde a população pode procurar por vacinas, mas a secretaria planeja intensificar a imunização nas localidades, assim como em Vila Laura.
“Os outros locais já têm unidades de saúde de referência, mas quando recebermos mais vacinas o objetivo é oferecer as doses em 136 postos de Salvador”, contou.
Rodrigues destacou que os cidadãos devem ficar atentos às recomendações da vacina. “Quem já foi vacinado nos últimos 10 anos está imunizado e não precisa ser vacinado, está fora do grupo de risco. As pessoas com mais de 60 anos não devem tomar vacina a não ser que tenham um relatório médico, porque elas são mais sensíveis à vacina”, explicou o secretário.
Fonte: G1