Ecologia Humana e as complexas relações do homem com seu ambiente natural

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Juracy Marques estuda as relações do homem em simbiose com seu habitat. Foto: Arquivo pessoal.

Fundada nos Estados Unidos por Robert Park no contexto da Escola de Chicago nos anos 1920, a Ecologia Humana se ocupa de estudar diferentes problemas ambientais complexos, desde doenças, poluição, gestão de áreas naturais, identidades e territórios de grupos tradicionais a sociobiodiversidade, agricultura orgânica e agroecologia.

Na Europa, desde 1973, existe a atuação do Círculo Europeu de Ecologia Humana, que se dedica a estudar a saúde humana em uma perspectiva sistêmica e holística , incluindo diferentes vetores e complexidades e não apenas dando atenção a saúde em si.

Único no Brasil, o Programa de Pós Graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental – PPGEcoH, sediado no Campus III da Universidade do Estado da Bahia, busca discutir os aspectos do desenvolvimento socioambiental sustentável no Nordeste brasileiro, a partir dos conceitos de sustentabilidade ecológica, social, política, econômica e cultural e gestão socioambiental. O programa também estuda a dinâmica étnica dos grupos humanos, tendo como base a Ecologia, enquanto área do conhecimento que discute as ações das sociedades humanas nos diversos contextos e nichos ecológicos.

Para o doutor em Antropologia e professor do PPGEcoH, Juracy Marques, “no mestrado estudamos o ser humano como mais uma espécie da natureza, a exemplo das plantas e dos bichos. O fato é que, a espécie humana (Homo Sapiens) apresenta um nível de complexidade singular”, pontua.

O pesquisador espera que no mestrado possam desenvolver estudos que  investiguem os graves problemas ambientais da região, como os problemas socioambientais observados em toda a bacia do rio São Francisco, a exemplo, do excessivo uso de agrotóxicos, desmatamentos, extinção da ictiofauna, das aves, mamíferos. Outro tema a ser investigado são as graves condições de vida dos ribeirinhos, dos caatingueiros e dos povos tradicionais para que sejam estudados no programa e impactem positivamente essas comunidades.

Expoente desse novo campo do saber e membro fundador da Sociedade Brasileira de Ecologia Humana, Juracy Marques ressalta que o programa tem se dedicado a trabalhar com a realidade dos povos tradicionais, particularmente pescadores artesanais, indígenas, povos de terreiros e quilombos. “Foco minhas pesquisas nos problemas socioambientais vividos por esses grupos humanos, como  os impactos causados por grandes empreendimentos como as hidrelétricas construídas no São Francisco que atingiu mais de 250 mil pessoas, entre elas povos indígenas, pescadores artesanais, quilombos, e destruiu cidades inteiras como Remanso, Pilão Arcado, Sento Sé, Casa Nova, Glória, Itacuruba, Rodelas, Petrolândia”, declara.

De acordo com o pesquisador, a perspectiva é que, em 2017/2018, seja implantado o doutorado em Ecologia Humana, o primeiro programa de pós graduação de ciclo completo do Vale do São Francisco.

A área de Ecologia Humana, congrega pesquisadores de diversos campos do saber, como Antropologia, Sociologia, Ciência Política, Comunicação, Engenharia Agronômica, dentre outras. Adrielle Cristina é Engenheira Agrônoma e decidiu ingressar no mestrado em Ecologia Humana por ser uma área interdisciplinar e acreditar que uma formação dessa natureza é  eficaz para o alcance da sustentabilidade, tendo em vista também não apenas a formação mas a disseminação do conhecimento para a sociedade é papel da academia. “Pesquiso sistemas de reuso de água através de piscicultura e aquaponia. Me chamou bastante atenção as abordagens humanas, o olhar sensível a questões de gênero e as questões ligadas as comunidades tradicionais”, finaliza.

Da Redação por Juliano Ferreira

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