O ator e produtor cultural Devilles Sena procurou a redação do Preto No Branco para demonstrar sua indignação contra uma atitude da Secretaria Municipal de Educação de Juazeiro-BA que vetou o Projeto Teatro Escola, desenvolvido há trinta anos com as instituições de ensino da região, com a função pedagógica de contribuir na formação artística, cultural e intelectual de crianças e adolescentes.
Segundo ele, na última sexta-feira ( 5), depois de outras reuniões com a secretaria, a assessora pedagógica do órgão, Gilmara Lacerda, informou que os alunos da rede municipal não mais participariam do projeto, alegando que os “alunos estavam saindo muito no horário de aula, o que estaria prejudicando o rendimento escolar”.
Gilmara apresentou como alternativa a participação apenas dos alunos do “Novo Mais Educação” e no contra-turno, o que seria uma atitude excludente, como considera Devilles Sena. “Oferecer o projeto apenas para os alunos do Mais Educação contraria o acesso de todos ao teatro e inviabiliza um projeto elaborado por juazeirenses, que existe há 30 anos e durante este tempo tem tido uma função pedagógica importante, forma plateia, novos artistas e incentiva o gosto pelo teatro. Creio que os responsáveis pela educação no município desconhecem a importância do projeto, exatamente por não serem de Juazeiro. Para se ter uma ideia, somente no ano de 2016 mais de trinta mil estudantes foram ao teatro e muitos pela primeira vez. Este projeto não gera nenhum custo para o município. É financiado pela nossa Companhia de Teatro Primeiro Ato e a secretaria participa apenas com a liberação dos alunos que são acompanhados pelos professores”, esclarece Devilles.
O produtor cultural também questiona a alternativa apresentada pela secretaria de permitir que apenas os alunos do Mais Educação participem do projeto e esclarece “Nos anos anteriores, o Mais Educação custeava o ingresso das crianças ao teatro e mesmo os alunos que não faziam parte do projeto tinham acesso aos espetáculos. Nesta gestão e com o novo Mais Educação, além de não mais oferecer nenhum incentivo ao projeto local Teatro Escola, a secretaria também impede que os alunos da rede municipal, de uma forma geral participem desta importante atividade extra classe. Essa atitude vai na contra mão da LDB- Lei de Diretrizes e Bases e de uma visão pedagógica moderna que considera a importância das artes no processo ensino aprendizagem. Os alunos têm que ficar confinados em sala de aula? e no contra turno, quem se responsabilizaria por estas crianças, se os professores não vão mais acompanha-las? Nós já disponibilizamos transporte e este projeto tem um custo alto. Para as crianças de escola pública o ingresso tem um valor baixo e o que arrecadamos com as escolas particulares, é o que termina proporcionando a participação das crianças de menor renda. Eu pergunto: quem garante que os pais, que também não têm a cultura de ir ao teatro, levarão seus filhos sem o estímulo da escola?”, questiona Devilles Sena.
O artista finalizou fazendo uma provocação.”O que mais me surpreendeu é que esta atitude parte de um governo que se diz “progressista” e de “esquerda”, que ao que parece, está seguindo a linha do governo que eles chamam de “golpista” e “anti-popular”, que na Reforma do Ensino Médio tentou retirar a arte como componente obrigatório da educação básica. Agora decidam: que governo vocês são?” , concluiu, indignado, Devilles Sena.
O Portal Preto No Branco entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Educação do Município para esclarecer a situação.
reginaldorodriguesdasilva@yahoo.com.br
A secretaria de Educação junto aos idealizadores do projeto podem sentar e articular o teatro com a matriz curricular da escola, como o acesso e compreensão dos clássicos da literatura .
Sou pedagoga e professora e acho desnecessário essa apresentação, já tem um tempo que falo isso. O teatro na escola deve ter conteúdo, participação ativa dos alunos na construção do saberes. Chegam de educação depositária. Mesmo pq esse teatro não tem nada educativo, e sim financeiro e excludente, pois infelizmente nem todos os alunos tem condições de participar.
Seria louvável trabalhar as crianças do mais educação para propagar nas escola, algo produtivo feito por eles (ALUNOS) e encenados por eles.
Clarisse Souza
Discordo totalmente da suposta pedagoga acima. As crianças precisam conhecer o teatro no Teatro! Eu conheci Dom Casmurro, Morte e vida Severina, O pequeno Príncipe, e Vários outros títulos literários graças somente ao teatro escola. A pedagogia aplicada na sala de aula das escolas públicas de Juazeiro não proporciona nenhum prazer para entrar em contato com o mundo literário, não é estimulante e nem edificante. E o preço do ingresso não é nada excludente, muito pelo contrário, e ainda acho que a pedagoga nunca deve ter ido as apresentações do teatro escola.
Hoje eu estou estudando Artes Cênicas na Universidade Federal de Santa Catarina, e o contato com o teatro proporcionado pelo projeto Teatro Escola foi crucial nessa decisão, afina,l Juazeiro, mesmo tendo uma cultura e história rica, ainda carece de uma política cultural que estimule e facilite o acesso aos espaços culturais e à espetáculos de qualidade. Essa decisão da secretaria de educação é um retrocesso para o município, é um golpe na atividade cultural e nos artistas da cidade. Lamentável. Espero muito que isso seja revisto e que haja mais incentivo da prefeitura junto aos artistas para melhorar e facilitar o acesso da população ao teatro.
Concordo com o amigo, e fico triste com essa pedagoga pois so mostra que ela e daquelas que so entra em sala pra compri horário e no fim do mês recebe sem fazer nada.
Concordo com o amigo, e fico triste com essa pedagoga pois so mostra que ela e daquelas que so entra em sala pra compri horário e no fim do mês recebe sem fazer nada.nossos filhos precisam de mais cultura