O estudante do curso de Ciências Sociais na Universidade Federal do Vale do São Francisco, Silas Saveedra, entrou em contato com o Portal Preto no Branco para denunciar a situação de algumas famílias que vivem em Remanso-BA. Ele é natural do município e tem familiares que residem no local.
De acordo com ele, na semana passada, 10 famílias que ocupavam imóveis do “Minha Casa, Minha Vida”, em Remanso/BA, foram realocadas para o Ginásio da cidade, através de uma reintegração de posse expedida pela Prefeitura do município.
Segundo informações do estudante, as condições em que se encontram as pessoas é preocupante. “O espaço é pequeno em relação ao número de pessoas que estão no local, falta água e comida, além das enfermidades que, devido as condições de insalubridade do local , já afetam, principalmente as crianças”, declarou Silas.
O estudante diz ainda que os ocupantes já foram avisados pela polícia que terão de deixar o espaço o quanto antes. “As casas que foram ocupadas estavam em completa situação de abandono, os integrantes do movimento fizeram todo processo de estruturação do espaço, desde o término da construção das casas, ligação de energia, água e também muraram o espaço”, acrescentou.
Silas afirma que, de acordo com os ocupantes, os imóveis se encontravam em situação de abandono há mais de 3 anos, ou seja, não estavam cumprindo de maneira alguma função social, e estavam sendo instrumentos da especulação imobiliária com o atraso da entrega dos imóveis para os beneficiários.
Outra queixa dos ocupantes, de acordo com o estudante, é que grande parte das pessoas que foram beneficiadas pelo programa não se adequam aos parâmetros de renda para serem beneficiadas. “Uma série de pessoas que já possuem moradias estão tendo o beneficio em detrimento de quem realmente precisa. Grande parte desses imóveis foram entregues paras estas pessoas em troca de apoio político”, disse Silas Saveedra.
O estudante ressalta ainda a falta de responsabilidade do Estado com essas famílias, que deveriam ter o seu direito à moradia assegurado e denuncia uma prática comum de um governo neoliberal, que é não só negar, mas transformar direitos básicos em mercadoria. “Segundo o artigo 6° da Constituição, todo cidadão tem direito a moradia, porém, sabemos que isso não tem efeito prático algum, visto como nesse modelo de sociedade que vivemos, direitos fundamentais são transformados em mercadoria”, explicou.
Silas diz também que o movimento não tem assistência jurídica e pede ajuda a quem puder prestar uma assistência ou levar mantimentos até o local.
Ele enfatiza ainda a necessidade da população em compreender que os ocupantes são trabalhadores que não estão reivindicando nada mais que os seus direitos básicos para que possam viver e trabalhar de forma digna e pede que a população remansense se sensibilize com a causa e pressione a Prefeitura afim de que, em conjunto, possam encontrar uma solução.
“O movimento não tem assistência jurídica alguma, quem puder ajudar nesse sentido será de enorme contribuição. Quem puder ajudar levando mantimentos ou de qualquer forma possível, também será muito bem vindo. A ideia agora é fazer com que a população tenha ciência que todas as pessoas que estão na OCUPAÇÃO são trabalhadores, que não têm aonde morar, para que se sensibilizem com a causa e pressionem, principalmente, a Prefeitura da cidade para que junto aos OCUPANTES e à população em geral encontre uma solução concreta e com ganhos reais para as famílias que lutam por um direito fundamental”, concluiu.
O Portal Preto No Branco entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Remanso e está aguardando uma resposta sobre o fato.
Injustiça!
Eu me pergunto onde esse pessoal morava antes de invadir as casas do governo. Pois aqui em Remanso eu não tinha conhecimento de nenhuma família que morasse nas ruas.