530 dias de dor e de decepção com os órgãos de segurança do estado de Pernambuco. 530 dias de agonia para a família e de impunidade para o(s) criminosos que assassinaram, brutalmente, a menina Beatriz Mota, dentro do colégio Maria Auxiliadora, em Petrolina (PE), onde a criança estudava e o pai lecionava. 530 dias de comoção social e pedidos por justiça.
O movimento “Somos Todos Beatriz” não descansou um só dia e numa mobilização jamais vista na região percorreu todos os caminhos em busca da verdade: Quem matou Beatriz?
Os pais da menina apelaram para a então Presidenta Dilma Roussef, quando ela veio a Juazeiro; Eles foram à Brasília e apelaram para o então Ministro da Justiça; Ao Recife foram duas vezes para protestar e apelar para as autoridades máximas do estado de Pernambuco; Junto com os participantes do movimento, ocuparam a Ponte Presidente Dutra, ocuparam as ruas, foram ao plenário dos legislativos municipais das duas cidades, participaram de audiência pública na OAB e das várias e massantes coletivas dadas pela polícia e Ministério Público pernambucanos. Uma rotina exaustiva, desde que o crime bárbaro aconteceu em 10 de dezembro de 2015. Até agora, nenhuma resposta, nada de concreto. Somente evidências, falácias, retratos falados (sim, já foi mais de um), imagens de um suposto autor que surgiu de uma hora para outra e uma demonstração bizarra de incompetência institucional. Delegados foram trocados, foi feita uma “força-tarefa” fantasma (sim, fantasma, porque até agora nenhuma força mostrou na solução da tarefa de solucionar o caso).
Poderíamos pensar que todas as possibilidades foram esgotadas e que os pais, familiares e o movimento “Somos Todos Beatriz” começam a se cansar da luta inglória por justiça. Mas não! Que não pensem eles e nem ninguém que este caso cairá no esquecimento e entrará para as estatísticas assustadores da violência recorde em Pernambuco.
Esta chaga na sociedade do vale do São Francisco está aberta, sangrando, supurando.
Esta página não será virada, enquanto as autoridades remuneradas para a função de garantir justiça apresentem uma resposta e desvendem este crime misterioso que aconteceu numa instituição da tradicional família pernambucana.
Nenhuma pedra será colocada no túmulo do despreparo e morosidade dos órgãos que existem para dar respostas a sociedade.
Numa demonstração de que os que têm sede de justiça não cansaram suas belezas, um grupo de 15 pessoas sairá amanhã (24) com destino ao Recife (mais uma vez) para participar de uma sessão conjunta com a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos na Assembleia Legislativa de Pernambuco e de um encontro no Ministério Público (mais uma vez) para dizer que a luta não parou e não vai parar, porque Beatriz precisa descansar.
Porque os pais de Beatriz precisam descansar.
Porque a sociedade de Petrolina e Juazeiro precisa descansar. Um sono dos justos pagadores de impostos e cumpridores de seus tantos deveres que já não suportam mais conviver com a violência, com a impunidade, a impenitência e o castigo de fazer de conta que conta com instituições tão falidas no cumprimento do seu dever.
Tem um assassino frio solto por aí.
Quem sabe também não existam mandantes poderosos às soltas arquitetando “crimes perfeitos” e tão cruéis quanto o que tirou Beatriz de uma festa da escola onde ela se sentia em casa.
E por falar em crime perfeito, perguntamos: “Crime perfeito” existe, autoridades da segurança pública de Pernambuco? Ou existem imperfeições graves e intransponíveis na estrutura dos órgãos que deveriam investigar e elucidar as centenas de crimes que fazem parte da escalada da violência neste estado? E que viraram números, só números, no mapa da impunidade?
Da Redação/ Por Sibelle Fonseca